A Oração - Ave Maria





Esta é com certeza uma das orações mais populares do mundo. Os cristãos rezam a ave-maria várias vezes todos os dias. Quem não conhece a oração do terço, onde repetimos em cada mistério dez ave-marias, enquanto contemplamos os momentos mais marcantes da vida de Cristo? Aprendemos esta prece no colo da mãe. Os pais ficam satisfeitos em ver seus filhos pequenos repetindo de cor: ave, Maria, cheia de graça…

Mas qual o sentido de cada uma das palavras desta prece que atravessou os séculos? Nesta série de postagens, meditaremos sobre uma palavra da ave-maria. Em 2002 fizemos isso com a oração do pai-nosso. Depois reunimos todos os artigos em um livro chamado “O Pai Nosso, Tim-tim por Tim-tim”. Em 2003 comentamos as invocações da Ladainha do Coração de Jesus. Também já publicamos um livro com estes artigos, pela Edições Loyola.

Agora chegou a vez de comentar a ave-maria. De onde viria esta primeira palavra? Foi retirada da saudação do anjo Gabriel à Virgem Maria, naquele dia memorável em que o céu conversou com a terra na casinha de Nazaré. O diálogo está registrado logo no início do evangelho de Lucas (1,26). A primeira palavra que o anjo diz é “ave”, ou melhor, “haire”. É que Lucas escreveu seu evangelho em grego, língua muito popular na época. Haire é grego. Ave é a tradução de “haire” para o latim, outra língua utilizadas pelos povos de então. Mas o que significam estas palavras? É uma saudação como hoje poderíamos diz: Oi, alô, Hei, Salve, Tudo bem, Olá… Mas “Haire” literalmente significa “Alegra-te”. A primeira palavra do céu à menina de Nazaré é um anúncio de alegria. Algumas línguas preferiram esta tradução literal para a oração: Alegra-te Maria, o Senhor é contigo. É o caso do francês: Je vous salue Marie

É muito bonito pensar que a mensagem do céu não começa com uma repreensão, com uma lição de moral ou com uma ordem autoritária. Tudo começa com um anúncio de alegria. Esta é a grande vontade de Deus; que a humanidade viva na paz, na justiça, na fraternidade, na alegria.

Há um outro detalhe muito interessante. Há pouco tempo estive em Portugal e fui convidado a rezar um mistério do terço na capelinha das aparições em Fátima. Rezeri como rezam todos os brasileiros: Ave Maria…, com o acento forte no a de ave. Todos me olharam com um ar estranho. Depois alguém me questionou|: você reza ave ou ave, com o acento no “e”. Só então fiquei sabendo que em Portugal se reza ave Maria. Com isso se evidencia a relação entre Eva e Ave. Ou seja, o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria (Santo Irineu, séc. II). Rezemos com alegria…



Avé Maria, olhando tua vida meu coração exulta de alegria. Teu sim nos mereceu o Salvador. Como não cantar: minha alma engrandece o Senhor!!! Em teu colo de mãe quero cantar com os milhões de irmãos e irmãs que foram gerados em teu ventre: ave Maria…mãe de Jesus!

Cheia de graça


A Ave-Maria é uma das orações mais conhecidas e populares do Cristianismo. É uma prece bíblica. Na verdade, repetimos aquilo que o Anjo disse à Maria no dia da Anunciação e está registrado no Evangelho de São Lucas, logo no capítulo 1. As duas primeiras palavras do Anjo são verdadeiros programas de vida. A primeira, que meditamos no mês passado, diz: “Ave”… ou “alegre-se”, como seria uma tradução mais fiel ao texto original. A segunda palavra é: “Cheia  de graça”. Mas, esta também não é uma tradução muito fiel para a palavra em grego utilizada por Lucas: keharitouméne. O que significa isso? Será que é preciso falar grego para poder rezar a Ave-Maria com devoção? Claro que não! Mas, existem verdades belíssimas que estão escondidas por detrás de algumas palavras que um primeiro olhar não consegue ver. Experimente ler este artigo até o final e você nunca mais rezará a Ave-Maria da mesma maneira. A palavra grega aí de cima vem de uma outra bem mais conhecida: kharis, que pode significar graça. E o que é a graça? Deus é graça. Quem tem Deus tem a sua graça! Maria foi cheia da graça de Deus desde o primeiro momento de sua existência. Por isso, a Igreja Católica professa o Dogma da Imaculada Conceição; naquela que habitava a plenitude da graça de Deus não poderia haver o pecado original. Os evangélicos preferem traduzir o keharitouméne como “agraciada”, para que ninguém imagine que o milagre acontecido no ventre de Maria pudesse ser fruto de seus méritos pessoais. Tudo foi fruto da graça de Deus. Mas, é claro que a graça sempre pede licença para entrar em nossa vida, como o Anjo fez com Maria em Nazaré; para que o milagre pudesse acontecer a Virgem teve que dizer o seu sim. Esta adesão de fé à graça é necessária para tudo em nossa vida. É como diz o velho ditado: Deus ajuda quem madruga. Maria aprendeu a lição. E, nas Bodas de Caná deu o conselho aos servos: “Façam tudo o que o meu filho vos disser”. E a ordem do Filho foi que enchessem as talhas de água. Ordem absurda! O que faltava era vinho. Por que encher talhas de água? Eles seguiram o conselho de Maria e a ordem de Jesus. Mais uma vez o milagre aconteceu. A água foi transformada em vinho. Água é o nosso esforço, nossa obediência… É importante, mas é apenas água. O vinho é o resultado do esforço humano fecundado pela Graça  de Deus. Este sim resolve nossos problemas. Sozinhos não somos nada. Mas se apresentarmos talhas vazias, a Graça não terá o que transformar. Por isso a graça de Deus supõe a natureza humana.

Que alegria, nossa mãe foi cheia da graça… foi agraciada. Nela o sim de Deus e o sim da humanidade se encontraram e o céu começou na terra. Jesus nasceu!

O Senhor é convosco


Dei uma carona para o Pe. Darci Dutra, velho conhecido, amigo e confrade de congregação, estudioso da Bíblia que teve oportunidade de fazer uma especialização na Escola Bíblica de Jerusalém. Lecionou durante quase 30 anos nos cursos de teologia bíblica. Quando lhe disse que deveria escrever um artigo sobre esta frase da ave-maria: “O Senhor esteja convosco”, ele me surpreendeu dizendo: “sempre achei que a Igreja deveria modificar a tradução desta frase”. Confesso que eu nunca havia pensado nisso. Parei um momento, refleti, rezei em voz alta a ave-maria. Não vi nada de errado. Quantos terços eu já havia rezado utilizando esta fórmula bíblica que aprendi como criança. Arrisquei perguntar que mudança poderia haver em oração tão popular? Ele respondeu que o certo seria dizer: “O Senhor está convosco”. Sabe que eu nunca tinha pensado nisso? Uma luz brilhou em meus olhos e em minha mente. Mas é claro. Este é o grande refrão da Bíblia. É a mais marcante fórmula da Aliança. Não foi isso que Deus disse para Moisés no episódio da Sarça ardente quando este lhe perguntou o seu nome. Deus respondeu: “Eu sou aquele que estou” (Ex 3,12-14). Esta é a certeza que anima o profeta: “O Senhor está comigo”. Se quiser verificar como esta frase aparece na Bíblia com insistência procures os textos: Ag 2,4-5; Gn 21, 22; 26,3; 24,28; 31,3; Ex 3,12, 18,19; Dt 20,1; 31,8-23; Js 1,5.9; 3,7; Jz 6,12; Rt 2,4. O Evangelho escrito por Mateus também tem este mesmo refrão. Logo no início Jesus é anunciado como “Emmanuel, Deus conosco” (Mt 1,23). No mesmo livro, no último capítulo Jesus faz uma promessa confortadora antes de voltar para o Pai: “Estarei convosco todos os dias, até a consumação dos tempos” (Mt 28,20).

            Diante de todas estas evidências bíblicas de que nosso Deus é um Deus presente, é um Deus Conosco, entendemos que a alegria e a graça anunciadas pelo anjo a Maria tem uma causa: “Deus está contigo”. Por isso ela é cheia de graça. Por isso ela pode ser chamada de “Arca da Aliança”. Nela o Espírito Santo realiza a presença de Deus na história. Em latim rezamos Dominus tecum. Significa exatamente o Senhor está contigo. Em grego rezamos kirios meta su. É a mesma coisa. Em francês temos o mesmo problema “Le Seigneur est avec vous”. Acontece que nesta língua o verbo ser e estar quase se confundem. Dizer que “o Senhor é aqui” é quase a mesma coisa que dizer que ele “está aqui”. Mas em português o uso do verbo estar é muito claro e distinto. Quando rezamos que “O Senhor é contigo” quase não conseguimos lembrar que estamos fazendo uma profissão de fé na presença de Deus na História por meio do seu espírito que agindo em Maria tornou possível a encarnação do Verbo e o nascimento do Salvador, Jesus.

            O mais curioso é que a maioria das traduções da Bíblia já corrigiram este erro. Mas continuamos rezando a ave-maria da mesma maneira. A esta altura questionei o Pe. Darci dizendo que poderíamos continuar rezando assim e educar o povo no verdadeiro significado da frase, já que é difícil mudar um costume tão enraizado no meio do povo. Ele me respondeu: “Engano sei”. A mesma coisa já aconteceu com o pai-nosso que era “padre-nosso” e lá no final falava de dívidas e não de ofensas. A Igreja fez a mudança e todos seguiram a nova orientação.

            Não vou me atrever sugerir à CNBB que mude a letra da ave-maria, mas na oração pessoal podemos vez por outra fazer esta experiência de rezar: “Alegra-te, Maria, o Senhor está contigo…”

Bendita sois vós


A cena é muito conhecida. Maria, já grávida de Jesus, resolve visitar a sua prima Isabel. Os 120 quilômetros foram feitos em clima de solidariedade com a sua parente que já estava grávida de seis meses e poderia precisar de ajuda na hora do parto. Naquele tempo não havia nem telefone, nem correio nem internet. Isabel certamente não tinha a mínima idéia que receberia a visita de Maria. Qual não foi sua surpresa quando viu a prima subindo já cansada aquele morro em direção à sua casa. No abraço os dois ventres se encontram e pela primeira vez Jesus encontra com seu primo João Batista. O menino se mexe de alegria no ventre de Isabel e esta fica cheia do Espírito Santo e começa a louvar a Deus dizendo: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Bendita significaabençoada”. A presença de Maria é sinal da bênção de Deus para Isabel. Lembre que bênção não é nada mais do que a Palavra de Bem que Deus pronuncia em nosso favor. Podemos bendizer a Deus. Ou seja: Louvar! Quando louvamos a Deus na verdade elevamos uma prece de bênção que sobe aos céus. Mas Deus também pode nos bendizer, ou seja, dizer o bem. Cada minuto de nossa vida é um sinal da bênção de Deus. É motivo de louvor. Mas há momentos em que a bênção de Deus transborda de maneira mais intensa e evidente em nossa vida. Foi isso que aconteceu naquele dia na cidade de Ain Karin. Isabel já não era mais tão jovem. Zacarias, seu esposo estava com sérias dificuldades para enxergar. As coisas estavam complicadas na casa de Isabel. A chegada de Maria foi um sinal evidente da bênção de Deus para Isabel. Apenas a sua presença já seria motivo de louvor. Mas Maria não foi sozinha. Em seu ventre ela levava o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Ela era naquele momento o mais importante templo da humanidade. Em seu ventre o verbo havia se tornado gente. Maria era um sacrário vivo. Portanto a bênção maior não era a disponibilidade humana de Maria, mas a presença divina que trazia em seu ventre.

Certamente a visita continuou como muita conversa e alegria. Mas a bíblia registrou pelo menos uma profecia de Isabel: “Bendita aquela que acreditou: o que foi dito da parte de Deus se cumprirá” (Lc 1,45) Aqui está a porta da bênção: acreditar! Maria acreditou, teve fé, por isso deu o passo e disse sim! Mas sua fé não apenas retórica. É uma fé operante em favor do irmão. Por isso ela sai com pressa para ajudar a prima. Interessante se agora você tomar a sua bíblia e ler o magnificat que Maria canta para sua prima. É uma coleção de salmos e pequenos versos bíblicos que mostram a atitude correta de quem é chamado de bentido. Devemos apontar para o verdadeiro autor: “O Senhor fez em mim maravilhas… sim, doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,46.48b). Sempre fico pensando nesta atitude humilde de nossa mãe de reconhecer os favores, as bênção de Deus.  Penso também que alguns cristãos que tem bloqueios e resistências para elogiar Maria se excluem da profecia: todas as gerações me chamarão de bendita. Está no Evangelho! Portanto, quem é verdadeiramente evangélico e crente deverá rezar: Bendita sois vós entre as mulheres!

Entre as mulheres


Continuamos o nosso desafio de comentar cada frase, cada palavra da oração da ave-maria. Já vimos que começa com a saudação do anjo Gabriel: “Alegra-te, cheia de graça, porque o Senhor está contigo”. E continua com a explosão de alegria de Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). O que poderia significar este “entre as mulheres”?

            Meu amigo e confrade de congregação, Pe. Zezinho, já compôs centenas de músicas inspiradas. É difícil dizer que é mais bonita ou mais profunda. Mas, com certeza, uma delas ficará definitivamente marcada na memória dos cristãos. Quem não conhece “Maria de Nazaré, Maria me cativou. Fez mais forte a minha fé e por filho me adotou”. Pois bem, há nesta canção uma frase que pode até passar despercebida no cantarolar da canção, mas é de um significado muito profundo: “Em cada mulher que a terra criou, um traço de Deus Maria deixou…”. Pode até parecer meio exagerado, mas Maria é um modelo, uma referência, um ícone do humano e, principalmente do feminino.

            Toda a tradição cristã reconhece em Maria a “nova Eva”. Santo Irineu, já no século II costumava dizer que “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria”. Faz algum tempo que estive em Portugal e fui convidado para presidir a oração do terço na capela das aparições, em Fátima. Ao terminar, uma senhora aproximou-se gentil e, num sorriso, disse com simplicidade: - “Senhor padre, percebi que vocês brasileiros rezam ‘ave Maria’ e não ‘avé Maria’. Seria mais adequado colocar um acento no ‘avé’, para lembrar que Maria é o contrário de ‘Eva’”. Aquilo ficou na minha cabeça. Algum tempo depois o Papa João Paulo II lançou a carta sobre o Rosário (Rosarium Virginis Mariae) e lá estava: “A repetição da Avé Maria no Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus” (nº 33).

            Maria é apresentada na Bíblia como a bendita entre todas as mulheres. O evangelista São Mateus nos surpreende e deixa como que desconcertados. Seria de esperar que ele colocasse na genealogia de Maria mulheres santas e famosas como Sara, Rebeca, Lia e Raquel, esposas dos patriarcas. Ao invés disso o texto de Mateus 1,1-16 cita entre os ascendentes de Jesus quatro pecadoras: Tamar, Raab, Rute e Betsabé. Tamar não tinha filhos e por isso fingiu-se de prostituta para seduzir seu sogro, Judá (Gn 38); Raab é uma prostituta famosa em Jericó (Js 2); Rute é pagã e moabita (Rt 4,17); e Betsabé é a conhecida esposa de Urias com  a qual aconteceu o pecado de Davi que gerou Salomão. Como podemos observar, é nesta história de pecado que Maria aparece para colaborar com seu “sim” na salvação da humanidade. Por isso podemos dizer que ela é “bendita entre as mulheres”. Se trazemos em nossa carne a marca do pecado das origens; trazemos a memória de Adão e Eva; também podemos dizer que ficamos marcados pelo sim de Maria; trazemos a memória da obediência de Jesus que nos salvou.

Bendito é o fruto do vosso ventre


Nosso pensamento volta 2.000 anos no tempo. Quase podemos ver aquela pequena cidade de Ain-Karin, distante 15 km de Jerusalém e cerca de 100 Km de Nazaré. Nas encostas da montanha ficava a casa de um casal em festa: Isabel e Zacarias que esperavam seu primeiro filho, João Batista. Isabel era prima de Maria e já tinha uma certa idade. Precisava de ajuda pois se aproximavam os dias em que teria que dar à luz. Maria num gesto bonito de solidariedade sai de Nazaré e faz a longa caminhada para servir Isabel. No ventre de Maria já estava o menino Jesus. Que cena bonita o encontro das duas primas. É o primeiro abraço de Jesus com seu precursor, João Batista. O menino estremece de alegria no ventre de Isabel e ela fica cheia do Espírito Santo e começa a rezar, louvar, dar glórias a Deus. Maria ouve sorridente, mas em silêncio. Entre tantas preces Isabel diz em alta voz: “Bendita é tu entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre!” A Igreja preservou a memória destas palavras na ave-maria. Todos os dias rezamos o mesmo louvor. Seria interessante voltar nosso pensamento para o abraço cheio de ternura com que a frase foi proclamada. Maria também nos visita com sua prece, sua intercessão. Precisamos estar cheios do Espírito Santo para rezar esta prece com sinceridade de coração.

            Um pouco mais adiante Maria rompe o silêncio e faz sua prece em canção. O evangelista São Lucas tentou recompor este canto juntando uma série de trechos bíblicos que conhecemos como Magnificat (Lc 1, 46-55). Foi uma tarde de louvor. Em sua oração Maria profetiza: “Sim, doravante todas as gerações me chamarão de bendita!” Nós fazemos parte desta geração que chama Maria de bendito. Fazemos isso toda vez em que rezamos a ave-maria. É certo que alguns cristãos preferem se excluir desta geração profetizada por Maria. Desta maneira se excluem desta profecia bíblica. Excluem tudo aquilo que se refere a Maria. A isto chamamos de minimalismo mariano. É um erro que devemos evitar.

            Mas é importante dizer também que a devoção mariana não é um fim em si mesma. A própria ave-maria não estaciona no louvor à Mãe de Deus. Aponta um pouco mais adiante para Jesus! Maria é o sacrário onde habita o Senhor. Existem cristãos que estão de tal forma apegados a uma devoção mariana exagerada que chegam a colocar Maria no lugar do próprio Deus. A isto chamamos de maximalismo mariano. É um erro condenado pela Igreja Católica. Quando recebemos o abraço de Maria sempre ficamos cheios do Espírito Santo e sentimos a presença de Jesus. Isabel é um bom exemplo de como deve ser a corrreta devoção mariana: simples, sábia, serena, saudável!

Jesus


O nome de Jesus aparece bem no meio da ave-maria. O papa João Paulo II chamou atenção sobre este fato em sua recente carta sobre o Rosário: “O baricentro da Avé Maria, uma espécie de charneira entre a primeira parte e a segunda, é o nome de Jesus. Às vezes, na recitação precipitada, perde-se tal baricentro e, com ele, também a ligação ao mistério de Jesus que se está a contemplar. Ora, é precisamente pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário. Já Paulo VI recordou na Exortação apostólica Marialis cultus (nº 46) o costume, existente nalgumas regiões, de dar realce ao nome de Cristo acrescentando-lhe uma cláusula evocativa do mistério que se está a meditar. É um louvável costume, sobretudo na recitação pública. Exprime de forma intensa a fé cristológica, aplicada aos diversos momentos da vida do Redentor. É profissão de fé e, ao mesmo tempo, um auxílio para permanecer em meditação, permitindo dar vida à função assimiladora, contida na repetição da Avé Maria, relativamente ao mistério de Cristo. Repetir o nome de Jesus – o único nome do qual se pode esperar a salvação (cf. Act 4, 12) – enlaçado com o da Mãe Santíssima, e de certo modo deixando que seja Ela própria a sugerir-no-lo, constitui um caminho de assimilação que quer fazer-nos penetrar cada vez mais profundamente na vida de Cristo (Rosarium Virginis Mariae, nº 33).

            Fizemos questão de citar este longo trecho por ser uma observação do Santo Padre que certamente será uma novidade para você. Desde que li estas palavras comecei a mudar o meu jeito de rezar a ave-maria, para ressaltar o nome de Jesus e concertar minha atenção na contemplação do mistério, já que Maria sempre aponta para Jesus. Como seria na prática? Rezo normalmente até “e bendito é o fruto do vosso ventre…” e então respiro antes de pronunciar este nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e nos abismos (Fil 2,9-10) e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor (Fil 2,11). Realmente neste nome há poder. Não devemos pronunciá-lo de qualquer maneira. Após dizer “Jesus”, acrescento a memória do mistério que estou contemplando. Por exemplo, se for o primeiro Mistério da Luz, rezo assim: “Jesus, batizado no Jordão”, e vou repetindo isso em cada ave-maria, durante todo o terço.

            Este nome escolhido pelo próprio Deus (cf. Lc 1,31; Mt 1,21) em hebraico seria Yhôschuah, ou Yeschuah, em sua forma simplificada. Ambas têm o mesmo significado: Deus Salvador. Ao repetir o nome de Jesus pedimos que ele realize em nós o seu significado: a nossa salvação!

Santa Maria


Parece natural chamar Maria de santa. Mas será que entendemos exatamente o que isso significa? Você sabe o que é ser “santo”? Banalizamos esta expressão com a multiplicação de imagens de “santos”. Acabamos achando que a santidade é o privilégio de algumas pessoas que recebem a honra dos altares. Maria seria a primeira de todas as santas. Ser santo é mais do que isso. Em latim temos a palavra sanctus que vem do particípio passivo do verbo sancire: estar separado, ser distinto. O Templo de Jerusalém tinha o Santo dos Santos, um lugar separado onde se oferecia o incenso a Deus. Santo, neste sentido, é ser maior que o mundo, ultrapassar a história, transcender o tempo e o espaço, ser infinito, eterno, imortal! Deus é Santo. É o Totalmente Outro. Só Deus é santo. Lembre do conselho que Moisés ouviu na sarça ardente: “tira as sandálias dos teus pés, porque este lugar é santo” (Ex 3,5).

            Mas então como podemos dizer que Maria é santa? Ela não tinha todas estas qualidades de Deus! Esta é a parte bonita da história. Deus partilha conosco a sua santidade. O Espírito de Deus nos santifica. Ele nos configura a Jesus. Faz de nós imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1,26). Somos cristiformizados. Maria foi feita “cheia de graça” porque o Espírito a santificou com sua presença: “O Espírito virá sobre ti e te cobrirá com sua sombra; e por isso aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35). O mesmo acontece com cada um de nós desde o dia do batismo, quando o Espírito nos cobriu com sua sombra. Começou naquele dia a história da nossa santificação. Cada dia podemos dar um passo e responder a esta graça ficando mais parecidos com Jesus. É claro que podemos também ficar parados e simplesmente não responder. Os santos são aqueles que escreveram esta história com sangue, suor e lágrimas. Escreveram a santidade com gestos concretos em favor dos irmãos; com preces e muita penitência. Paulo viveu este mistério maravilhoso. É ele quem diz: bendito seja Deus (…) que nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos” (Ef 1,4). Pedro foi santo. Ele disse: “Fomos eleitos segundo os desígnios de Deus Pai, pela santificação do seu Espírito” (Pd 1,2). Já no Antigo Testamento ouvimos a exortação: “Sede santos como Deus é santo” (Lv 11,4). Jesus atualizará este pedido dizendo: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48).

            Sim! Maria é santa. Ela viveu intensamente esta realidade de ser imagem e semelhança do Amor. Dizem que os filhos se parecem com os pais. Tem um ditado que diz: filho de peixe, peixinho é! Se somos filhos de Deus, devemos ser imagem do Amor. Esta é a nossa identidade mais profunda e caminho de realização plena. O interessante é que Jesus devia ser parecido com Maria no rosto e Maria era a imagem de Jesus no coração. É o único caso na história em que a mãe se parecia com o filho. Isto traduz o mistério de santidade que Paulo traduziu de maneira genial: “Eu vivo, mas já não sou eu quem vivo, Cristo vive em mim” (Gal 2,20).

Mãe de Deus


Existem quatro dogmas marianos. Os dois mais recentes são Imaculada Conceição e Assunção. Os outros dois tem suas raízes nas páginas da Bíblia e nos debates dos teólogos dos primeiros séculos da era cristã: Virgindade Perpétua e Maternidade Divina. É exatamente este último dogma que proclamamos quando rezamos: Santa Maria, mãe de Deus. Se a afirmação bíblica da virgindade de Maria tinha o propósito cultural de afirmar que Jesus Cristo é Deus  (cf. Mt 1,18-25), dizer que ela é Mãe de Deus tem unicamente a finalidade de defender que Jesus é também humano. Afirmar as duas coisas significa crer firmemente na verdadeira encarnação de Jesus, assumindo a nossa carne para nos salvar. Conforme afirmava Santo Irineu já no século 2 “somente o que foi assumido poderia ser redimido”. Estava claro que a nossa salvação depende da verdadeira encarnação do Verbo em Jesus Cristo pela ação do Espírito Santo no ventre de Maria. Não é possível separar a natureza humana e divina de Jesus. Ele não era 50% Deus e 50% homem, como alguns pareciam sugerir. Outros achavam que ele era somente Deus em uma aparência humana. Havia mesmo que dissesse que Jesus era apenas homem, messias, profeta, mas não poderia ser Deus. O que está em jogo é a famosa frase do Evangelho de João: “O verbo se fez carne e armou entre nós a sua tenda” (1,14). É no contexto destes debates para defender a nossa salvação defendendo a verdadeira encarnação que os teólogos começam a prestar mais atenção à figura de Maria como aquela que garantiria a verdadeira humanidade de Jesus. Os poetas, por sua vez, entram na conversa chamando Maria de Theotokos, ou seja, mãe de Deus. Muitos acharam o título meio exagerado. Aconteceram muitas reuniões e debates para saber se era adequado dizer que Maria era mãe de Deus. Finalmente no ano 431, no Concílio de Éfeso esta verdade foi solenemente definida. Veja o texto exato do dogma: “Se alguém não confessa que Deus é verdadeiramente o Emmanuel, e por isso a santa Virgem é mãe de Deus (pois deu à luz carnalmente ao Verbo de Deus feito carne) seja anátema”. O Concílio de Calcedônia iria afirmar de maneira ainda mais precisa alguns anos mais tarde (451): “O Filho que antes dos séculos é gerado pelo Pai segundo a divindade, nos últimos dias, do mesmo modo, por nós e por nossa salvação é gerado por Maria Virgem e mãe de Deus, segundo a humanidade”.

Fica claro que Maria não gerou Deus. Mas por obra do Espírito, em seu ventre foi gerado o nosso salvador, Jesus Cristo, que assumiu toda a nossa natureza para nos salvar. Por isso ele é 100% Deus e 100% Humano. Eu disse: ele é! Jesus no céu continua sendo “verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, sem separação, nem confusão” (Calcedônia). Houve um momento de “encarnação” em Nazaré. Mas nunca existiu uma “desencarnação”, nem com a morte, nem com a ressurreição, nem com a ascensão. Jesus voltou para o Pai levando algo de nossa carne que herdou do corpo daquela Mulher de Nazaré.

Não tenha receio de chamar Maria de “mãe de Deus”. Reze esta prece com a convicção de que este título é mais do que um elogio à mãe de Jesus. É um garante da nossa salvação.
           

Rogai por nós pecadores


Vivemos em uma época em que todos estão muito sensíveis à solidariedade. Você já percebeu como esta palavrinha aparece em cartazes, propaganda dos mais diversos produtos, comerciais de televisão, nome de iniciativas governamentais etc. O papa João Paulo II chega a dizer que a “paz é fruto da solidariedade” (Sollicitudo Rei Socialis nº 39). Este será também o tema da Campanha da Fraternidade – 2005: Solidariedade e Paz.

            Mas o que é que isso tem a ver com as palavras da ave-maria que meditamos este mês? É que a intercessão é uma forma maravilhosa de solidariedade espiritual. O “fato” é que todos estamos mais próximos do que pensamos. Estamos no mesmo barco. Todos comemos o fruto da mesma terra, respiramos o mesmo ar. De certa forma somos parte do mesmo corpo que é o universo. Precisamos reconhecer esta realidade e ser um pouco mais “corporativos”. Fiquei indignado quando vi o carro da frente jogar aqueles papéis pelo vidro sujando as ruas e poluindo o mundo com a mais completa falta de sensibilidade ecológica. Se é verdade tudo isso, então minhas lágrimas choram em mais alguém, os gritos dos pobles da Sibéria de alguma forma podem ser ouvidos na Nova Guiné, os sofrimentos das mulheres Tailandezas machucam as  árabes e a indiferença ao menores de rua de São Paulo influenciam na tristeza daquele jovem de New York. Parece poesia, mas não é. Temos no credo até um dogma que fundamenta esta solidariedade universal: creio na comunhão dos santos. É mais radiucal ainda. Acreditamos que até aqueles que já nasceram definitivamente em Deus e estão na Igreja triunfante, permanecem de alguma forma espiritual unidos a nós da Igreja militante. Eles e nós temos algum elo com a Igreja padecente que se purifica para a entrada no Reino definitivo. E que elo seria esse? É que todos somos batizados e pertencemos ao mesmo Corpo Místico de Cristo. Nele temos perfeita comunhão. Nele vivemos a perfeita solidariedade. O apóstolo Paulo já dizia estas coisas com palavras tocantes como: “Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação à Cristo, que é a cabeça. É dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graças a atuação devida de cada membro” (Efésios 4, 16).

            Maria também é um membro deste corpo que vibra, torce e reza por cada um de nós. Fui para o seminário muito cedo. Há 28 anos faço a experiência de ser um filho distante. Mas nunca senti esta distância como uma separação total. Conversamos. Trocamos cartas, e-mails e uma visita quando aparece uma oportunidade. Maria da Glória faz isso na terra. mas existe uma outra maria que faz isso na glória do céu. Ela sente de meus sentimentos. Tem sensibilidade com meus sofrimentos pois faz parte do mesmo corpo que eu. Ela reza por mim e por você. A poeta não errou quando fez o Brasil cantar: “Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida… cuida de mim!”

Agora e na hora da nossa morte


Eu era muito jovem quando fui ao enterro de um ente querido. Quando estava para fechar a sepultura o padre olhos para nós e disse com convicção:

            - “Agora, irmãos, vamos rezar uma ave-maria pelo primeiro de nós que vier a falecer”.

            Todos se olharam pelo canto do olho e rezaram com voz tímida e um certo contrangimento. Ninguém parecia querer aquela prece para si. Outro dia um pregador perguntou “à queima roupa”  no meio de uma palestra:

            - “Quem quer ir para o céu…?”.

            Todos levantaram o braço rapidamente. Mas ele completou:

            - “Hoje!!!”

            Não ficou sequer um de braço erguido. Gostamos da idéia de ir para o céu. Mas bem que poderia ser daqui a uns 120 anos. A terra tem mil defeitos, mas diante da morte, até que é um lugar bom pra se viver. Isto não é falta de fé. É a lei da gravidade que nos prende a este chão e nos faz gostar da vida. Não é normal gostar de sofrer e desejar morrer. Aliás, quem sente desejo de morrer precisa procurar um médico, urgente.

            Só temos duas certezas absolutas na vida: estamos vivos e um dia vamos morrer. Mas ninguém sabe quando nem como. Esta certeza incerta nos incomoda e faz pensar. Melhor do que pensar demais e perder o sono é entregar esta realidade a Deus pelas mãos de maria. Por isso terminamos esta prece dizendo: “agora e na hora de nossa morte”. A mãe está conosco a todo momento, especialmente os mais difíceis.

            Esta frase é também uma reafirmação da esperança que não decepciona. Na salve-rainha rezamos: vita, ducedo et spes nostra, salve. Significa: vida, doçura e esperança nossa, salve. Aquela que esperou Jesus nove meses nos ensina a viver a vida como um grande “advento”. A morte não é mais do que o nosso “natal” definitivo. Morrer é nascer para sempre. Quando a gente nasce, começa a morrer. A vida é morrer todo dia um pouco. Quando morremos pelo irmão, aprendemos que isto é amar. Foi isso que Jesus fez e ensinou. Quem aceita morrer viverá. Quem se apegar a vida… morrerá por antecipação. Por isso o amor é vida. O salário do pecado é a morte. Quando nascemos, todos fazem festa e o recém nascido chora. Quando morremos as pessoas choram. Mas o “recém-nascido” faz festa.

            Maria entende muito bem da arte de consolar os que estão morrendo. esteve silenciosamente ao pé da cruz de seu filho. Nem uma palavra. Apenas olhares. Quantos que comeram o pão multiplicado, ouviram os belos sermões, viram a água transformada em vinho, paralíticos curados, cegos, pecadores… tantos. Apenas João e algumas marias ao pé da cruz. Mas para Jesus não importava tanta solidão. A mãe estava lá. Colo de mãe é bom a qualquer hora e em qualquer idade. Rezar a ave-maria é pedir colo para a Mãe de Deus, agora e na hora da nossa morte!
          

Amém


Ao longo de todo este ano meditamos cada frase da ave-maria. Chegamos ao final com esta palavrinha que é muito repetida mas nem sempre bem entendida: AMEM. Na verdade ela é muito rica de significados. Sua origem é o verbo hebraico amén, que significa amparar, suportar, confiar, ser verdadeiro, o que permanece firme, verídico, seguro, eterno. Aparece muitas vezes no Antigo Testamento, como por exemplo em 1 Reis 1,36: “Amém! Seja essa a declaração do Senhor Deus do meu senhor, o rei!”. Como podemos ver este é o significado mais conhecido do “amém” como confirmação de um compromisso assumido. O mesmo aparece em Jeremias 11,5: “E eu respondi: Amém, Senhor”. Um outro exemplo muito interessante encontra-se em Deuteronômio 27,15-26. São doze versículos  em que ao final o povo sempre exclama: Amém!  Um sentido um pouco diferente encontramos na oração de Davi que está em 1 Crônicas 16,36. Aqui o significado é mais expressão de um desejo ou esperança em que Deus irá realizar o que estamos pedindo. No Novo Testamento a palavra “amém” aparece muitas vezes com significado semelhante aos que encontramos no Antigo Testamento. Mas em Apocalipse 3,14 aparece uma novidade: Amém é usada como um nome próprio atribuído a Cristo. “Assim fala o Amém, a testemunha fiel e verdadeira [...]”. Pode ser uma alusão ao texto de Isaías 65,16 em que existe a expressão “Deus do Amém”, no sentido de Deus da Verdade. Assim, chamar Jesus de Amém é afirmar que ele é o verdadeiro Deus. Podemos acreditar em suas promessas, em suas palavras. Ele é a testemunha fiel e verdadeira de Deus. Jesus utilizava a palavra Amém no começo de afirmações importantes. A Bíblia traduz por: “em verdade em verdade vos digo…” (João 1,51; 3,3). Aparece 25 vezes no Evangelho de João, 30 vezes no Evangelho de Mateus, 13 vezes em Marcos, e 6 em Lucas. Nos outros livros do Novo Testamento a palavra “Amém” aparece 70 vezes. Portanto, toda vez que repetimos esta palavra estamos reafirmando nosso compromisso, nossa aliança com Deus. Repetimos o “amém” do próprio Cristo. Nele nos tornamos “amém”. Isto significa tornar-se seu seguidor, de Nazaré até a cruz; viver a sua mística; obedecer sua palavra; viver sua mensagem de amor aos irmãos. Repetir amém demais sem pensar no significado pode ser perigoso. É interessante quando um pregador ao final de sua mensagem pede a adesão da assembléia: Amém? E todos responde com convicção: Amém!!!Não foi exatamente isso que Maria fez ao final de sua conversa com o anjo Gabriel na Anunciação? A primeira ave-maria da história começou com uma saudação: Alegra-te, Maria, o Senhor está contigo. E terminou com a adesão da Virgem: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua promessa (cf. Lucas 1, 38). Em outras palavras: o milagre de nossa salvação passou por uma palavra dita pelos lábios santos de Maria: AMÉM! (Fonte: Canção Nova)


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