Existem quatro
dogmas marianos. Os dois mais recentes são Imaculada Conceição e Assunção. Os
outros dois tem suas raízes nas páginas da Bíblia e nos debates dos teólogos
dos primeiros séculos da era cristã: Virgindade Perpétua e Maternidade Divina.
É exatamente este último dogma que proclamamos quando rezamos: Santa Maria, mãe
de Deus. Se a afirmação bíblica da virgindade de Maria tinha o propósito
cultural de afirmar que Jesus Cristo é Deus (cf. Mt 1,18-25), dizer que
ela é Mãe de Deus tem unicamente a finalidade de defender que Jesus é também
humano. Afirmar as duas coisas significa crer firmemente na verdadeira
encarnação de Jesus, assumindo a nossa carne para nos salvar. Conforme afirmava
Santo Irineu já no século 2 “somente o que foi assumido poderia ser redimido”.
Estava claro que a nossa salvação depende da verdadeira encarnação do Verbo em
Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo no ventre de Maria. Não é possível
separar a natureza humana e divina de Jesus. Ele não era 50% Deus e 50% homem,
como alguns pareciam sugerir. Outros achavam que ele era somente Deus em uma
aparência humana. Havia mesmo que dissesse que Jesus era apenas homem, messias,
profeta, mas não poderia ser Deus. O que está em jogo é a famosa frase do
Evangelho de João: “O verbo se fez carne e armou entre nós a sua tenda” (1,14).
É no contexto destes debates para defender a nossa salvação defendendo a
verdadeira encarnação que os teólogos começam a prestar mais atenção à figura
de Maria como aquela que garantiria a verdadeira humanidade de Jesus. Os
poetas, por sua vez, entram na conversa chamando Maria de Theotokos,
ou seja, mãe de Deus. Muitos acharam o título meio exagerado. Aconteceram
muitas reuniões e debates para saber se era adequado dizer que Maria era mãe de
Deus. Finalmente no ano 431, no Concílio de Éfeso esta verdade foi solenemente
definida. Veja o texto exato do dogma: “Se alguém não confessa que Deus é
verdadeiramente o Emmanuel, e por isso a santa Virgem é mãe de Deus (pois deu à
luz carnalmente ao Verbo de Deus feito carne) seja anátema”. O Concílio de
Calcedônia iria afirmar de maneira ainda mais precisa alguns anos mais tarde
(451): “O Filho que antes dos séculos é gerado pelo Pai segundo a divindade,
nos últimos dias, do mesmo modo, por nós e por nossa salvação é gerado por
Maria Virgem e mãe de Deus, segundo a humanidade”.
Fica claro que
Maria não gerou Deus. Mas por obra do Espírito, em seu ventre foi gerado o
nosso salvador, Jesus Cristo, que assumiu toda a nossa natureza para nos
salvar. Por isso ele é 100% Deus e 100% Humano. Eu disse: ele é! Jesus no céu
continua sendo “verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, sem separação, nem
confusão” (Calcedônia). Houve um momento de “encarnação” em Nazaré. Mas nunca
existiu uma “desencarnação”, nem com a morte, nem com a ressurreição, nem com a
ascensão. Jesus voltou para o Pai levando algo de nossa carne que herdou do
corpo daquela Mulher de Nazaré.
Não tenha receio
de chamar Maria de “mãe de Deus”. Reze esta prece com a convicção de que este
título é mais do que um elogio à mãe de Jesus. É um garante da nossa salvação.
z isso � g l � � h � éu. Ela sente de meus sentimentos. Tem sensibilidade com meus sofrimentos pois
faz parte do mesmo corpo que eu. Ela reza por mim e por você. A poeta não errou
quando fez o Brasil cantar: “Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração,
da minha vida… cuida de mim!”
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