Parece natural
chamar Maria de santa. Mas será que entendemos exatamente o que isso significa?
Você sabe o que é ser “santo”? Banalizamos esta expressão com a multiplicação
de imagens de “santos”. Acabamos achando que a santidade é o privilégio de
algumas pessoas que recebem a honra dos altares. Maria seria a primeira de
todas as santas. Ser santo é mais do que isso. Em latim temos a palavra sanctus
que vem do particípio passivo do verbo sancire: estar separado, ser
distinto. O Templo de Jerusalém tinha o Santo dos Santos, um lugar separado onde
se oferecia o incenso a Deus. Santo, neste sentido, é ser maior que o mundo,
ultrapassar a história, transcender o tempo e o espaço, ser infinito, eterno,
imortal! Deus é Santo. É o Totalmente Outro. Só Deus é santo. Lembre do
conselho que Moisés ouviu na sarça ardente: “tira as sandálias dos teus pés,
porque este lugar é santo” (Ex 3,5).
Mas então como podemos dizer que Maria é santa? Ela não tinha todas estas
qualidades de Deus! Esta é a parte bonita da história. Deus partilha conosco a
sua santidade. O Espírito de Deus nos santifica. Ele nos configura a Jesus. Faz
de nós imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1,26). Somos cristiformizados.
Maria foi feita “cheia de graça” porque o Espírito a santificou com sua
presença: “O Espírito virá sobre ti e te cobrirá com sua sombra; e por isso
aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35). O
mesmo acontece com cada um de nós desde o dia do batismo, quando o Espírito nos
cobriu com sua sombra. Começou naquele dia a história da nossa santificação.
Cada dia podemos dar um passo e responder a esta graça ficando mais parecidos
com Jesus. É claro que podemos também ficar parados e simplesmente não
responder. Os santos são aqueles que escreveram esta história com sangue, suor e
lágrimas. Escreveram a santidade com gestos concretos em favor dos irmãos; com
preces e muita penitência. Paulo viveu este mistério maravilhoso. É ele quem
diz: bendito seja Deus (…) que nos escolheu antes da fundação do mundo para
sermos santos” (Ef 1,4). Pedro foi santo. Ele disse: “Fomos eleitos segundo os
desígnios de Deus Pai, pela santificação do seu Espírito” (Pd 1,2). Já no
Antigo Testamento ouvimos a exortação: “Sede santos como Deus é santo” (Lv
11,4). Jesus atualizará este pedido dizendo: “Sede perfeitos como vosso Pai do
céu é perfeito” (Mt 5,48).
Sim! Maria é santa. Ela viveu intensamente esta realidade de ser imagem e
semelhança do Amor. Dizem que os filhos se parecem com os pais. Tem um ditado
que diz: filho de peixe, peixinho é! Se somos filhos de Deus, devemos ser
imagem do Amor. Esta é a nossa identidade mais profunda e caminho de realização
plena. O interessante é que Jesus devia ser parecido com Maria no rosto e Maria
era a imagem de Jesus no coração. É o único caso na história em que a mãe se
parecia com o filho. Isto traduz o mistério de santidade que Paulo traduziu de
maneira genial: “Eu vivo, mas já não sou eu quem vivo, Cristo vive em mim” (Gal
2,20).
h � � i l � � e meus sentimentos. Tem sensibilidade com meus sofrimentos pois
faz parte do mesmo corpo que eu. Ela reza por mim e por você. A poeta não errou
quando fez o Brasil cantar: “Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração,
da minha vida… cuida de mim!”
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