Da gruta de Belém, onde naquela Noite Santa nasceu o Salvador, o
olhar volta-se hoje para a humilde casa de Nazaré, para contemplar a
Santa Família de Jesus, Maria e José, cuja festa celebramos, no clima
festivo e familiar do Natal.
O Redentor do mundo quis escolher a família como lugar do seu
nascimento e do seu crescimento, santificando assim esta instituição
fundamental de todas as sociedades. O tempo passado em Nazaré, o mais
longo da sua existência, permanece envolto por uma grande discrição e
dele poucas notícias nos são transmitidas pelos evangelistas. Se, porém,
desejamos compreender mais profundamente a vida e a missão de Jesus,
devemos aproximar-nos do mistério da Santa Família de Nazaré para ver e
ouvir. A liturgia de hoje oferece-nos para isso uma oportunidade
providencial.
A humilde casa de Nazaré é para todo o crente, e especialmente para
as famílias cristãs, uma autêntica escola do Evangelho. Aqui admiramos a
realização do projeto divino de fazer da família uma íntima comunidade
de vida e de amor; aqui aprendemos que cada núcleo familiar cristão é
chamado a ser pequena «igreja doméstica», onde devem resplandecer as
virtudes evangélicas. Recolhimento e oração, compreensão mútua e
respeito, disciplina pessoal e ascese comunitária, espírito de
sacrifício, trabalho e solidariedade são traços típicos que fazem da
família de Nazaré um modelo para todos os nossos lares.
Desejei realçar estes valores na Exortação apostólica «Familiaris
Consortio». O futuro da humanidade passa pela família que, nos tempos de
hoje, mais do que qualquer outra instituição, foi assinalada por
profundas e rápidas transformações da cultura e da sociedade. A Igreja,
porém, nunca deixou de fazer chegar «a sua voz e oferecer a sua ajuda a
quem, conhecendo já o valor do matrimônio e da família, procura vivê-lo
fielmente; a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem
é injustamente impedido de viver livremente o próprio projeto familiar»
(Familiaris consortio, 1). Ela dá conta da sua responsabilidade e
deseja continuar, ainda hoje, «a oferecer o seu serviço a cada homem
interessado nos caminhos do matrimônio e da família»
Para realizar esta sua ingente missão, a Igreja conta de modo
especial, com o testemunho e contribuição das famílias cristãs. Melhor
ainda, «perante os perigos e dificuldades que a instituição familiar
atravessa, ela convida a um suplemento de audácia espiritual e
apostólica, na consciência de que as famílias são chamadas a ser ‘sinal
de unidade para o mundo’, e a testemunhar ‘o Reino e a paz de Cristo,
para os quais o mundo inteiro caminha’» (ibid. 48).
Os cristãos, recorda o Concílio Vaticano II, atentos aos sinais dos
tempos, devem promover «ativamente o bem do matrimônio e da família,
quer pelo testemunho da sua vida pessoal, quer pela ação harmônica com
todos os homens de boa vontade» (Gaudium et spes, 52). É necessário
proclamar com alegria e coragem o Evangelho da família.
Jesus, Maria e José abençoem e protejam todas as famílias do mundo,
para que nelas reinem a serenidade e a alegria, a justiça e a paz, que
Cristo, ao nascer, trouxe como dom à humanidade. - Padre Bantu Mendonça - canção nova.
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