quinta-feira, 24 de março de 2016

As dores de uma mãe


As dores de uma mãe são como espada transpassada na alma

“E uma espada transpassará a tua alma” (Lucas 2,35) disse Simeão à Maria, mãe de Jesus, ao profetizar sobre os momentos dífíceis que ela haveria de passar.
Por amor, não existe cruz que não possa ser carregada ou momentos difíceis que não possam ser superados. Ao vivenciarmos a Procissão do Encontro somos convidados a meditar as dores de uma mãe e seu filho que ali em meio a multidão nos levam a entender o que realmente é confiar.
Na noite desta quarta-feira, 23, o silêncio no santuário do Pai das Misericórdias foi quebrado pela oração. Nos olhos atentos de cada pessoa ali presente foi possível compreende uma pequena fração daquele grande mistério, em que Virgem das Dores e seu filho Jesus nos levam a refletir sobre nossas sofrimentos. Para uma mãe, muitas vezes é difícil entender a dor da perda, sentimento pelo qual jamais se imagina passar.
Marilene tem três filhos e em suas orações pede a Deus que se lembre de cada um deles e faz da Virgem das Dores seu modelo de mãe e mulher: “A gente sente uma vontade muito grande de ser como ela”, afirmou Marilene.
De alguma, forma vivenciar esse encontro nos leva a adentrar no sofrimento vivido por mãe e filho, Maria em seu semblante deixa claro o quanto é doloroso ver o filho que ela concebeu, criou e amou, desfigurado com sua cruz caminhando até o calvário.
Para viver bem esse momento é preciso uma entrega total, Thilda Menezes é baiana, mãe e avó, afirma ser mãe duas vezes, ela do início ao fim da procissão permaneceu com o neto no colo.
A cada dor refletida ela se identificava quase que de imediato e como Maria que não deixou seu filho e que em todo momento se fez presente durante o sofrimento vivido por Ele, Thilda conta que se sentiu literalmente mergulhada naquele mistério.
“No momento que Nelsinho falava senti como se estivesse ali com Jesus, eu lhe dizia: eu estou aqui, eu estou aqui Jesus! E com Ele me coloquei a caminhar rumo ao calvário, como mãe que não deixa seu filho. Não há lugar mais seguro que os braços da mãe”, destacou Thilda ao falar dos filhos da como exemplo a maneira com que seu neto está deitado em seu colo.
“Quando eles são pequenos a gente leva no braço, a gente cuida, mas chega uma hora que a gente não pode mais estar com os filhos nobraço, mas ainda sim quer proteger como se tivesse. Mas não pode né”, afirmou a senhora.
Durante a oração a avó permanece com olhos fechados e segurando firmemente seu neto, nem mesmo a chuva que caia fora do Santuário e os relampagos que insistiam em mostrar sua força, foram capazes fazê-la esquecer aquele momento.
“Aos poucos fui lembrando dos meus outros netos, da minha família e das situações que a gente vive que acabam sendo também um calvário. Tem momentos que a gente pode resolver as coisas com a mão, faz isso ou faz aquilo, mas os momentos que a gente não pode, é preciso lembrar que tenho Nossa Senhora e Jesus que me fazem permanecer confiante, que eles possam providenciar tudo. É entrega, o que a gente não pode fazer é pedir a Deus que faça, é acreditar que Ele está a frente de tudo.
No decorrer da procissão, somos convidados a fazerem um momento de profunda espiritualidade e meditar o Sermão das Sete Palavras de Cristo e as sete dores da Mãe de Deus.
Sobre a procissão
A Procissão do Encontro é um momento de profunda espiritualidade em que as pessoas são convidadas a meditarem o Sermão das Sete Palavras de Cristo e as sete dores da Mãe de Deus.
Na Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), este evento ocorreu na noite desta quarta-feira, 23, às 18h, no Santuário do Pai das Misericórdias.
Na primeira palavra, “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lucas 23, 34a)”, o diácono Nelsinho Corrêa convidou os participantes a refletirem sobre a atitude que possuem quando ofendidos e caluniados e assim, como Cristo, os incentivou a corresponderem com amor. Quanto a primeira dor de Maria indicada pela profecia de Simeão – “E uma espada transpassará a tua alma” (Lucas 2:35) -, diácono Nelsinho convidou, de maneira especial, as mães a entregarem seus filhos a Nossa Senhora das Dores.
Já na segunda palavra – Hoje estarás comigo no paraíso (Lucas 23,43), padre Márcio Prado instigou as pessoas a perdoarem umas as outras assim como Cristo perdoou o ladrão na Cruz. A dor de Maria causada pela perseguição de Herodes e a fuga para o Egito, o sacerdote clamou por todas as famílias do mundo todo.
Na terceira palavra – Mulher, eis aí o teu filho, filho, eis aí a tua mãe (João 19, 26-27), diácono Gilberto pediu que os fieis acolhessem Maria como a própria mãe. Ao meditar a terceira dor de Nossa Senhora dada pelo encontro com Seu filho carregando a Cruz, o religioso explicou que o sofrimento de Cristo será válido a partir do momento que cada cristão assumir a salvação para si. A terceira dor meditada foi a perda do menino Jesus no templo.
Com a quarta palavra, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? (Marcos 15-34), padre Marcos Valadares pediu que os presentes entregassem a vida a Cristo, mesmo quando se sentem desamparados pelo mesmo. Ao meditar a quarta dor de Nossa Senhora dada pelo encontro com Seu filho carregando a Cruz, o religioso explicou que o sofrimento de Cristo será válido a partir do momento que cada cristão assumir a salvação para si.
“Tenho sede” (João 19,39a), foi a quinta palavra a qual padre Clayton explicou que a sede dita por Cristo se dá na sede de almas, sede de amor da humanidade para com Ele. Segundo o presbítero, a dor da Mãe de Deus recorrente da crucificação do filho, é um momento único em que uma mãe vê seu filho morrer, diante disso, ele convidou as pessoas entregarem todas as situações da vida que não possuem respostas.
Na sexta palavra, “Tudo está consumado” (João 19,30a), padre João Marcos propôs aos participantes que se entregassem por completo a Deus. A sexta dor de Maria se deu ao receber nos braços o corpo de Jesus descido da Cruz.
Por fim, ao refletir a sétima palavra – “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23,46b) e última dor de Maria quando ela deposita Jesus no sepulcro, diácono Nelsinho Corrêa finalizou entregando todo o país nas mãos de Deus.
A procissão encerrou-se em profundo silêncio atendendo o convite feito pela Igreja Católica para que todo cristão vivencie a Semana Santa tempo voltado à reflexão e introspecção. (Fonte - Canção Nova)

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