Estava sua mãe junto à Cruz (cf. Jo 19, 25).
Diante da Virgem Maria aos pés da Cruz, tanta dor e tanto sofrimento,
mas tanta fortaleza e fé, que neste momento Jesus Crucificado não poderia dar
maior presente aos seus discípulos e a toda humanidade, representada ali por
João o discípulo amado, senão a Sua santíssima Mãe. Maria conhece as dores do
nosso coração, por isso, depositemos em seu coração transpassado os nossos
pedidos e suplicas confiantes que tudo que pedirmos a Mãe o Filho atende. Os
santos e a Tradição da Igreja nos ensinaram a amar e venerar Maria seja na
alegria ou nas suas dores.
Somos convidados, hoje, a meditar os episódios mais importantes que os
Evangelhos nos apresentam sobre a participação de Maria na paixão, morte e
ressurreição de Jesus: a profecia do velho Simeão (Lucas 2,33ss.); a fuga para
o Egito (Mateus 2,13ss.); a perda de Jesus aos doze anos, em Jerusalém (Lucas
2,41ss.); o caminho de Jesus para o Calvário (João 19,12ss.); a crucificação
(João 19,17ss.); a deposição da cruz e o sepultamento (Lucas 23,50ss.).
Vejamos o que nos diz São Bernardo, um santo profundamente Mariano.
O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no
relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o
menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada transpassará tua
alma (cf. Lc 2,34-35).
Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada transpassou tua alma. Aliás,
somente transpassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu
Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe
o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela transpassou a tua
lama. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada
dali. Por isso a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos,
com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão
corporal.
E pior que a espada, transpassando a lama, não foi aquela palavra que
atingiu até a divisão entre alma e o espírito: Mulher, eis aí teu
filho? (Jo 19,26). Oh! Que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em
vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de
Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir
isso deixaria de transpassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos
corta os corações, tão de pedra, tão de ferro.
Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma.
Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os
maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do
coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.
Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele
morrer?” sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a
confiança. “E mesmo assim sofreu com o crucificado?” Com toda a veemência.
Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que
compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não
podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve
maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.
Dos sermões de São Bernardo, abade.
Eliana Ribeiro, conta Diante de um sofrimento, como sorrir?
O martírio que Cristo sofreu no corpo, Maria sofreu na alma. Ela conhece
as nossas dores. Tendo diante de nós tão grande testemunho de fidelidade e
grandeza de alma, eu pergunto para você: como anda a sua piedade
Mariana, sua devoção a Virgem Maria mãe de Jesus e nossa?
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