Rogai por nós pecadores


Vivemos em uma época em que todos estão muito sensíveis à solidariedade. Você já percebeu como esta palavrinha aparece em cartazes, propaganda dos mais diversos produtos, comerciais de televisão, nome de iniciativas governamentais etc. O papa João Paulo II chega a dizer que a “paz é fruto da solidariedade” (Sollicitudo Rei Socialis nº 39). Este será também o tema da Campanha da Fraternidade – 2005: Solidariedade e Paz.
            Mas o que é que isso tem a ver com as palavras da ave-maria que meditamos este mês? É que a intercessão é uma forma maravilhosa de solidariedade espiritual. O “fato” é que todos estamos mais próximos do que pensamos. Estamos no mesmo barco. Todos comemos o fruto da mesma terra, respiramos o mesmo ar. De certa forma somos parte do mesmo corpo que é o universo. Precisamos reconhecer esta realidade e ser um pouco mais “corporativos”. Fiquei indignado quando vi o carro da frente jogar aqueles papéis pelo vidro sujando as ruas e poluindo o mundo com a mais completa falta de sensibilidade ecológica. Se é verdade tudo isso, então minhas lágrimas choram em mais alguém, os gritos dos pobles da Sibéria de alguma forma podem ser ouvidos na Nova Guiné, os sofrimentos das mulheres Tailandezas machucam as  árabes e a indiferença ao menores de rua de São Paulo influenciam na tristeza daquele jovem de New York. Parece poesia, mas não é. Temos no credo até um dogma que fundamenta esta solidariedade universal: creio na comunhão dos santos. É mais radiucal ainda. Acreditamos que até aqueles que já nasceram definitivamente em Deus e estão na Igreja triunfante, permanecem de alguma forma espiritual unidos a nós da Igreja militante. Eles e nós temos algum elo com a Igreja padecente que se purifica para a entrada no Reino definitivo. E que elo seria esse? É que todos somos batizados e pertencemos ao mesmo Corpo Místico de Cristo. Nele temos perfeita comunhão. Nele vivemos a perfeita solidariedade. O apóstolo Paulo já dizia estas coisas com palavras tocantes como: “Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação à Cristo, que é a cabeça. É dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graças a atuação devida de cada membro” (Efésios 4, 16).

            Maria também é um membro deste corpo que vibra, torce e reza por cada um de nós. Fui para o seminário muito cedo. Há 28 anos faço a experiência de ser um filho distante. Mas nunca senti esta distância como uma separação total. Conversamos. Trocamos cartas, e-mails e uma visita quando aparece uma oportunidade. Maria da Glória faz isso na terra. mas existe uma outra maria que faz isso na glória do céu. Ela sente de meus sentimentos. Tem sensibilidade com meus sofrimentos pois faz parte do mesmo corpo que eu. Ela reza por mim e por você. A poeta não errou quando fez o Brasil cantar: “Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida… cuida de mim!” 

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