São Lucas: o primeiro retratista da Virgem Maria?



A ele é atribuída a autoria de uma antiga e venerada imagem da Virgem, que fica em Roma
São Lucas, o Evangelista, era médico, como podemos notar da epístola de seu amigo São Paulo (“o caríssimo médico”, Colonenses 4,14). Mas, não raro, também se diz que ele era pintor, por isso é o padroeiro dos médicos e pintores.
Para escrever seu Evangelho, ele fez uma pesquisa e entrevistou os que estiveram mais próximos a Jesus: seus apóstolos e sua Mãe, a Virgem Maria. Até um exegeta levantou a hipótese de que foi ela mesma quem ditou o “Magnificat” ao evangelista. Somente em seu livro podemos encontrar afirmações íntimas sobre a Virgem, como “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19).
Por essa relação tão próxima a Maria e por causa de sua paixão pela pintura, é atribuída a São Lucas a primeira imagem da Virgem. A tradição conta que ele a retratou enquanto ela relatava, com amor, tudo o que tinha acontecido com seu Filho, Jesus.
Mas onde está essa pintura? Nas catacumbas de Priscila, em Roma, fica uma imagem muito antiga da Virgem Santíssima, atribuída a São Lucas. Mas uma interpretação mais forte da tradição romana atribui ao santo a muito querida imagem “Salus Populi Romani” (ver imagem abaixo), que teria sido pintada em um pedaço de madeira da mesa utilizada na última ceia de Jesus com os apóstolos.
A lenda diz que essa pintura permaneceu em Jerusalém até que foi descoberta por Santa Helena, juntamente com outras relíquias sagradas, com a cruz em que Cristo morreu. A pintura teria sido levada primeiro a Constantinopla, onde reinava o seu filho, o imperador Constantino, o Grande, e logo transferida pela própria Santa Helena a Roma, onde foi colocada na Basílica de Santa Maria Maior – considerada o “primeiro santuário dedicado à Virgem no ocidente”.
A imagem foi declarada por São João Paulo II como Padroeira das Jornadas Mundiais da Juventude e é para onde o Papa Francisco sempre se dirige para pedir ou agradecer por cada viagem importante que ele realiza.
Mas esta não é a única imagem atribuída a São Lucas. Dizem que os seguintes quadros também foram pintados por ele: Nossa Senhora de Vladimir, padroeira da Rússia, Santa Maria de Impruneta e Nossa Senhora de São Lucas.
Qual é a original? Ninguém sabe ao certo, mas sabemos que a melhor imagem que São Lucas nos deixou da Virgem Maria é sua detalhada descrição nos escritos de seu Evangelho.

As promessas do Sagrado Coração de Jesus reveladas à Santa Margarida



“É no Coração Sacratíssimo de Jesus que havemos de colocar todas as nossas esperanças; a ele havemos de pedir e dele havemos de esperar a salvação dos homens” (Papa Leão XIII).

No dia 16 de outubro a Igreja celebra a memória de Santa Margarida Maria Alacoque, a quem o Senhor Jesus passou a dialogar e revelar promessas aos devotos do Seu Sagrado Coração.
Jesus Eucarístico expôs a Santa Margarida, em momentos de oração e contemplação da jovem, o Seu Coração chagado, amargurado e dilacerado alvo das ofensas, pecados e ingratidão da humanidade.   
Considerada a “confidente do Sagrado Coração”, Santa Margarida recebeu revelações do próprio Jesus sobre a importância e necessidade das pessoas de todo o mundo amarem mais à Eucaristia e repararem os pecados da humanidade.
As 12 principais promessas do Sagrado Coração de Jesus reveladas são:
1. Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
2. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
3. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
4. Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte.
5. Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos.
6. Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias.
7. As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção.
8. As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição.
9. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração.
10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos.
11. As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração.
12. A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

Para receber as graças prometidas pelo Sagrado Coração de Jesus, três condições são necessárias:
1. Receber sem interrupção a Sagrada Comunhão durante as nove primeiras sextas-feiras consecutivas.
2. Ter a intenção de honrar o Sagrado Coração de Jesus e de alcançar a perseverança final.
3. Oferecer cada Sagrada Comunhão como um ato de expiação pelas ofensas cometidas contra o Santíssimo Sacramento.
O culto ao Sagrado Coração de Jesus se espalhou por todo o mundo e hoje é considerado uma das devoções mais praticadas entre os católicos.  

Oração ao Sagrado Coração de Jesus
Oh! Deus, que no Coração de vosso Filho, ferido por nossos pecados, vos dignais prodigalizar-nos os infinitos tesouros do amor, nós vos rogamos que, rendendo-lhe o preito de nossa devoção e piedade, também cumpramos dignamente para com ele o dever de reparação. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Amém.
Sagrado Coração de Jesus, em Vós eu confio!

Nossa Senhora Rainha


Hoje é o dia de Nossa Senhora Rainha, uma grande festa para toda a Igreja Católica.


Deus nos enviou Maria para ser redentora de toda a humanidade. Rainha dos Pecadores, e Medianeira de todas as Graças.
Assim como afirmam inúmeros santos da Igreja, todas as bênçãos, antes de ser concedidas, passam por Maria.
 
Foi A primeira que adorou o Santíssimo Sacramento, e a única que teve a graça de conceber o Filho de Deus.

Devemos sempre exaltar, TODOS os títulos de Nossa Senhora, pois isso é um agrado ao Nosso Senhor, principalmente no dia de hoje.
Oração de Santo Afonso a Nossa Senhora Rainha:
Ó grande, excelsa e gloriosíssima Senhora, prostrado aos pés do Vosso trono, nós Vos rendemos as nossas homenagens, daqui deste vale de lágrimas. Nós nos comprazemos na glória imensa, de que Vos enriqueceu o Senhor. Agora que já reinais como Rainha no céu e na terra, ah! Não nos esqueçais, pobres servos Vossos. Do Vosso trono excelso em que reinais, volvei os Vossos olhos a nós miseráveis. Vós quanto mais vizinha estais da fonte da graça, tanto mais nos podeis delas prover.
No céu, descobris melhor as nossas misérias, portanto é preciso que tenhais maior compaixão de nós e mais nos socorrais. Fazei que sejamos na terra vossos fiéis servos, para podermos mais tarde bendizer-vos no Paraíso.
Neste dia em que fostes feita Rainha do Universo, nós nos queremos consagrar a vosso serviço. No meio da Vossa grande alegria, consolai-nos também, aceitando-nos hoje por vossos vassalos. Sois Vós a nossa Mãe. Ah! Mãe suavíssima, Mãe amabilíssima, Vossos altares estão rodeados de muita gente que vos pede: uns Vos pedem a cura de suas enfermidades, outros o Vosso auxílio em suas necessidades; outros, uma boa colheita; outros, a vitória em qualquer demanda. Nós, porém, Vos pedimos coisas mais agradáveis ao Vosso coração.
Alcançai-nos ser humildes, desapegados da terra, e resignados à vontade divina. Impetrai-nos o santo amor de Deus, uma boa morte, o paraíso. Senhora, mudai-nos, mudai-nos de pecadores em santos. Fazei este milagre, que Vos dará mais honra se désseis a vista mil cegos e ressuscitastes a mil mortos.
Vós sois tão poderosa junto de Deus. Basta dizer que sois uma Mãe, a mais querida, cheia de sua graça: que Vos poderá Ele recusar? Ó Rainha, formosíssima nós pretendemos ver-Vos na terra, mas queremos ir ver-Vos no paraíso. A Vós compete alcançar-nos esta graça. Assim o esperamos de certo. Amém.
Fonte: Aposturado da Oração e Cleofas.

Dogma: A Assunção de Maria



O dogma da Assunção se refere a que a Mãe de Deus, ao cabo de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial.
Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950, na Constituição Munificentissimus Deus:
“Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu”.

Agora bem, porquê é importante que os católicos recordemos e aprofundemos no Dogma da Assução da Santíssima Virgem Maria ao Céu?
O Novo Catecismo da Igreja Católica responde à esta interrogação:
“A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos”(966).
A importância da Assunção para nós, homens e mulheres do começo do Terceiro Milênio da Era Cristã, radica na relação que existe entre a Ressurreição de Cristo e nossa. A presença de Maria, mulher da nossa raça, ser humano como nós, quem se encontra em corpo e alma já glorificada no Céu, é isso: uma antecipação da nossa própria ressurreição.
Mais ainda, a Assunção de Maria em corpo e alma ao céu é um dogma da nossa fé católica, expressamente definido pelo Papa Pio XII pronunciando-se “ex-cathedra”.
E… Que é um Dogma?Posto nos termos mais simples, Dogma é uma verdade de Fé, revelada por Deus (na Sagrada Escritura ou contida na Tradição), e que também é proposta pela Igreja como realmente revelada por Deus.
Neste caso se diz que o Papa fala “ex-cathedra”, quer dizer, que fala e determina algo em virtude da autoridade suprema que tem como Vigário de Cristo e Cabeça Visível da Igreja, Mestre Supremo da Fé, com intenção de propor um assunto como crença obrigatória dos fiéis católicos.
O Novo Catecismo da Igreja Católica (966) nos explica assim, citando a Lumen Gneitium 59, que à sua vez cita a Bula da Proclamção do dogma:
“Finalmente a Virgem Imaculada, preservada livre de toda macha de pecado original, terminado o curso da sua vida terrena foi levada à glória do Céu e elevada ao trono do Senhor como Rainha do Universo, para ser conformada mais plenamente a Seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da mrote”.

E o Papa João Paulo II, em uma das suas catequeses sobre a Assunção, explica isto mesmo nos seguintes termos:
“O dogma da Assunção, afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois de sua morte. Com efeito, enquanto para os demais homens a ressurreição dos corpos ocorrerá no fim do mundo, para Maria a glorificação do seu corpo se antecipou por singular previlégio” (JPII, 2- Julho-97).

“Contemplando o mistério da Assunção da Virgem, é possível compreender o plano da Providência Divina com respeito a humanidade: depois de Crsito, Verbo Encarnado, Maria é a primeria criatura humana que realizou o ideal escatológico, antecipando a plenitude da felicidade prometida aos eleitos mediante a ressurreição dos corpos” (JPII, Audiência Geral do 9-julho-97). Continua o Papa: “Maria Santíssima nos mostra o destino final dos que ‘escutam a Palavra de Deus e a cumprem'(Lc. 11,28). Nos estimula a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai, e onde também está a humilde escrava de Nazaré, já na glória celestial”(JPII, 15-agosto-97).
Os homens e mulheres de hoje vivemos pendentes do enigma da morte. Ainda que o enfoquemos de diversas formas, segundo a cultura e crenças que tenhamos, por mais que o evadimos em nosso pensamento por mais que tratemos de prolongar por todos os meios ao nosso alcane nossos dias na terra, todos temos uma necessidade grande desta esperança certa de imortalidade contida na promessa de Cristo sobre nossa futura ressurreição.
Muito bem faria a muitos cristãos ouvir e ler mais sobre este mistério da Assunção de Maria, o qual nos diz respeito tão diretamente. Por quê se chegou a difundir-se a crença no mito pagão da re-encarnação entre nós? Se pensamos bem, estas ideias estranhas à nossa fé cristão vieram metendo-se na medida em que deixamos de pensar, de predicar e de recordar aos mistérios, que como o da Assunção, têm a ver com a outra vida, com a escatologia, com as realidades últimas do ser humano.

O mistério da Assunção da Santíssima Virgem Maria ao Céu nos convida a fazer uma pausa na agitada vida que levamos para refletir sobre o sentido da nossa vida aqui na terra, sobre o nosso fim último: a Vida Eterna, junto com a Santíssima Trindade, a Santíssima Virgem Maria e os Anjos e Santos do Céu. O fato de saber que Maria já está no Céu gloriosa em corpo e alma, como nos foi prometido aos que façamos a Vontade de Deus, nos renova a esperança em nossa futura imortalidade e felicidade perfeita para sempre.

Ave Maria

Uma introdução à Mariologia



A ORAÇÃO CRISTÃ só pode chegar até Deus no caminho que Ele 
próprio preparou. Do contrário, ela sairia do mundo em direção ao 
vazio, e cairia na tentação de tomar esse vazio por Deus, ou tomaria 
por Deus o próprio Nada. Deus não é um objeto mundano, mas não
 é, tampouco, um objeto supra-mundano que pode ser perseguido
 e conquistado em alguma espécie de viagem espacial do espírito, 
após uma preparação técnica adequada. Ele é a Liberdade infinita, 
que se torna acessível unicamente por sua própria iniciativa. Na 
medida em que Ele não apenas nos dirige sua Palavra, mas permite
 que ela habite entre nós, essa Palavra passa a ser não apenas a 
Palavra  que vem de Deus, mas também aquela que a Ele retorna. 
O atalho entre Deus e nós, homens, foi aberto nas duas direções: 
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”; “Eu vim como luz ao mundo; 
assim, todo aquele que crer em mim, não ficará nas trevas” (Jo 14,6; 
12,46). Mas de que modo chegou até nós o “Caminho”? Como a “Luz” 
nos invadiu e a “Palavra” habitou entre nós? Pois isso teria de acontecer, 
para que pudéssemos nos estabelecer em um caminho para Deus 
acessível aos homens. Se assim não fosse, a Luz teria apenas 
brilhado nas trevas e estas não a teriam percebido; a Luz teria vindo 
sobre o que é seu – pois o mundo, com efeito, pertence a Deus –, mas 
os seus não a teriam acolhido. Alguém teria de acolher a 
Palavra incondicionalmente, e de um modo tão pleno que nela se 
abrisse um espaço para que a própria Palavra se tornasse um 
homem, da mesma forma que um filho encontra espaço em uma mãe.
Essa mãe, que se abre e se oferece totalmente à Palavra de Deus, não
somos nós: nenhum de nós diz a Deus o “Sim” incondicional. Por isso, 
o “sim” perfeito nos é, a priori, inatingível. E, no entanto, ele é 
uma das condições exigidas para que a Palavra de Deus realmente 
chegue até nós e se torne o Caminho que pode ser percorrido por nós, 
homens. Em um coração que se decidisse por Deus apenas pela 
metade, Ele não teria conseguido se fazer carne, pois o filho é 
essencialmente dependente da sua mãe; ele se nutre de sua substância 
físico-espiritual e é educado a se tornar um verdadeiro e fecundo ser 
humano. A precedência da Mãe, que faz parte do estabelecimento do 
Caminho entre Deus e nós, não significa o seu isolamento, mas a 
abertura da possibilidade de que também nós nos tornemos capazes 
de dizer “sim”, de que a Palavra também chegue até nós, e de que 
nós, nEla, cheguemos a Deus. “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, 
e os peitos que te amamentaram!” “Antes, bem-aventurados aqueles 
que ouvem a palavra de Deus e a observam” (Lc 11,27-28). “Aquele 
que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha 
mãe” (Mc 3,35).
A permanente precedência de Maria é o fundamento da nossa participa-
ção. A comunidade, que une Deus e a humanidade nela, Maria, na 
medida em que Ele se torna um filho humano, é a base de uma comu-
nidade que nos une entre nós, enquanto filhos de Deus, e que chama-
mos  de Igreja. A Mãe é a premissa perene, a fonte, a plena realização 
da Igreja, da qual podemos participar – se assim o desejarmos – como 
aqueles que estão a caminho do “sim” pleno, e de seu enraizamento em
 toda a nossa existência. Sendo assim, nós, os incompletos, podemos e 
devemos dizer àquela que já está completa, e que nos conduz e atrai 
para a sua completude: Ave Maria. Não, porém, como se a separásse-
mos do seu Filho: ela é apenas a resposta [Antwort]; Ele é a Palavra 
[Wort].
O evento entre o Filho e a Mãe constitui o centro do evento da reden-
ção, que não pode jamais perder seu caráter de atualidade, uma 
vez que a autorrevelação graciosa de Deus acontece sempre aqui e 
agora, seu fluxo jamais se afasta da fonte. Quem quiser participar, 
tem de mergulhar nessa fonte, no seu inesgotável mistério, de que a 
Palavra de Deus tenha realmente se mostrado a nós, que ela realmente
 tenha sido recebida entre nós e entre nós habitado, e que ela não
 tenha voltado para Deus sozinha, mas junto conosco. O que isso 
significa nós podemos vislumbrar no relacionamento entre essa Criança
 e essa Mãe. Ela se coloca inteiramente à disposição da Palavra, para 
que esta possa se fazer carne a partir dela, carne da sua carne. 
Porém, na medida em que essa Criança cresce, e entrega sua carne 
divina para a reconciliação do mundo com Deus, oferecendo-se como 
alimento eucarístico para todos os que recebem a Palavra na fé, ela 
atrai aquele que a recebe para sua própria carne, em primeiro lugar 
sua Mãe, modelo e origem da Igreja. Ambos, Cristo e Maria-Igreja,
são, portanto, “uma só carne”, um “Corpo”, em um acontecimento 
pleno de reciprocidade: primeiramente, é Cristo quem recebe a carne 
terrena de Maria, e, em seguida, é Maria-Igreja quem se torna parti-
cipante de sua carne celestial. Maria é a “Bendita entre as mulheres” 
apenas porque, enquanto Mãe, coloca sua carne à disposição da encar-
nação da Palavra, mas isso é apenas o prelúdio para aquilo que vem a 
seguir, “Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”, que produziu a res-
posta da carne terrena, a resposta de Maria-Igreja, e continua a produ-
zi-la na Eucaristia; também de nossa parte, os membros do Corpo, 
que, de acordo com a pureza e plenitude do nosso “sim”, podemos tam-
bém nos tornar seus membros fecundos, tornado-nos um colo acolhedor.
Podemos, então, juntamente com o anjo enviado por Deus, saudar 
Maria e, em seguida, com Isabel, bendizê-la, pois “Deus está com ela”; 
com isso, podemos rezar junto com a própria Maria, em sua resposta à 
Palavra divina, em seu “Sim”, não mais nos dirigindo a ela, mas, com 
ela, a Deus. A “Ave-Maria” é um exercício e uma integração na 
oração mariana/eclesial. Mesmo a oração litúrgica oficial da Igreja – 
aberta ou veladamente, consciente ou inconscientemente – é sempre 
oração mariana. Apesar disso, aqui embaixo jamais atingimos a 
perfeição de Maria – enquanto condição constitutiva para o Caminho, 
que é Cristo, ela não é apenas exemplo, mas o protótipo original. 
Por isso, podemos sempre pedir sua intercessão: “agora e na hora 
de nossa morte”, ou seja, em cada momento da nossa vida, durante
a qual permanecemos tentando sem jamais chegar ao êxito pleno, e
 naquela hora em que somos, forçadamente, levados ao caminho de
 Deus, àquela passagem amarga e abençoada em que nós, pelo bem 
ou  pelo mal, “como que através do fogo”, teremos de aprender o “sim” 
perfeito. Nós vivemos para essa hora, para ela exercitamos nossa fé. 
E se Maria não exercitou o seu “sim”, senão como orante, muito menos 
ainda seremos nós capazes de realizar o nosso “sim” com as nossas 
próprias forças, mas teremos de nos remeter, agradecidos, a ela, que
 pôde verdadeiramente realizá-lo. É por essa razão que se pode sempre, 
após o final da saudação – “agora e na hora de nossa morte, amém” 
–, recomeçar imediatamente, desde o início – “Ave, Maria”.

Fonte: O FIEL CATÓLICO

SETE EXEMPLOS DE MARIA PARA PRATICAR O SILÊNCIO

Nossa Senhora rogai por nós, que recorremos a vós.

Quem é silencioso sabe escutar
Numa conversa entre amigos, sempre que o silêncio reinava por alguns segundos, alguém dizia: “Foi um anjo que passou por nós!”
Faz tempo que não escuto essa expressão! Ou os anjos estão assustados com as nossas conversas ou é a ausência de silêncio dos nossos dias. Vou ficar com a segunda opção! Uma mulher soube, por causa do silêncio, sentir a presença e ouvir o anjo. Maria é modelo de quietação para nós. Vamos aprender com Ela?
1. Silenciosa e escondida
No Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria, São Luís de Montfort nos leva a Nazaré a encontrar uma jovenzinha escondida. Não com medo, mas reservada, delicada e simples. Era Maria. São Luís afirma que nem os anjos conheciam essa mulher. O silêncio dela era do agrado de Deus e pela sua humildade foi escolhida para tão perfeita missão: mãe de Jesus.
Hoje, nossos barulhos pelas redes sociais, pelo ego, pelo desejo de sermos destaques nos impedem de gerar Cristo em nós. Pelo silêncio da Virgem, foi gerado o Verbo encarnado e, em nós, pelo barulho, são deixados de lado os ensinamentos do mesmo Verbo.
2. Silenciosa e confiante
Maria não contou a José sobre a gravidez. E nem a Isabel. A Palavra nos conta que José, percebendo a gestação, quis abandonar Maria em segredo. Certamente Maria orou muito. Abandonou-se em Deus e confiou. E José, por sonho, acreditou. A Bíblia também narra que Maria mal tinha chegado à casa de Isabel e já foi saudada por sua prima. Como Isabel sabia? Nossa Senhora não saiu divulgando a todos, mas pelo seu silêncio e jeito meigo tornou-se bendita. Precisamos aprender a maturidade do silêncio que nos leva a confiar e não nos vangloriar.
3. Silenciosa e grata
Sabe aquela expressão, “falou pouco, mas falou bonito”? Encaixa-se perfeitamente a Maria. Quando ela abriu a boca, cantou o Magnificat em gratidão ao amor de Deus.
Tem gente que quer enfeitar tanto sua fala que mais enche linguiça do que toca no coração das pessoas. Maria ensina a usar os lábios para o bem e não para ser o queridinho.
4. Silenciosa e perceptiva
Em Caná, Maria interveio para o primeiro milagre de Jesus. Nossa Senhora estava em um lugar barulhento. Era uma festa! Tinha música, conversas… E ela estava se divertindo, porém o fruto de uma vida regrada pelo silêncio fez Nossa Senhora perceber o drama dos noivos com o vinho que iria acabar.
Em muitas situações a agitação nos domina e não percebemos os necessitados e sofredores ao nosso lado.
5. Silenciosa e paciente
Aos pés da Cruz, diante da dor de ver seu filho morrendo, Maria poderia se desesperar. A dor era imensa, mas seu silêncio ajudava a cicatrizar as feridas. A quietação permitiu trocar olhares e dar força a Jesus.
Em nossas dores precisamos silenciar. A agitação no momento da Cruz só aumenta as feridas e nada resolve. Assim como nos momentos de raiva. Agir com a cabeça quente mais machuca do que cura.
6. Silenciosa e solícita
Quem é silencioso sabe escutar. Oferece os ouvidos para quem quer desabafar. Maria é refém dos nossos pedidos. Fica à espera de nossas orações e confianças.
Aprendamos com Ela a ser atenciosos, oferecendo nossos ouvidos para um simples desabafo.
Fonte: Cleofas (Prof. Felipe Aquino)

O que é a graça?



A palavra “graça” tem muitos significados. Pode significar “encanto”, quando dizemos: “Ela movimenta-se pela sala com graça”. Pode significar “benevolência”, se dizemos: “É uma graça que espero alcançar na sua bondade”. Pode significar “agradecimento”, como na “ação de graças” das refeições. E ainda se podem acrescentar meia dúzia mais de exemplos em que se usa habitualmente a palavra “graça”.
Na ciência teológica, porém, graça tem um significado muito estrito e definido. Antes de mais nada, designa um dom de Deus. Não qualquer tipo de bom, mas um que é muito especial. A própria vida é um dom divino. Para começar, Deus não tinha obrigação de criar a humanidade e muito menos de criar-nos a você e a mim como indivíduos. E tudo o que acompanha a vida é também dom de Deus. O poder de ver e falar, a saúde, os talentos que possamos ter – cantar, desenhar ou cozinhar um prato -, absolutamente tudo é dom de Deus. Mas são dons chamados naturais. Fazem parte da nossa natureza humana. Existem certas qualidade que têm acompanhar necessariamente uma criatura humana, tal como Deus a designou. E propriamente não se podem chamar graças.
Em teologia, reserva-se a palavra “graça” para descrever os dons a que o homem não tem direito, nem sequer remotamente, dons a que a sua natureza humana não lhe dá acesso. Usa-se para nomear os dons que estão “sobre” a natureza humana. Por isso dizemos que a graça é um dom sobrenatural de Deus.
Mas a definição ainda está incompleta. Há dons de Deus que são sobrenaturais, mas, em sentido estrito, não se podem chamar graças. Por exemplo, uma pessoa com câncer incurável pode curar-se milagrosamente em Lourdes. Neste caso, a saúde dessa pessoa será uma dom sobrenatural, pois foi-lhe restituída por meios que ultrapassam a natureza. Mas, se quisermos falar com precisão, essa cura não é uma graça. Há também outros dons que, sendo sobrenaturais na sua origem, não podem ser qualificados como graças. Por exemplo, a Sagrada Escritura, a Igreja ou os sacramentos são dons sobrenaturais de Deus. Mas este tipo de dons, por sobrenaturais que sejam, atuam fora de nós. Não seria incorreto chamá-los “graças externas”. A palavra “graça”, porém, quando utilizada em sentido simples e por si, refere-se àqueles dons invisíveis que residem e operam na alma. Assim, precisando um pouco mais a nossa definição, diremos que graça é um dom sobrenatural e interior de Deus.
Mas isto levanta-nos imediatamente outra questão. Às vezes, Deus dá a alguns eleitos o poder de predizer o futuro. É um dom sobrenatural e interior. Chamaremos graça ao dom de profecia? Mais ainda, um sacerdote tem o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo e de perdoar os pecados. São, certamente, dons sobrenaturais e interiores. Serão graças? A resposta é “não” a ambas as perguntas. Estes poderes, ainda que sejam sobrenaturais e interiores, são dados para beneficio de outros, não daquele que os possui. O poder que tem um sacerdote de oferecer a missa não lhe foi dado para si mesmo, mas para o Corpo Místico de Cristo. Um sacerdote pode estar em pecado mortal, e no entanto a sua missa será válida e obterá graças para os outros. Pode estar em pecado mortal, mas as suas palavras de absolvição perdoarão aos outros os seus pecados. Isto leva-nos a acrescentar outro elemento à nossa definição de graça: é um dom sobrenatural e interior de Deus, concedido para a nossa própria salvação.
Uma última questão: se a graça é um dom de Deus, a que não temos absolutamente nenhum direito, por que nos é concedida? As primeiras criaturas (conhecidas) a quem se concedeu a graça foram os anjos e Adão e Eva. Não nos surpreende que, sendo a bondade infinita, Deus tenha dado a sua graça aos anjos e aos nossos primeiros pais. Não a mereceram, é certo, mas embora não tivessem direito a ela, não eram positivamente indignos desse dom.
Não obstante, depois que Adão e Eva pecaram, eles (e nós, seus descendentes) não só não mereciam a graça, como eram indignos (e com eles, nós) de qualquer dom além dos naturais ordinários, próprios da natureza humana. Como se pôde satisfazer a justiça infinita de Deus, ultrajada pelo pecado original, para que a sua bondade infinita pudesse atuar de novo em benefícios dos homens?
A resposta arredondará a definição de graça. Sabemos que foi Jesus Cristo quem, pela sua vida e morte, prestou à justiça divina a satisfação devida pelos pecados da humanidade. Foi Jesus Cristo quem nos ganhou e mereceu a graça que Adão, com tanta precipitação, havia perdido. E assim completamos a nossa definição dizendo: a graça é um dom de Deus, sobrenatural e interior, que nos é concedido pelos méritos de Jesus Cristo para nossa salvação (cf. n. 2000).
Uma alma, ao nascer, está às escuras e vazia, sobrenaturalmente morte. Não existe nenhum laço de união que a ligue a Deus. Não têm comunicação. Se alcançássemos o uso da razão sem o Batismo e morrêssemos sem cometer um só pecado pessoal (uma hipótese puramente imaginária, virtualmente impossível), não poderíamos ir para o céu. Entraríamos num estado de felicidade natural a que, por falta de outra palavra melhor, chamamos limbo. Mas nunca veríamos a Deus face a face, como Ele é realmente.
A título de esclarecimento, o Catecismo da Igreja Católica recorda: “Todo o homem que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, procura a verdade e pratica a vontade de Deus segundo o conhecimento que tem dela, pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Batismo se tivessem tido conhecimento da sua necessidade” (n. 1260).
Este ponto merece ser repetido: por natureza, nós, seres humanos, não temos direito à visão direta de Deus, que é a felicidade essencial do céu. Nem sequer Adão e Eva, antes da sua queda, tinham direito algum à glória. Com efeito, no estado que poderíamos chamar puramente natural, a alma humana não tem o poder de ver a Deus; simplesmente, não tem capacidade para uma união íntima e pessoal com Deus.
Mas Deus não deixou o homem no seu estado puramente natural. Quando criou Adão, dotou-o de tudo o que é próprio de um ser humano. Mas foi mais longe, e deu também à alma de Adão certa qualidade ou poder que lhe permita viver em íntima (ainda que invisível) união com Ele nesta vida. Esta qualidade especial da alma – este poder de união e intercomunicação com Deus – está acima dos poderes naturais da alma, e por esta razão chamamos à graça uma qualidade sobrenatural da alma, um dom sobrenatural.
O modo que Deus teve de comunicar esta qualidade ou poder especial à alma de Adão foi a sua própria inabitação nela. De uma maneira maravilhosa, que será para nós um mistério até o dia do Juízo, Deus “fixou morada” na alma de Adão. E, assim como o sol comunica luz e calor à atmosfera que o rodeia, Deus comunicou à alma de Adão esta qualidade sobrenatural que é nada menos que a participação, até certo ponto, na própria vida divina. A luz solar não é o sol, mas é o resultado da sua presença. A qualidade sobrenatural de que falamos é distinta de Deus, mas flui d’Ele e é o resultado da sua presença na alma.
Esta qualidade sobrenatural da alma produz ainda um outro efeito. Não só nos torna capazes de alcançar uma íntima união e comunicação com Deus nesta vida, como também prepara a alma para outro dom que Deus lhe acrescentará após a morte: o dom da visão beatifica, o poder de ver Deus face a face, tal como Ele é realmente.
O leitor já terá reconhecido nessa “qualidade sobrenatural da alma” de que falamos acima do dom de Deus a que os teólogos chamam graça santificante; descrevi-a antes de nomeá-la, na esperança de que o nome tivesse mais plena significação quando chegássemos a ele. E no dom acrescentado da visão sobrenatural após a morte aquilo a que os teólogos chamam em latim lumen gloriae, isto é, “luz da glória”. Ora bem, a graça santificante é a preparação necessária, um pré-requisito para esta luz da glória. Como uma lâmpada elétrica se tornaria inútil se não houvesse uma tomada onde liga-la, assim a luz da glória não poderia aplicar-se uma alma que não possuísse a graça santificante.
Mencionei atrás a graça santificante referida a Adão. Deus, no mesmo ato em que o criou, colocou-o acima do simples nível natural, elevou-o a um destino sobrenatural conferindo-lhe a graça santificante. Pelo pecado original, Adão perdeu essa graça para si e para nós. Jesus Cristo, pela sua morte na cruz, transpôs o abismo que separava o homem de Deus. O destino sobrenatural do homem foi restaurado. A graça santificante é comunicada a cada homem individualmente no sacramento do Batismo.
“A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santifica-la; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo. É em nós a fonte da obra da santificação” (n. 1999).
Quando nos batizamos, recebemos a graça santificante pela primeira vez. Deus (o Espírito Santo, por “apropriação”) estabelece a sua morada em nós. Com a sua presença, comunica à alma essa qualidade sobrenatural que faz com que – de uma maneira grande e misteriosa – Ele se veja em nós e, consequentemente, nos ame. E já que esta graça santificante nos foi conquistada por Jesus Cristo, por ela estamos unidos a Ele, compartilhamo-la com Cristo – e Deus, por conseguinte, nos vê como vê o seu Filho – e cada um de nós se torna filho de Deus.
Às vezes, a graça santificante é chamada também graça habitual, porque tem por finalidade ser condição habitual, permanente, da alma. Uma vez unidos a Deus pelo Batismo, deveríamos conservar sempre essa união, invisível aqui, visível na glória.
Retirado do livro: “A Fé Explicada”. Leo Trese.
Fonte: Clofas.com.br

Maria, a mais bela flor da primavera



“Da cepa brotou a rama, da rama brotou a flor, da flor nasceu Maria, e de Maria o Salvador”.
Ela nasceu no mês em que começa a primavera. Foi num dia como hoje que nasceu a mais bela flor da primavera…
A primavera é a estação bonita e alegre que traz a chuva que dá vida às plantas e faz as flores se abrirem e colorirem o mundo. É a preparação dos frutos que virão no verão. Maria é a Flor; Jesus, o Fruto bendito.
Você já parou para perceber como toda a natureza anuncia a chegada da primavera? Se pensarmos bem, poderemos constatar que Deus, em sua bondade infinita, criou flores para todas as estações do ano para nos encantar. Mas, é incrível o show que elas dão na primavera. Repare nas cores vibrantes, nos perfumes, tamanhos e complexidade. Cada qual com o toque misterioso da mão de Deus. As flores na primavera ficam, de fato, deslumbrantes!
Na verdade, toda natureza se agita. As borboletas e os beija-flores aparecem mais assiduamente em nossos jardins. Os passarinhos parecem dançar e cantar de alegria nos céus. Podemos até sentir um “ar diferente”… Que delícia, nos fins das tardes dessa época, poder fechar os olhos e sentir aquele “ventinho quente” nos tocando a pele. As criaturas parecem estar num clima de festa!
Assim como a primavera precede a estação dos frutos, Maria é a aurora que anuncia a chegada do Sol da justiça que traz a salvação nos seus raios, Jesus Cristo. A primavera vem depois do longo inverno, frio, sem flores, sem cores, onde a vida está hibernando para surgir triunfante. O povo de Deus passou por um longo inverno no exílio, esperando o Messias; até que Ele chegou no silêncio fértil do coração de Maria. No seio santo de Ana, vem ao mundo a Aurora que precede o grande Sol da Vida, quando a morte parecia ter triunfado sobre a humanidade. E a bela Flor da primavera traz o bendito Fruto do Verão.
Santo André de Creta, e muitos santos, cantaram as glórias de Maria, a flor mais linda do jardim primaveril de Deus. Ele comentou o nascimento da Virgem com essas palavras:
“Portanto cante e exulte toda a criação e contribua com algo digno para a alegria deste dia. É um só júbilo dos céus e da terra; juntos festejem tudo quanto está unido no mundo e acima do mundo. Pois hoje se construiu o templo criado do Criador de tudo, e pela criatura, de forma nova e bela, preparou-se nova morada para o seu Autor”.
O grande São Pedro Damião (1007-1072), doutor da Igreja, também falou desse dia:
“Hoje é o dia em que Deus começa a pôr em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo soleníssimo a inauguração de um templo de pedra…
Às trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus, representadas pelo templo de Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria. É justo, portanto, cantar este dia e Aquela que nele nasceu. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que fica? Como dizer que o Criador nasce da criatura?”
Segundo uma boa tradição, Maria nasceu de pais já velhos e estéreis, Joaquim e Ana, como resposta às suas preces. A paciência e a resignação com que sofriam, era como o inverno frio e sofrido que prepara o verão.
A mais bela flor da primavera é também cantada em prosa pelo Pe. Antônio Vieira:
“Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (…) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus” (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).
Visivelmente, nenhum acontecimento extraordinário acompanhou o nascimento de Maria e os Evangelhos nada dizem sobre sua natividade. Nenhum relato de profecia, nem aparições de anjos, nem sinais extraordinários são narrados pelos evangelistas. No entanto, São João Damasceno afirma que o nascimento a partir de uma mãe estéril já era um sinal das bênçãos especiais que recaem sobre Maria. Ainda, em sua Homilia sobre a Natividade de Maria, diz: “Hoje é o começo da salvação do mundo, porque foi-nos gerada a Mãe de Deus através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, nos foi gerado”.
Para desfrutar da beleza da primavera é preciso “ter olhos para ver” a beleza da Criação, e ver nela o Rosto do Criador; ter “ouvidos para ouvir” um sabiá que canta no interior da igreja na hora da Missa, e se encantar; “ter coração para sentir” o amor de Deus que se revela nas Suas criaturas, e se alegrar. Da mesma forma, para desfrutar das graças e bênçãos de Maria – a mais bela flor da primavera espiritual – é preciso ter os olhos da fé para ver sua grandeza, sua pureza, sua humildade, desprendimento, bondade, mansidão, coragem, fé…; ter ouvidos para ouvir suas poucas e eternas palavras; ter coração para sentir toda a força desse coração de Mãe de todos os homens.
Antes do Sol nascer a cada dia, a aurora o precede; antes de Jesus chegar, Maria preparou sua chegada. A longa espera do inverno do povo judeu terminou quando Maria nasceu.
Nos alegremos e bendigamos a Deus, pois como reza a Liturgia das Horas, ao nascer a santa Virgem, iluminou-se o mundo inteiro; feliz estirpe, raiz santa, e bendito é seu Fruto.
Fonte: Cleofas - Prof. Felipe Aquino

O Santíssimo Nome de Jesus


“Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Fil 2, 9-11).
A Igreja celebra a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, no dia 3 de janeiro. Mas às vezes esta festa passa despercebida.
São José teve a honra de ser encarregado por Deus para dar o Nome ao divino Menino. O arcanjo Gabriel disse à Virgem Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o Nome de Jesus” (Lc 1, 30-31). E depois o mesmo Arcanjo o confirma em sonho a José: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o Nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 20-21; Lc 2, 21).
Assim, o Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu; e tem poder. Santa Joana D´Arc morreu na fogueira repetindo o nome de Jesus. O nome Jesus representa a Pessoa divina do Verbo encarnado.
São Gabriel deixou claro a José a razão deste nome: “porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. A palavra Jesus em Hebraico quer dizer “Deus Salva” ou Salvador. Então, pronunciar o nome de Jesus com fé, é toma-lo como Divino Salvador.
É no Nome de Jesus que os pecados são perdoados. “O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Mc 2, 10). Ele pode dizer ao pecador: “Teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5). E ele transmite esse poder aos homens – os Apóstolos – (Jo 20, 21-23) para que o exerçam em seu Nome.
A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o Nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do “Nome acima de todo nome”. Os espíritos maus temem Seu Nome, e é em Nome d’Ele que os discípulos de Jesus operam milagres. É no Nome de Jesus que os enfermos são curados, é em seu Nome que os mortos ressuscitam, os coxos andam, os surdos ouvem, os leprosos ficam curados… Esse Nome bendito tem poder!
“Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu Nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18). Portanto, o Nome Santo de Jesus tem poder e deve ser invocado com respeito, veneração e fé.
“O Nome de Jesus é o único Nome divino que traz a salvação e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação, de sorte que “não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12). (Cat. n.432)
Os fariseus e doutores da lei quiseram impedir os Apóstolos de pregar em Nome de Jesus (At 4, 17-18). Mas eles se negam a deixar de pronunciar este santo Nome. O Nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula “por Nosso Senhor Jesus Cristo…”. A “Ave-Maria” culmina no “bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. O nome de Jesus está no centro da oração mariana; o Rosário é centrado no Nome de Jesus, por isso tem poder.
Aquele ceguinho de Jericó clamou com fé o Nome de Jesus e ficou curado: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”
(Fonte: https://cleofas.com.br/ - Prof. Felipe Aquino)

Ano A - Mateus 9,9-13

  S ÃO MATEUS APÓSTOLO E EVANGELISTA Festa – Correspondência de São Mateus à chamada do Senhor. A nossa correspondência. – A alegria da voca...