Maria, Mãe de Deus, dai-nos a paz!



O ano litúrgico antecipa-se ao ano civil, iniciando-se com o tempo do 
Advento que prepara o Natal. Dentro do tempo litúrgico do Natal, em 
1º de janeiro, a Igreja faz a comemoração de Maria, “Mãe de Deus”. 
Este título de Maria, atribuído pelo Concílio de Éfeso (431), realça a 
íntima união entre a divindade e a humanidade, revelada na encarna-
ção de Jesus. A maternidade divina de Maria vem, de certo modo, pre-
encher a carência do feminino na imagem tradicional de Deus, particu-
larmente no Antigo Testamento. Nas devoções a Maria, os fiéis buscam
 a face materna de Deus.
Nos Evangelhos Maria ocupa um papel mais discreto na Bíblia se compa-
rado com a tradição católica. Os dados estritamente biográficos deriva-
dos dos Evangelhos dizem-nos que era uma jovem donzela virgem, quan-
do concebeu Jesus, o Filho de Deus. Era uma mulher verdadeiramente 
devota e corajosa, e continua sendo. O Evangelho de João menciona que 
antes de Jesus morrer, Maria foi confiada aos cuidados do apóstolo João 
e a Igreja Católica viu aí que nele estava representada toda a humanidade, 
filha da Nova Eva.
“A virgem engravidará e dará à luz um filho… Mas José não teve relações 
com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus”
(Mateus 1,23-25). “Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o 
nome de Jesus… será chamado Filho do Altíssimo”. Maria pergunta ao anjo Gabriel: “Como acontecerá isso, se não conheço homem?” O anjo respondeu:
“O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a 
sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado Santo, Filho de Deus” 
(Lucas 1,26-35).
As passagens onde Maria aparece no Novo Testamento são:
O aparecimento do arcanjo Gabriel e anúncio de que seria ela a mãe do Filho
de Deus, o prometido Messias (Lucas 1,26-56 a Lucas 2,1-52; compare 
com Mateus caps. 1 e 2).
A visitação à sua prima Santa Isabel e o Magnificat (Lc 1,39-56).
O nascimento do Filho de Deus em Belém, a adoração dos pastores e dos 
reis magos (Lc 2,1-20).
A sua purificação e a apresentação do Menino Jesus no Templo (Lc 2,22-38).
À procura do Menino-Deus no Templo debatendo com os doutores da Lei 
(Lc 2,41-50).
Meditando sobre todos estes fatos (Lc 2,51).
Nas bodas em Caná da Galileia. (João 2,1-11).
À procura de Cristo enquanto este pregava e o elogio que lhe faz (Lc 8,19-21
 e Mc 3, 33-35).
Ao pé da Cruz quando Jesus aponta a Maria como mãe do discípulo e a este
como seu filho (Jo 19,26-27).
Depois da Ascensão de Cristo aos céus, Maria era uma das mulheres que 
estavam reunidas com os discípulos no derramamento do Espírito Santo em Pentecostes e na fundação da Igreja Cristã. (Atos 1,14; Atos 2,1-4).
Lucas é o evangelista da misericórdia e dos pobres. Em sua narrativa, são 
os humildes pastores que, movidos pela esperança da libertação e do 
resgate de sua dignidade, vão ao encontro do recém-nascido. Maria acolhe
 o novo que se manifesta e, em oração, medita sobre seu significado. Em 
Jesus, que recebeu um nome comum em sua época, revela-se o projeto de 
Deus de nos conceder a salvação por meio da humildade e da comum con-
dição da encarnação.
Convido você a dar o primeiro passo no novo ano de mãos dadas 
com Maria Santíssima, a Mãe de Deus e nossa. Ela nos dá segurança, 
porque traz em seus braços o Príncipe da Paz. Sem o acolhimento de 
nosso Salvador, o mundo celebra inutilmente o “Dia Mundial da Paz 
e da Fraternidade Universal”.
Os homens têm provado, ao longo dos séculos, que são impotentes para 
construir a verdadeira paz por si próprios. Continuam poderosos apenas 
para multiplicar a violência e provocar mortes. Por isso, hoje é um dia de 
súplica universal pela paz e pela fraternidade, que somente Jesus 
pode fazer-nos construir.
E nós suplicamos confiantes, porque ora conosco – e por nós – a 
Mãe de Deus, aquela que deu ao mundo a nossa paz: Jesus Cristo, 
o Príncipe da Paz!
Maria, Mãe de Deus, dai-nos a paz!
Padre Bantu Mendonça

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