Semana Santa: símbolos e significados

 



A Igreja propõe aos cristãos os sagrados mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus, tornado Homem, para no martírio da Cruze na vitória sobre a morte, oferecer a todos os homens a graça da salvação.

Você sabia que cada dia da Semana Santa tem um significado e segue uma simbologia? Aqui você descobre o que cada dia representa durante a paixão, morte e ressurreição de Cristo, com o contexto bíblico e histórico respectivos.  

Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos dá início à Semana Santa, lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos judeus. Com esse significado na Semana Santa, a Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os caminhos para a passagem de Jesus, com ramos e matos proclamando: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Lc 19, 38; Mt 21, 9). Com esse gesto, portando ramos durante a procissão, os cristãos de hoje manifestam sua fé em Jesus como Rei e Senhor.

Quinta-feira Santa

O significado da quinta-feira santa gira em torno da Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a Eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos:

Bênção dos Santos Óleos

Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. Com isso, o significado de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma

Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma),quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.

Óleo dos Catecúmenos

Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água.Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

Óleo dos Enfermos

É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como “extrema unção”. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.

Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés

Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores. Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia,quando lavou os pés dos seus apóstolos.

O sermão desta missa é conhecido como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.

Sexta-feira Santa

Celebra-se a paixão e morte de Jesus Cristo. Logo, o silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor. Pois, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Então, depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.

Sábado Santo

No Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”.

Vigília Pascal

Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “a mãe de todas as santas vigílias”, o seu significado para semana santa, é porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Assim, os cinco elementos que compõem a liturgia da Vigília Pascal são: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia eucarística.

Domingo de Páscoa

O significado do domingo na semana santa vem da palavra “páscoa”, que vem do hebreu “Peseach” e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento. A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou.

Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na Sexta-feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

A data da Páscoa

A fixação das festas móveis decorre do cálculo que estabelece o Domingo da Páscoa de cada ano. A Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que segue o equinócio da primavera, no Hemisfério Norte (21 de março). Se esse dia ocorrer depois do dia 21 de abril, a Páscoa será celebrada no domingo anterior. Se, porém, a lua cheia acontecer no dia 21 de março, sendo domingo, será celebrada dia 25 de abril.

A Páscoa não acontecerá nem antes de 22 de março, nem depois de 25 de abril. Conhecendo-se a data da Páscoa, conheceremos a das outras festas móveis. Domingo de Carnaval – 49 dias antes da Páscoa. Quarta-feira de Cinzas – 46 dias antes da Páscoa. Domingo de Ramos – 7 dias antes da Páscoa. Domingo do Espírito Santo – 49 dias depois.Corpus Christi – 60 dias depois.

Significado dos símbolos na Páscoa

Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro dia da páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama “nossa páscoa” (1Cor 5, 7).

João Batista, quando está junto ao Rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô 1, 29e 36). Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados ( Is 53, 7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. ( Ap 5,6.12; 13, 8).

Pão e vinho: Na ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar vazão ao seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.

Cruz:  A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. Pois, no Conselho de Nicéia, em 325 d.C., Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Além disso, é Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica.

Círio Pascal: Traz um grande significado na Semana Santa, sobretudo no Sábado. Pois, é uma grande vela que é acesa no fogo novo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do erro, da morte, do pecado. É também o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus, e as letras “alfa” e “ômega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas. Fonte: Comunidade Scalon.


Via Sacra com Maria

 



Oração preparatória

 Com toda certeza Maria estava entre as mulheres que preparam a última ceia do Senhor Jesus. Ela ouviu o anúncio da Paixão e Morte de seu Filho. Sentiu um grande arrepio quando Judas foi desmascarado por Jesus e tomou o caminho da traição. Com muita emoção ouviu as palavras da consagração do pão e do vinho. Maria, em pé, num cantinho do cenáculo, também cantou, baixinho, o hino de ação de graças após a ceia. Cristo caminha com os Apóstolos até o Monte das Oliveiras, ali bem perto do local da agonia. Entre as sombras das grossas árvores de oliveiras, Cristo suou sangue.

Naquele Getsêmani ele foi preso após o beijo sacrílego de Judas. Maria, distante, sentia as sombras daquelas oliveiras e o suor que deslizava sobre sua face quente como o sangue de Cristo.

Ela sente até o bafo asqueroso do traidor. Os mesmo empurrões sentia Maria, os mesmo empurrões dos algozes de Cristo que o levaram prisioneiro. Os discípulos que fugiram correram até Maria e narravam tudo aquilo que estava acontecendo com o mestre. A Mãe sabe que o Sumo Sacerdote já havia condenado seu Filho.

Agora ela corre até o pretório de Pilatos, mas fica bem atrás, não havia lugar mais perto, pois eram muitos os que assistiam à farsa de um julgamento…

Pela Virgem Dolorosa,

Vossa Mãe tão piedosa,

Perdoai-nos, meu Jesus.

1ª estação: Jesus é condenado à morte

Por que, Pilatos, você condena o meu Filho? Você não ouviu que ele disse que é a verdade? Até sua esposa, ó Pilatos, pediu para que você não se envolvesse nesse caso. Você mesmo disse que ele era inocente, que não via culpa alguma nele. Não, não permita que mais chicotada cortem sua puríssima carne. É a minha carne que também está sendo flagelada. Oh! Mande arrancar essa coroa de espinhos que perfura a sua cabeça. Não deixei que ele seja crucificado…

Lave as mãos, Pilatos…Lave!

Ainda hoje há tantos filhos meus que lavam as mãos como se nada tivessem a ver com os sofrimentos de meu Filho, causados pelos pecados do mundo…

No Pretório de Pilatos,

cruelmente flagelado,

o Senhor, autor da vida,

Foi à morte condenado.


2ª estação: Jesus recebe a cruz em seus ombros

Meu Filho, você quer que eu o ajude a carregar a cruz? Você está fraco, a cruz é pesada…

Estou vendo, aqui de longe, que ela está machucando os seus ombros. Eu sei que esse é o caminho, mas bem que desejaria que fosse diferente! Se alguém quiser segui-lo, deve renunciar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e andar seguindo suas pegadas. Isso é difícil, meu Filho, mas não é impossível. Ah! Se todos os meus filhos preferissem abraçar a cruz e levá-la cheios de felicidade, sem resmungar, sem pensar que seja um castigo. Como seria leve cada cruz a ser carregada!

Uma cruz lhe destinaram

sobre os ombros a levar

pela cruz, bendita e santa,

Cristo vem nos libertar.


3ª estação: Jesus cai pela primeira vez

 Meu Filho, você caiu? Quero chegar mais perto de você. Talvez seja seu último instante. São os pecados dos homens que dobraram o peso da cruz, em seus ombros. Seus carrascos não querem vê-lo morto debaixo da cruz. Sei que o gosto deles é levá-lo vivo, fora da cidade para crucificá-lo. Vou correr por detrás dessas casas, quero esperar por você lá naquela esquina em que você vai passar. Corram também vocês, meus filhos, não fiquem caídos depois do primeiro pecado, sem ânimo para se levantar. Levantem-se, meus filhos, como Jesus, ainda que amanhã voltem a cair. O importante é o hoje!

A caminho do Calvário

cai por terra o Salvador,

expiando nossas faltas

de orgulho e desamor.


4ª estação: Jesus encontra-se com sua Mãe

 Nesta esquina vai passar o cortejo que leva meu Filho à morte. Eis que ele aparece. Como o vejo, meu Deus! Será mesmo o meu Filho? Como a maldade humana o desfigurou. E o Pai que fez o mais belo Rabi da Galiléia…

A minha dor é grande, Jesus! Sofro em minha carne as suas dores. São espadas de dor que atravessam a minha alma. Mas sei que sua dor é maior!

Fale comigo Jesus…

Não. Não fale, basta o seu olhar. Eu sei que essa dor que sofro não é causada por você, não é você que provoca. Sãos os meus filhos. Cada ofensa que você sofre, cada pecado que é cometido, é uma nova espada a atravessar o meu coração.

Também o seu coração, meu Filho.

Mãe e Filho se encontram

com a dor no coração;

ambos fazem do martírio

generosa oblação.


5ª estação: Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a cruz

Que bom que você apareceu, Simão. Eu não o conheço bem, apenas sei que é um lavrador, pai de Alexandre e Rufo, que veio de Cirene. Vejo, porém, que você é forte e pode ajudar meu Filho Jesus a carregar a cruz. Não deixe, contudo, seu filhinho inocente tocar nesse madeiro malvado. Queria eu carregar a cruz de Jesus em seu lugar. Filhos queridos, ajudem seus irmãos a levar a cruz. Há muita gente, quase esmagada debaixo de uma cruz, esperando por braços fortes que venham ajudá-las a não sucumbirem!

Cirineu ajuda o Cristo

a levar a santa cruz;

todos devem fazer algo

para o reino de Jesus.


6ª estação: Verônica enxuga o rosto de Jesus

 Isso, Verônica, enxugue os escarros que correm pela barba de meu Filho. É suor e sangue que também correm. Passe com todo o carinho essa toalha pelo seu rosto. Não se importe com os empurrões dos soldados. Pior eles estão fazendo com o meu Filho. Seu gesto é muito importante. Suas mãos são frágeis, mas seu coração é generoso, sua vontade é forte, sua atitude é firme! Ah! Se houvesse sempre pessoas capazes de limpar as manchas da vida de seus irmãos ou de si mesmos. Limpar os erros, as falhas, as fraquezas e trazer a todo momento a estampa de meu Filho Jesus em seu coração, na alma de seus irmãos. Que cada um se sinta essa toalha que suaviza os ultrajes de seu próximo.

Contemplai a santa face

que Verônica enxugou!

Quantas almas há no mundo

implorando o nosso amor…


7ª estação: Jesus cai pela segunda vez

Mais uma vez, meu Filho, você está caído no chão! Ó Soldado, não lhe batam mais. Carrascos, ajudem-no a sair debaixo do peso dessa cruz. Ele não aguenta mais. É uma mãe que pede pelo seu Filho! São tantos os bons propósitos que meus filhos fazem, principalmente depois da confissão, novamente, contudo, voltam a cair. E muitas vezes, repetindo o mesmo pecado ou cometendo faltas maiores ainda… Isso, meu Filho, coragem, um pouquinho mais de força, levante-se, não fique debaixo da cruz. Que ninguém, nenhum de meus diletos filhos, permaneça caído debaixo da cruz, debaixo do pecado!

Sob o peso esmagador

cai ainda o justiçado,

que salvou com sua cruz

este mundo do pecado.


8ª estação: Jesus consola as mulheres na beira do caminho

 Eu também estou chorando, minhas amigas, por causa dos sofrimentos de Jesus! Vocês acham que um coração de mãe pode ver tudo isso sem derramar lágrimas? Pior, no entanto, são os pecados cometidos por vocês, pelos seus filhos. São eles que mais atormentam Jesus. São os pecados do mundo que mais fazem sofrer meu querido Filho, sofre mais do que a cruz! Muitas lágrimas de mulheres ainda são derramadas por seus filhos. Elas também sentem seus filhos torturados pelos vícios, pelas paixões, pelo materialismo…]Ainda há muitas lágrimas para serem derramadas por causa dos pecados. Mesmo ainda obrigada, piedosas mulheres, pelas sentidas lágrimas derramadas por causa dos sofrimentos de meu Jesus.

Às mulheres que choravam

diz o Mestre a futurar:

não por mim, mas por vós outras,

é que deveis chorar.


9ª estação: Jesus cai pela terceira vez

 Meu Filho, vocês está debaixo da cruz? Fale, levante-se, Jesus! Soldados, carrascos, não o deixem morrer debaixo dessa tosca madeira. Vamos, levante-se, Jesus! O fim se aproxima, é verdade, mas não com você misturado com o pó da terra. Levante-se Jesus, ainda há sofrimentos dentro do cálice que você está bebendo. A nossa cruz de hoje não é o fim. pode ser o começo do fim. Importa sempre chegar até o fim, temos de ver realizado todo o plano de Deus a nosso respeito. Ninguém tem o direito de abreviar os sofrimentos, rompendo com a vida, pondo fim na existência! Assim, Jesus…

Arrastando-se mais um pouco, porém, caminhando!

Novamente, o Salvador

se prosterna, sem alento;

são as nossas recaídas

que agravam seu tormento.


10ª estação: Jesus é despojado de suas vestes

 Meio-dia e faz frio aqui no Calvário. Não tirem a túnica de meu Filho. Fui eu que teci com todo carinho. Ela não tem nenhuma emenda. Não existe costura. É um só tecido, é uma coisa só, como o meu coração e o de meu Filho! Não rasguem… Não exponham o corpo de meu Filho aos opróbrios dessa multidão. Que a túnica branca do Batismo de meus filhos, ó Jesus, nunca seja manchada. Que jamais se rasgue. Que ninguém profane a veste batismal, aquilo que lhe fez Filho de Deus, herdeiro do reino dos céus. Tirem sim essa coroa de espinhos, para não precisar rasgar essa túnica inconsútil. Ó não, como estão dilaceradas suas carnes! Até ossos aparecem em suas costas.

Com cegueira desumana

suas vestes arrancaram,

e a túnica sagrada

por inteiro sortearam.

 

11ª estação: Jesus é pregado na cruz

 Descanse, meu Filho, deite-se um pouco. Mas deitar no madeiro tosco de uma cruz? Como descansar se os seus pulsos são pregados na madeira? Cada martelada dói no meu coração. Por que pregar essas mãos que só fizeram o bem, só abençoaram? Por que vocês estão pregando seus pés? Esses pés que só caminhavam para levar a esperança, a certeza de uma vida melhor! Mais feios que esses duros e enferrujados cravos são os pecados dos homens. Mais maldosos que esses carrascos sãos os pecadores, os ingratos que continuam impedindo, meu Jesus, de andar pelos caminhos do mundo semeando o bem. Que continuam amarrando as mãos de meu Jesus, ansiosas por abençoar, acariciar e apontar o caminho certo.

Estendido no madeiro,

com as mãos e pés pregados,

foi por fim suspenso ao alto

entre dois esconjurados.

 

 12ª estação: Jesus morre na cruz

 As trevas caíram sobre a terra. Ouço os murmúrios de perdão, ditos por meu Filho, para aqueles que não sabem o que fazem. Até você, Dimas, convida para ir hoje ao paraíso. Estou vendo seus lábios ressequidos implorarem água, seus lábios deixarem seu coração falar: Meu Deus, por que me abandonastes? Sim, aceito João por meu filho, ele e todos os homens, a humanidade inteira. Ó Jesus, você está morrendo? Então está tudo consumado? Nas mãos do pai, ó Jesus, você está entregando sua alma? O meu Jesus, vocês está morrendo. Meu Filho morto… Trema terra, escureça sol, chovam nuvens do céu, rasgue-se a cortina do templo… eu estou em pé ao lado da cruz, assistindo e participando do drama da Paixão e Morte de meu Filho, do Filho de Deus. Vocês sabem que estão completando em suas vidas aquilo que faltou à Paixão de Jesus? O Calvário não é uma nostálgica cena do passado, mas o hoje doloroso que deve ser vivido.

Lá no topo do Calvário,

o Cordeiro imolado

oferece sua vida

um resgate do pecado.

 

 13ª estação: Jesus é descido da cruz e colocado nos braços da Mãe

 Obrigado, Nicodemos! Obrigado, Arimatéia! Obrigado por terem despregado da cruz as mãos e os pés de Jesus. Obrigado, Madalena, por arrancar da cabeça de Jesus os espinhos dessa coroa. Jesus morto em meus braços! Como é tão diferente daquele dia em que pela primeira vez carreguei meu Filho, na gruta de Belém. Ele chorava e tinha os olhos marejados de lágrima e, agora, olhos cerrados, lábios fechados, rosto frio, tudo é silêncio. Fale comigo, Jesus! Fale com os meus filhos. Não fique calado, Jesus, mesmo que muitos não queiram mais ouvi-lo. Mesmo para aqueles que querem falar mais de você. Quero aquecer o seu corpo frio com o calor de minha dor, com o quente de meu amor. Ofereço tudo isso para que todos os meus filhos jamais se esfriem, mas estejam sempre aquecidos pelo seu amor, ó Jesus.

Quanto angústia e soledade

não sentia a Mãe das Dores,

contemplando o Filho morto

por amor aos pecadores.

 

 14ª estação: Jesus é colocado no sepulcro

 Sepultura, feia, fria, escura… Você é que vai guardar o corpo de meu Jesus? Você é mais digna do que minha pequena casa de Nazaré? As raposas têm suas covas, os pássaros seus ninhos, mas o Filho de Deus não tem onde reclinar a sua cabeça. Deus teve de emprestar até uma sepultura! Ó gente, veja se há dor igual a minha! Acompanhe comigo o enterro de meu Filho. Veja a grande pedra que foi rolada na entrada do túmulo. Tudo isso parece encerrar o drama da Paixão e Morte de Jesus, a redenção de todos os homens. A espada de sua ausência atravessa o meu coração. Suportarei essa separação sim, pois ele sempre está presente em minha vida, ninguém vive sem Jesus. Por maior que seja a pedra, por mais terríveis que sejam os empecilhos que o mundo coloca entre o homem e Cristo. Sepultura bendita de Jesus, guarde seu corpo para a ressurreição. Corações dos filhos meus, guardem o Corpo de Jesus não como um sepulcro frio, mas com o calor da casa de Nazaré, abrasado como meu seio puríssimo, ardente como meu Imaculado Coração.

Foi José de Arimatéia,

homem justo e grande amigo,

que o corpo de Jesus

sepultou no seu jazigo.

 

 15ª estação: Jesus ressuscita dos mortos

 Sim, Jesus, atraiçoaram o seu amor, pregaram seus pés e suas mãos, feriram todo o seu corpo. Seu coração foi rasgado por uma lança, como o meu foi ferido por uma espada de dor. Nada, porém, conseguiu romper o meu amor por você, meu Jesus. Nada afastou de minha vida a esperança de sua ressurreição. Sou testemunha de sua vitória sobre a morte. Creio em sua presença. Ó morte, onde está a sua vitória? Meu Filho Jesus ressuscitou e eu esmagarei a cabeça da serpente. A noite não é mais noite, agora é dia, é vida! Ó meu Jesus, pela sua morte redimiste o mundo. Que meus queridos filhos acompanhem sempre, comigo, os passos dolorosos de Jesus em sua Paixão e Morte, para que comigo sintam a alegria de sua ressurreição e vivam sempre o dia iluminado pela sua luz, na vida da comunidade de sua Igreja.

Saibam antes que a morte,

em duelo foi vencida,

por Jesus, o Reino da Glória,

porque nele está a vida.

 

 Oração Final:

 Meu Jesus, acabo de percorrer, em união com Maria, a Mãe das Dores, o caminho doloroso de vossa Paixão e morte. Sinto-me tão pequenino ao me lembrar de todos os meus pecados que contribuíram para a vossa condenação e sofrimento. Apesar de tudo sou agradecido diante da imensidade de vosso amor. Ó dulcíssimo Jesus, fonte de amor e salvação, estou arrependido de todos os meus pecados, causa de vossas dores. Não quero mais pecar e prometo viver conforme vossa santíssima vontade. Ensinai-me a sofrer com paciência e solidariedade, afim de que a dor não me deprima, mas sirva para minha purificação.

1 Pai-Nosso, 1 Ave-Maria e 1 Glória ao Pai, nas intenções do Papa.

 

Extraído: MARIA: breve introdução à mariologia. Mons. José Lélio Mendes Ferreira. Aparecida- SP. Editora Santuário, 2000.

 


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