O que é a graça?



A palavra “graça” tem muitos significados. Pode significar “encanto”, quando dizemos: “Ela movimenta-se pela sala com graça”. Pode significar “benevolência”, se dizemos: “É uma graça que espero alcançar na sua bondade”. Pode significar “agradecimento”, como na “ação de graças” das refeições. E ainda se podem acrescentar meia dúzia mais de exemplos em que se usa habitualmente a palavra “graça”.
Na ciência teológica, porém, graça tem um significado muito estrito e definido. Antes de mais nada, designa um dom de Deus. Não qualquer tipo de bom, mas um que é muito especial. A própria vida é um dom divino. Para começar, Deus não tinha obrigação de criar a humanidade e muito menos de criar-nos a você e a mim como indivíduos. E tudo o que acompanha a vida é também dom de Deus. O poder de ver e falar, a saúde, os talentos que possamos ter – cantar, desenhar ou cozinhar um prato -, absolutamente tudo é dom de Deus. Mas são dons chamados naturais. Fazem parte da nossa natureza humana. Existem certas qualidade que têm acompanhar necessariamente uma criatura humana, tal como Deus a designou. E propriamente não se podem chamar graças.
Em teologia, reserva-se a palavra “graça” para descrever os dons a que o homem não tem direito, nem sequer remotamente, dons a que a sua natureza humana não lhe dá acesso. Usa-se para nomear os dons que estão “sobre” a natureza humana. Por isso dizemos que a graça é um dom sobrenatural de Deus.
Mas a definição ainda está incompleta. Há dons de Deus que são sobrenaturais, mas, em sentido estrito, não se podem chamar graças. Por exemplo, uma pessoa com câncer incurável pode curar-se milagrosamente em Lourdes. Neste caso, a saúde dessa pessoa será uma dom sobrenatural, pois foi-lhe restituída por meios que ultrapassam a natureza. Mas, se quisermos falar com precisão, essa cura não é uma graça. Há também outros dons que, sendo sobrenaturais na sua origem, não podem ser qualificados como graças. Por exemplo, a Sagrada Escritura, a Igreja ou os sacramentos são dons sobrenaturais de Deus. Mas este tipo de dons, por sobrenaturais que sejam, atuam fora de nós. Não seria incorreto chamá-los “graças externas”. A palavra “graça”, porém, quando utilizada em sentido simples e por si, refere-se àqueles dons invisíveis que residem e operam na alma. Assim, precisando um pouco mais a nossa definição, diremos que graça é um dom sobrenatural e interior de Deus.
Mas isto levanta-nos imediatamente outra questão. Às vezes, Deus dá a alguns eleitos o poder de predizer o futuro. É um dom sobrenatural e interior. Chamaremos graça ao dom de profecia? Mais ainda, um sacerdote tem o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo e de perdoar os pecados. São, certamente, dons sobrenaturais e interiores. Serão graças? A resposta é “não” a ambas as perguntas. Estes poderes, ainda que sejam sobrenaturais e interiores, são dados para beneficio de outros, não daquele que os possui. O poder que tem um sacerdote de oferecer a missa não lhe foi dado para si mesmo, mas para o Corpo Místico de Cristo. Um sacerdote pode estar em pecado mortal, e no entanto a sua missa será válida e obterá graças para os outros. Pode estar em pecado mortal, mas as suas palavras de absolvição perdoarão aos outros os seus pecados. Isto leva-nos a acrescentar outro elemento à nossa definição de graça: é um dom sobrenatural e interior de Deus, concedido para a nossa própria salvação.
Uma última questão: se a graça é um dom de Deus, a que não temos absolutamente nenhum direito, por que nos é concedida? As primeiras criaturas (conhecidas) a quem se concedeu a graça foram os anjos e Adão e Eva. Não nos surpreende que, sendo a bondade infinita, Deus tenha dado a sua graça aos anjos e aos nossos primeiros pais. Não a mereceram, é certo, mas embora não tivessem direito a ela, não eram positivamente indignos desse dom.
Não obstante, depois que Adão e Eva pecaram, eles (e nós, seus descendentes) não só não mereciam a graça, como eram indignos (e com eles, nós) de qualquer dom além dos naturais ordinários, próprios da natureza humana. Como se pôde satisfazer a justiça infinita de Deus, ultrajada pelo pecado original, para que a sua bondade infinita pudesse atuar de novo em benefícios dos homens?
A resposta arredondará a definição de graça. Sabemos que foi Jesus Cristo quem, pela sua vida e morte, prestou à justiça divina a satisfação devida pelos pecados da humanidade. Foi Jesus Cristo quem nos ganhou e mereceu a graça que Adão, com tanta precipitação, havia perdido. E assim completamos a nossa definição dizendo: a graça é um dom de Deus, sobrenatural e interior, que nos é concedido pelos méritos de Jesus Cristo para nossa salvação (cf. n. 2000).
Uma alma, ao nascer, está às escuras e vazia, sobrenaturalmente morte. Não existe nenhum laço de união que a ligue a Deus. Não têm comunicação. Se alcançássemos o uso da razão sem o Batismo e morrêssemos sem cometer um só pecado pessoal (uma hipótese puramente imaginária, virtualmente impossível), não poderíamos ir para o céu. Entraríamos num estado de felicidade natural a que, por falta de outra palavra melhor, chamamos limbo. Mas nunca veríamos a Deus face a face, como Ele é realmente.
A título de esclarecimento, o Catecismo da Igreja Católica recorda: “Todo o homem que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo o conhecimento que tem dela, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Batismo se tivessem tido conhecimento da sua necessidade” (n. 1260).
Este ponto merece ser repetido: por natureza, nós, seres humanos, não temos direito à visão direta de Deus, que é a felicidade essencial do céu. Nem sequer Adão e Eva, antes da sua queda, tinham direito algum à glória. Com efeito, no estado que poderíamos chamar puramente natural, a alma humana não tem o poder de ver a Deus; simplesmente, não tem capacidade para uma união íntima e pessoal com Deus.
Mas Deus não deixou o homem no seu estado puramente natural. Quando criou Adão, dotou-o de tudo o que é próprio de um ser humano. Mas foi mais longe, e deu também à alma de Adão certa qualidade ou poder que lhe permita viver em íntima (ainda que invisível) união com Ele nesta vida. Esta qualidade especial da alma – este poder de união e intercomunicação com Deus – está acima dos poderes naturais da alma, e por esta razão chamamos à graça uma qualidade sobrenatural da alma, um dom sobrenatural.
O modo que Deus teve de comunicar esta qualidade ou poder especial à alma de Adão foi a sua própria inabitação nela. De uma maneira maravilhosa, que será para nós um mistério até o dia do Juízo, Deus “fixou morada” na alma de Adão. E, assim como o sol comunica luz e calor à atmosfera que o rodeia, Deus comunicou à alma de Adão esta qualidade sobrenatural que é nada menos que a participação, até certo ponto, na própria vida divina. A luz solar não é o sol, mas é o resultado da sua presença. A qualidade sobrenatural de que falamos é distinta de Deus, mas flui d’Ele e é o resultado da sua presença na alma.
Esta qualidade sobrenatural da alma produz ainda um outro efeito. Não só nos torna capazes de alcançar uma íntima união e comunicação com Deus nesta vida, como também prepara a alma para outro dom que Deus lhe acrescentará após a morte: o dom da visão beatifica, o poder de ver Deus face a face, tal como Ele é realmente.
O leitor já terá reconhecido nessa “qualidade sobrenatural da alma” de que falamos acima do dom de Deus a que os teólogos chamam graça santificante; descrevi-a antes de nomeá-la, na esperança de que o nome tivesse mais plena significação quando chegássemos a ele. E no dom acrescentado da visão sobrenatural após a morte aquilo a que os teólogos chamam em latim lumen gloriae, isto é, “luz da glória”. Ora bem, a graça santificante é a preparação necessária, um pré-requisito para esta luz da glória. Como uma lâmpada elétrica se tornaria inútil se não houvesse uma tomada onde liga-la, assim a luz da glória não poderia aplicar-se uma alma que não possuísse a graça santificante.
Mencionei atrás a graça santificante referida a Adão. Deus, no mesmo ato em que o criou, colocou-o acima do simples nível natural, elevou-o a um destino sobrenatural conferindo-lhe a graça santificante. Pelo pecado original, Adão perdeu essa graça para si e para nós. Jesus Cristo, pela sua morte na cruz, transpôs o abismo que separava o homem de Deus. O destino sobrenatural do homem foi restaurado. A graça santificante é comunicada a cada homem individualmente no sacramento do Batismo.
“A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santifica-la; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo. É em nós a fonte da obra da santificação” (n. 1999).
Quando nos batizamos, recebemos a graça santificante pela primeira vez. Deus (o Espírito Santo, por “apropriação”) estabelece a sua morada em nós. Com a sua presença, comunica à alma essa qualidade sobrenatural que faz com que – de uma maneira grande e misteriosa – Ele se veja em nós e, consequentemente, nos ame. E já que esta graça santificante nos foi conquistada por Jesus Cristo, por ela estamos unidos a Ele, compartilhamo-la com Cristo – e Deus, por conseguinte, nos vê como vê o seu Filho – e cada um de nós se torna filho de Deus.
Às vezes, a graça santificante é chamada também graça habitual, porque tem por finalidade ser condição habitual, permanente, da alma. Uma vez unidos a Deus pelo Batismo, deveríamos conservar sempre essa união, invisível aqui, visível na glória.
Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo Trese.
Fonte: Clofas.com.br

Maria, a mais bela flor da primavera



“Da cepa brotou a rama, da rama brotou a flor, da flor nasceu Maria, e de Maria o Salvador”.
Ela nasceu no mês em que começa a primavera. Foi num dia como hoje que nasceu a mais bela flor da primavera…
A primavera é a estação bonita e alegre que traz a chuva que dá vida às plantas e faz as flores se abrirem e colorirem o mundo. É a preparação dos frutos que virão no verão. Maria é a Flor; Jesus, o Fruto bendito.
Você já parou para perceber como toda a natureza anuncia a chegada da primavera? Se pensarmos bem, poderemos constatar que Deus, em sua bondade infinita, criou flores para todas as estações do ano para nos encantar. Mas, é incrível o show que elas dão na primavera. Repare nas cores vibrantes, nos perfumes, tamanhos e complexidade. Cada qual com o toque misterioso da mão de Deus. As flores na primavera ficam, de fato, deslumbrantes!
Na verdade, toda natureza se agita. As borboletas e os beija-flores aparecem mais assiduamente em nossos jardins. Os passarinhos parecem dançar e cantar de alegria nos céus. Podemos até sentir um “ar diferente”… Que delícia, nos fins das tardes dessa época, poder fechar os olhos e sentir aquele “ventinho quente” nos tocando a pele. As criaturas parecem estar num clima de festa!
Assim como a primavera precede a estação dos frutos, Maria é a aurora que anuncia a chegada do Sol da justiça que traz a salvação nos seus raios, Jesus Cristo. A primavera vem depois do longo inverno, frio, sem flores, sem cores, onde a vida está hibernando para surgir triunfante. O povo de Deus passou por um longo inverno no exílio, esperando o Messias; até que Ele chegou no silêncio fértil do coração de Maria. No seio santo de Ana, vem ao mundo a Aurora que precede o grande Sol da Vida, quando a morte parecia ter triunfado sobre a humanidade. E a bela Flor da primavera traz o bendito Fruto do Verão.
Santo André de Creta, e muitos santos, cantaram as glórias de Maria, a flor mais linda do jardim primaveril de Deus. Ele comentou o nascimento da Virgem com essas palavras:
“Portanto cante e exulte toda a criação e contribua com algo digno para a alegria deste dia. É um só júbilo dos céus e da terra; juntos festejem tudo quanto está unido no mundo e acima do mundo. Pois hoje se construiu o templo criado do Criador de tudo, e pela criatura, de forma nova e bela, preparou-se nova morada para o seu Autor”.
O grande São Pedro Damião (1007-1072), doutor da Igreja, também falou desse dia:
“Hoje é o dia em que Deus começa a pôr em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo soleníssimo a inauguração de um templo de pedra…
Às trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus, representadas pelo templo de Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria. É justo, portanto, cantar este dia e Aquela que nele nasceu. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que fica? Como dizer que o Criador nasce da criatura?”
Segundo uma boa tradição, Maria nasceu de pais já velhos e estéreis, Joaquim e Ana, como resposta às suas preces. A paciência e a resignação com que sofriam, era como o inverno frio e sofrido que prepara o verão.
A mais bela flor da primavera é também cantada em prosa pelo Pe. Antônio Vieira:
“Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (…) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus” (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).
Visivelmente, nenhum acontecimento extraordinário acompanhou o nascimento de Maria e os Evangelhos nada dizem sobre sua natividade. Nenhum relato de profecia, nem aparições de anjos, nem sinais extraordinários são narrados pelos evangelistas. No entanto, São João Damasceno afirma que o nascimento a partir de uma mãe estéril já era um sinal das bênçãos especiais que recaem sobre Maria. Ainda, em sua Homilia sobre a Natividade de Maria, diz: “Hoje é o começo da salvação do mundo, porque foi-nos gerada a Mãe de Deus através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, nos foi gerado”.
Para desfrutar da beleza da primavera é preciso “ter olhos para ver” a beleza da Criação, e ver nela o Rosto do Criador; ter “ouvidos para ouvir” um sabiá que canta no interior da igreja na hora da Missa, e se encantar; “ter coração para sentir” o amor de Deus que se revela nas Suas criaturas, e se alegrar. Da mesma forma, para desfrutar das graças e bênçãos de Maria – a mais bela flor da primavera espiritual – é preciso ter os olhos da fé para ver sua grandeza, sua pureza, sua humildade, desprendimento, bondade, mansidão, coragem, fé…; ter ouvidos para ouvir suas poucas e eternas palavras; ter coração para sentir toda a força desse coração de Mãe de todos os homens.
Antes do Sol nascer a cada dia, a aurora o precede; antes de Jesus chegar, Maria preparou sua chegada. A longa espera do inverno do povo judeu terminou quando Maria nasceu.
Nos alegremos e bendigamos a Deus, pois como reza a Liturgia das Horas, ao nascer a santa Virgem, iluminou-se o mundo inteiro; feliz estirpe, raiz santa, e bendito é seu Fruto.
Fonte: Cleofas - Prof. Felipe Aquino

O Santíssimo Nome de Jesus


“Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Fil 2, 9-11).
A Igreja celebra a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, no dia 3 de janeiro. Mas às vezes esta festa passa despercebida.
São José teve a honra de ser encarregado por Deus para dar o Nome ao divino Menino. O arcanjo Gabriel disse à Virgem Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o Nome de Jesus” (Lc 1, 30-31). E depois o mesmo Arcanjo o confirma em sonho a José: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o Nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 20-21; Lc 2, 21).
Assim, o Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu; e tem poder. Santa Joana D´Arc morreu na fogueira repetindo o nome de Jesus. O nome Jesus representa a Pessoa divina do Verbo encarnado.
São Gabriel deixou claro a José a razão deste nome: “porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. A palavra Jesus em Hebraico quer dizer “Deus Salva” ou Salvador. Então, pronunciar o nome de Jesus com fé, é toma-lo como Divino Salvador.
É no Nome de Jesus que os pecados são perdoados. “O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Mc 2, 10). Ele pode dizer ao pecador: “Teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5). E ele transmite esse poder aos homens – os Apóstolos – (Jo 20, 21-23) para que o exerçam em seu Nome.
A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o Nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do “Nome acima de todo nome”. Os espíritos maus temem Seu Nome, e é em Nome d’Ele que os discípulos de Jesus operam milagres. É no Nome de Jesus que os enfermos são curados, é em seu Nome que os mortos ressuscitam, os coxos andam, os surdos ouvem, os leprosos ficam curados… Esse Nome bendito tem poder!
“Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu Nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18). Portanto, o Nome Santo de Jesus tem poder e deve ser invocado com respeito, veneração e fé.
“O Nome de Jesus é o único Nome divino que traz a salvação e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação, de sorte que “não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12). (Cat. n.432)
Os fariseus e doutores da lei quiseram impedir os Apóstolos de pregar em Nome de Jesus (At 4, 17-18). Mas eles se negam a deixar de pronunciar este santo Nome. O Nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula “por Nosso Senhor Jesus Cristo…”. A “Ave-Maria” culmina no “bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. O nome de Jesus está no centro da oração mariana; o Rosário é centrado no Nome de Jesus, por isso tem poder.
Aquele ceguinho de Jericó clamou com fé o Nome de Jesus e ficou curado: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”
(Fonte: https://cleofas.com.br/ - Prof. Felipe Aquino)

Alguns pequenos recursos que tenho tentado trabalhar no meu quotidiano... e funcionam!



OS SANTOS TÊM uma habilidade especial para viver e enxergar a vida e suas circunstâncias –, sejam coisas boas e momentos favoráveis, que nos sucedem a todos, ou os problemas e dificuldades que igualmente cada um de nós precisa enfrentar –, enquanto ardem de amor a Deus seguindo sua trilha espiritual. Assim, pelo contagiante exemplo de vida, levam outros com eles.

Talvez eu e você não tenhamos recebido as mesmas dádivas e carismas de um São Francisco de Assis, um Santo Antônio de Pádua ou um Padre Pio de Pietrelcina, e aqui estamos vivendo nossas vidas comuns, abastecendo nossos carros, comendo sanduíches quando o trabalho não nos deixa tempo para almoçar como deveríamos, checando nossa caixa de e-mails...

Mas podemos fazer tudo isso em espírito de oração, cultivando em nossos corações uma reverência profunda e constante pelo Criador, um amor incondicional ao nosso Pai do Céu. Como é que você procura cumprir o primeiro Mandamento em sua vida, amando Jesus sobre todas as coisas, mesmo se imperfeitamente?

Mas, oh! A rotina, as canseiras, as pequenas e grandes decepções desta vida, que vão se acumulando e roubando a nossa força vital... Seria possível elevar o nível de santidade em nossas vidas, mesmo na rotina do dia-a-dia, muitas vezes maçante e sem graça, para nos tornarmos católicos sempre cheios de vida e alegria, como devemos ser, dando exemplo ao nosso próximo?

Estou sempre atento a pequenos truques, que são formas criativas para maximizar o esforço nessa busca por disposição na santidade. Recentemente passei uma semana visitando meu pai de 92 anos. Isso me inspirou, ver o seu exemplo de vida até o final do seu percurso nesta Terra. Quando fomos à Missa, apesar de usar bengala, ele ainda genufletia todas as vezes que passava diante do tabernáculo, mesmo ficando numa posição muito desconfortável, precisando segurar em um banco com a mão esquerda e a bengala com a direita.

No início dos dias, acompanhei-o na caminhada que é o exercício físico que ainda pode fazer. Duas ou três voltas em torno de um parque próximo (duas ou três depende da intensidade do sol), enquanto reza o Terço do Rosário, meditando os Mistérios do dia. Faz questão de enumerar com toda clareza as intenções por que está oferecendo suas orações, e mais questão ainda de declarar que, em primeiro lugar, o oferecimento é para a glória de Nosso Senhor, e depois em honra de Nossa Senhora. Sua caminhada dura até o fim da récita. Algo próximo de 1 km, talvez um pouco menos, em cerca de 30 minutos.

Coisas assim, simples, podem nos ajudar muito a manter viva a fé – e a boa disposição que ela possibilita – no quotidiano. A seguir, elenquei uma lista daquilo que fui aprendendo em minha experiência pessoal e que me ajuda a ser um cristão católico cada vez melhor. Poderá ser útil também a você, dileto leitor.

1. Cultive pequenos hábitos santos

Eu li muitas vidas dos santos que me inspiram, mas suas vidas não se parecem com a minha. Algumas destas, honestamente, já me assustaram, pela dureza e crueza ou mesmo crueldade com que o mundo trata aqueles que pertencem à Verdade, que é Cristo. Mesmo Sta. Teresa de Lisieux, ou Sta. Teresinha, com a sua bela "Pequena Via", era uma freira clausurada. Recolher-se a um claustro pode até parecer atraente, às vezes, em determinados momentos em que sentimos que precisamos nos afastar do mundo com todos os seus problemas e incompreensões, mas não é um caminho para todos. Minha esposa e filhos, por exemplo tremem só de pensar em enfrentarem tamanha solidão. Além de tudo, eles precisam de mim –, e da minha presença –, em tempo integral.

Entretanto, ao longo dos anos, desenvolvi modos de superar os obstáculos à santidade que encontro na simplicidade, na monotonia e nas tribulações desta vida. Aqui estão alguns dos meus favoritos.

A citada "Pequena Via" de Sta. Teresinha revela-se tão possível e útil fora de um convento quanto dentro de um deles. Pequenas vias podem se tornar simples hábitos para a santidade, como deixar alguém avançar à sua frente no trânsito, deixar o último pedaço de pizza para outra pessoa ou pegar o lixo de outra pessoa.


2. Reze por pura gratidão (não só para pedir coisas)

Não há problema em levar nossas súplicas e necessidades a Deus; pelo contrário, devemos fazê-lo. Mas é preciso saber desapegar-se das meras necessidades desta vida, e simplesmente agradecer por todo o bem que nos é concedido, todos os dias, começando por nossa própria existência, a saúde que temos, as capacidades que recebemos, as pessoas que amamos, e também pelos problemas, obstáculos e dificuldades, que nos fazem aprender e crescer espiritualmente, assim como pelas pessoas que não nos amam, porque por meio delas recebemos preciosas lições.
A gratidão leva à humildade, faz crescer na perfeita caridade e nos aproxima da aceitação da Vontade de Deus. Poucos católicos compreendem que o conjunto dos Mistérios tradicionais do Rosário são mais como uma indicação ou sugestão da Igreja do que uma obrigação, à qual precisamos necessariamente nos engessar. Podemos variar, às vezes, por exemplo, meditando em algo por que somos profundamente gratos a Deus a cada dezena do Terço. É uma prática simples e fácil, mas transformadora.

3. Reze constantemente

"Orai sem cessar", disse o Apóstolo (1Ts 5,17). Em nossas multitarefas diárias, podemos fazer uso das tecnologias modernas para nos auxiliar a atender essa exortação. Podemos gravar nossas próprias mensagens, orações e salmos favoritos, por exemplo, em qualquer aparelho celular, e ouvi-las usando fone de ouvido enquanto cozinhamos, dobramos roupas, aguardamos na sala de espera do dentista ou cumprimos quaisquer tarefas.

Usar breves orações memorizadas ou rezar continuamente um permanente Rosário mental, em todos os enfadonhos atrasos desta vida, pode tornar-se um hábito que vai produzir belos e surpreendentes frutos. Os longos períodos de tempo perdido nos engarrafamentos deixarão de ser momentos de chateação para se tornarem sagrados momentos de edificação espiritual.


4. Peça o auxílio dos santos

Descubra o(a) santo(a) de cada dia, todos os dias, e peça-lhe suas orações, ainda que com uma brevíssima invocação. Eles podem ajudar muito mais do que você pode imaginar.


5. Não negligencie o seu anjo da guarda

“Não desprezeis os pequeninos: Eu vos afirmo que os seus anjos nos Céus vêem incessantemente a Face de meu Pai”, disse o Cristo (Mt 18,10). Fale sempre com o seu agente celestial especial – seu Anjo da guarda; faça-o todos os dias e procure estabelecer com ele um relacionamento estreito, contínuo e de intimidade. Como negligenciar tão grande amigo que recebemos de nosso Pai Celeste?

6. Torne-se um peregrino

Um santo hábito de nossos antepassados que vem sendo esquecido e desprezado em nossos tempos, pois os homens modernos só pensam em uma única coisa e tem uma única meta de vida: dinheiro e sucesso material.

Se for difícil viajar, escolha realizar uma peregrinação para um santuário ou catedral próxima. Brasileiros, sejamos mais criativos! Há muito mais lugares sagrados em nosso país, os quais podemos visitar em viagens de santa peregrinação, além de Aparecida! Em uma de nossas próximas edições listaremos algumas sugestões.

Acrescentar ás suas orações elementos como o caminhar, tomar um ônibus ou partir numa longa caminhada, um jejum equilibrado e saudável, além do próprio ato de se viajar a um lugar diferente e distante da rotina estressante do dia-a-dia – todas estas coisas podem elevar uma experiência simples ao nível de uma verdadeira peregrinação sagrada. Essa ideia consta do Manual do "Catholic Hipster": redescobrindo lugares onde viveram ou por onde passaram os santos, rezando suas orações esquecidas e revivendo certas práticas que hoje até nos podem parecer estranhas, chegamo-nos mais perto de Deus.


7. Um leve jejum, regularmente

Há um pequeno sacrifício escondido, que podemos fazer a cada refeição, como não comer a carne, as deliciosas batatas fritas ou algo de que se goste muito. O jejum é um sacrifício poderoso, então por que não praticá-lo com mais frequência? Não precisa ser feito todos os dias, mas que tal escolher uma ou algumas refeições específicas ou um certo dia da semana (além da sexta-feira) para maneirar um pouco?


8. Não coma carne às sextas-feiras!

Esta não precisaria aparecer aqui, já que se trata de uma obrigação de todo fiel católico. Observando a simples realidade, porém, vemos que apenas uma minoria observa este preceito. Apenas por isso resolvemos lembrar a regra: a legislação atual da Igreja continua determinando a abstenção de carne às sextas-feiras. Lembrando que o peixe nunca chegou a entrar na lista da abstinência por razões diversas: por ser um animal de sangue frio; porque sua presença era irrelevante nos banquetes medievais; porque é um alimento símbolo do próprio Cristo e do cristianismo. Já quanto ao frango, há alguma controvérsia. Ainda que seja um animal de carne branca, é de sangue quente, assim como o boi. Por isso, o seu consumo é geralmente proibido, com exceções específicas, como no caso de localidades paupérrimas onde o consumo do peixe se torna impossível devido ao custo mais elevado.


9. Ajuste o alarme para lembrá-lo(a), diariamente, da hora da Divina Misericórdia

Rezar o Terço da Divina Misericórdia (que é bastante breve) todos os dias às 15 horas seria uma belíssima devoção e prática de piedade na busca da perfeição cristã; mas, se não for possível, dizer ao menos uma breve oração ou jaculatório todos os dias neste horário, como: "Nós vos adoramos, Senhor Jesus, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo", ou "Meu Deus e meu Senhor, que com tantas dores e angústias nos remistes, perdoai-nos, que somos pecadores".

Além disso, se não for possível rezar o Terço da Divina Misericórdia diariamente, é mais que recomendável rezá-lo ao menos todas as sextas-feiras às 15 horas, e melhor ainda seria fazê-lo em uma igreja, diante do Sacrário.


10. Reze sempre e continuamente pelas pessoas que o irritam ou lhe fazem algum mal

Isto, além de ser um Mandamento de Nosso Senhor e de santificá-lo, ainda lhe fará uma pessoa mais feliz nesta vida, pois é como um santo remédio que cura mágoas e tristezas.

"Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos Céus" (Mt 5,44-45).


11. Não tenha medo de embasar suas opiniões e convicções na sua fé

Não caia na cilada do "Estado laico" que querem nos impor à força. Viver em um Estado laico não implica que precisemos renunciar à nossa fé e nem que tenhamos que nos comportar como ateus. Nas reuniões de pais e mestres ou do trabalho, nas conversas familiares, com colegas de serviço, nos encontros sociais e em todas as oportunidades, não tema demonstrar que você crê em Deus e pauta sua vida pela sua fé – e o quanto isto é bom e gratificante na sua vida e porquê. Mais do que isso, participe de petições públicas que combatam as ações anticristãs que nos ameaçam e contrariam nossos princípios sagrados no mundo de hoje. O site "Citizem Go" é um excelente ferramenta por meio da qual podemos manifestar a nossa vontade aos políticos e instituições.


12. Ajoelhe-se durante as orações

Evidentemente, nem sempre é possível, especialmente para os que cultivam o hábito de rezar continuamente, que citamos no item "3" deste artigo. Mas não reze desleixadamente; sempre que for possível, naqueles momentos em que realmente fizer uma pausa para rezar, ajoelhe-se diante de nosso Criador e Doador de todos os bens. Neste caso, isto será um gesto de adoração


13. Não receie identificar-se como cristão católico

Você pode, por exemplo, colocar uma etiqueta católica no seu carro. Isto não deixa de ser um modo de evangelizar até mesmo nos estacionamentos da vida, enquanto toma um rápido café espresso na sua cafeteria favorita.


14. Aproveite as indulgências

Aqui está um espécie de atalho para o Céu. As indulgências eliminam as penas temporais e são parte do ensino infalível da Igreja. As normas relativas às indulgências são relativamente complexas, mas rezando todos os dias pela manhã uma fórmula brevíssima, podemos garantir ganhar boa parte delas. É esta: "Tenho a intenção e o desejo de ganhar, hoje, todas as indulgências de que possa ser capaz, e as ofereço em satisfação dos meus pecados e em sufrágio pelas almas do Purgatório, especialmente as mais abandonadas. Amém!"


15. Distribua a Graça, que Deus lhe concede abundantemente, em público, o tempo todo e em todas as ocasiões 

Coisas simples como incluir as intenções de todos os que conhecemos, dos que nos pedem e dos que não pedem, mesmo aquelas que esquecemos, é uma forma de compartilhar a Graça divina. Outra forma é dizer a todos, sempre que possível, coisas como "Deus o abençoe", ou "Deus o acompanhe", "Deus o guarde" ou "Vá com Deus", inclusive ao zelador do prédio, à recepcionista do médico, ao caixa do banco, ao funcionário do metrô ou cobrador do ônibus, ao balconista da farmácia... São formas simples de testemunhar a sua fé e trabalhar pelo Reino de Deus, para que se mantenha sempre vivo nas mentes dos que lhe cercam, distribuindo e "fazendo circular" a Graça.


16. Nunca deixe de fazer o Sinal da Cruz ao passar diante de uma igreja ou entrar num cemitério

Já percebeu que muitos católicos não o fazem mais?


17. Quando alguém compartilha um problema com você, reaja como católico!

Além de aconselhar e encorajar, diga que vai rezar por ele, e faça-o realmente. Ofereça e, se possível e se não for constranger essa pessoa, reze com ela ali mesmo, na mesma hora e local.


† † †

Aí foi a lista dos que são alguns pequenos truques que eu tento usar na minha vida, embora eu ainda falhe muito e continue trabalhando no meu auto controle, no desapego das coisas deste mundo e amor cada vez mais incondicional a Deus antes de todas as coisas. Eu realmente preciso

fazer tudo isso um pouco mais e sem falhas, mas posso dizer, de boa consciência, que todos esses são bons e salutares objetivos. E você leitor, tem algum pequeno truque em sua vida de fé e piedade que gostaria de compartilhar com os seus irmãos em Cristo? Se quiser compartilhar, nos faria muito felizes. Você pode enviar para: ofielcatolico@gmail.com

Baseado em artigo de Patti Armstrong para o National Catholic Register

Publicado na revista O FIEL CATÓLICO n.23

Ano A - Mateus 9,9-13

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