O que significa ser escravo de Maria?




Saiba o significado de nos fazer escravos de Maria Santíssima e se essa devoção não se opõe à nossa amizade com Deus.
Ser escravos significa primeiramente entrar num caminho de perfeição, elevando nosso grau de dependência de nosso Senhor Jesus Cristo e da Santíssima Virgem Maria. Como dissemos em artigos anteriores, todos os homens são servos de Nossa Senhora por natureza. Este é o primeiro grau de dependência. Pelo sacramento do Batismo, nos tornamos filhos de Maria. Dessa forma avançamos para o segundo grau de dependência. Não satisfeitos com laços ordinários que nos unem a Mãe de Deus como criaturas e como cristãos, desejamos confirmar este estado de dependência, entregando-nos amorosa e radicalmente a ela, sem reservas, nem restrições.

Anunciação do Anjo a Virgem de Maria
Ser escravo é o primeiro grau na consagração voluntária à Santíssima Virgem. Este é o fundamento dos outros graus da consagração, que está em conformidade com a palavra do Evangelho: “…aquele que se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12b). Devemos humilhar-nos diante de Nossa Senhora, para que ela nos eleve até Jesus. Em outras palavras, devemos fazer-nos seus escravos, para que ela nos eleve como filhos muito amados. Não há nada de mais inferior, insignificante, nem de mais humilde do que o escravo.

O que é a escravidão de amor a Santíssima Virgem?
Antes de dizer o que é a escravidão de amor a Nossa Senhora, em primeiro lugar vejamos o que é a escravidão de modo geral. A escravidão é a dependência total e absoluta de uma pessoa para com seu senhor. O escravo não se pertence mais, mas passar a ser “coisa e propriedade” de quem o possui. Ele está sob o poder absoluto de seu dono, que pode servir-se dele como quiser, em proveito próprio. O escravo pertence totalmente e para sempre ao seu dono, com tudo o que possui, sem exceção nenhuma. Ele trabalha sem direito de exigir um salário. Seu senhor tem todo o direito sobre ele, podendo decidir sobre sua vida e morte. Este é o modo mais radical de escravidão, que infelizmente ainda existe em todo mundo, principalmente nos países dominados pelo islamismo e pelo comunismo. No entanto, apesar da imoralidade da escravidão, ela pode servir como um bom exemplo de dependência total, próprio da espiritualidade da consagração a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria.
O servo, ao contrário do escravo, é livre e presta seus serviços por um salário, durante um tempo determinado. Além disso, normalmente o empregado tem o direito de exigir um salário digno, conforme as suas necessidades e até mesmo de escolher outro patrão, caso o atual não esteja do seu agrado. Com esta simples definição, verificamos que não somos simplesmente servos de Jesus Cristo e de Maria Santíssima, mas verdadeiramente seus escravos.
Notemos que a escravidão de amor não é uma fórmula nova, suspeita ou inspirada por uma devoção repleta de entusiasmo sentimental, próprio dos principiantes. A escravidão é o pensamento fundamental da religião, que tem suas raízes no santo Batismo. Nele, rompemos com o jugo da escravidão do pecado, do mundo e do demônio, para sermos escravos de Jesus Cristo (cf. 1 Cor 7, 23; Rm 6, 20-22). A escravidão é o que há de mais radical de entrega em nossa relação com Jesus Cristo.
São Luís Maria nos ensina que há três espécies de escravidão, ou pelo menos, três títulos que expressam esta dependência do gênero humano para com Deus: 1) A escravidão por natureza. Todas as criaturas são escravas de Deus neste sentido; 2) A escravidão por constrangimento, ou coação, em que alguém é reduzido à servidão, seja por violência, seja por uma lei justa ou injusta. Tal é a escravidão dos demônios e dos réprobos; 3) A escravidão por amor, ou por livre vontade. Nesta, escolhemos Deus e o seu serviço acima de todas as coisas, mesmo que a natureza não nos obrigue a isso1. “Em resumo, e como aplicação destas três espécies de escravidão: todas as criaturas são escravas de Deus pelo primeiro modo; os demônios e réprobos, pela segunda; os justos e santos, pela terceira”2.
Na prática, a consagração, ou escravidão de amor, a Jesus pelas mãos de Maria não é outra coisa, senão a confirmação, por livre vontade, do que nós já somos chamados por natureza, isto é, para a glória e a felicidade dos justos e santos.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A escravidão dos filhos de Deus”:
O significado dos termos servo e escravo
O sentido atual da palavra servo é diferente do tempo da vida terrena de Jesus Cristo. Naquele tempo, usava-se o termo “servus”, servo em latim, no sentido de escravo. Para empregados, a palavra latina usada era “mercennariis”, que significa empregado ou contratado. Esta é a palavra usada na passagem do chamado de Tiago e João: “Et, relicto patre suo Zebedaeo in navi cum mercennariis, abierunt post eum”; que se traduz assim: “Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram” (Mc 1, 20). Por isso, devemos tomar no sentido de escravos as palavras latinas: servus – ancilla, que aparecem em diversas passagens das Sagradas Escrituras.
Vejamos algumas passagens bíblicas, nas quais aparece a palavra servo, que devemos interpretar com o significado de escravos: os profetas chamam o Messias de servo de Deus, em latim “Servus Dei” (Dn 6, 21; 9, 11); o apóstolo São Paulo nos ensina que Jesus Cristo tomou a aparência do servo – “formam servi accipiens” (Fl 2, 7); no mistério da Anunciação, a Virgem de Nazaré se intitula: “a serva do Senhor” – “ancilla Domini” (Lc 1, 38); o Apóstolo dos gentios dá a si mesmo o nome de servo de Deus: “Paulus servus Dei” (Tt, 1, 1). Em todas essas passagens, emprega-se as palavras latinas: servus – ancilla no sentido de escravo.
A imprecisão na tradução da Bíblia por vezes não nos ajuda a compreender o sentido original to texto, que quis comunicar o escritor sagrado. A palavra escravo em grego: δοῦλος – doulos, traduz-se em latim por: servus, e em português significa escravo. No entanto, a mesma palavra:doulos, em grego, e servus, em latim, é traduzida, na maioria das vezes, por servo; e no seu sentido correto, que é escravo, poucas vezes.
Vimos acima, em várias passagens, que a palavra latina servus é traduzida por servo. Agora vejamos algumas passagens do mesmo texto sagrado, nas quais a palavra servus é traduzida por escravo. A respeito da condição dos fiéis em sua época, São Paulo pergunta: “Servus vocatus es?”. Esta mesma passagem é traduzida por: “Eras escravo, quando Deus te chamou?” (1 Cor 7, 21). Isto pode até nos escandalizar, mas o Apóstolo dos gentios diz “qui liber vocatus est, servus est Christi!”, ou seja, “quem era livre por ocasião do chamado, fez-se escravo de Cristo” (1 Cor 7, 23). Em outra passagem, o próprio Cristo nos fala da grandeza de se fazer escravo: “et, quicumque voluerit inter vos primus esse, erit vester servus”, que se traduz por: “E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo” (Mt 20, 27). O Senhor disse isso e deu o exemplo, porque foi a primeiro a se rebaixar, fazendo-se semelhante aos homens: “sed semetipsum exinanivit formam servi accipiens – “mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo” (Fl 2, 7).
A exemplo de Jesus Cristo, muitos santos se fizeram escravos: “‘Sou a escrava de Cristo – dizia Santa Ágata – e por este título me declaro de condição servil’. ‘Para ser devoto escravo do Filho – escreveu Santo Ildelfonso – suspiro por tornar-me fiel escravo da Mãe’.
E São Bernardo: ‘Sou um vil escravo, para quem é honra demais servir, como tal, o Filho de Maria’”3. Assim falaram também muitos outros santos, piedosos, sábios, como São Pedro Damião, Santa Teresa, São João Eudes. Orações como a de Santo Inácio de Loyola: “Recebei, Senhor, minha liberdade”, bem como a do Padre Zucchi: “Ó minha soberana…”, são fórmulas expressas da santa escravidão a Jesus e a Maria. Estas e outras fórmulas de consagração foram aprovadas pela Santa Sé. O Papa Urbano VIII, no ano de 1636, aprovou os Cônegos do Espírito Santo, que se consagraram a Jesus e Maria na qualidade de escravos. Dois séculos depois, o Papa Leão XIII, em 1887, aprovou também os “Escravos do Sagrado Coração”, e enriqueceu com indulgências a congregação inspirada por Jesus Cristo a Santa Margarida Maria de Alacoque, que assim declara sua entrega total: “Quero fazer consistir toda a minha felicidade em viver e morrer como sua escrava”4.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Empregados ou escravos?”:
A escravidão e a amizade com Deus
A santa escravidão não está em oposição com o espírito de infância e de amor que anima o cristianismo. O Senhor Jesus disse: “Iam non dico vos servos, quia servus nescit quid facit dominus eius; vos autem dixi amicos, quia omnia, quae audivi a Patre meo, nota feci vobis”; vemos nesta passagem novamente a palavra servus traduzida por servo, e não por escravo: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo 15, 15). O fato de Cristo ter nos chamado de amigos e não de escravos nada prova contra a consagração. Pois, quando um príncipe, pela amizade que tem para com um de seus escravos, concede-lhe inúmeros benefícios e o chama de amigo, mas não o tira do estado em que se encontra, ele não deixa de ser escravo, apesar da amizade do príncipe. O senhor poderia libertar seu escravo. Todavia, Deus não pode nos libertar, pois a escravidão em relação a Ele está essencialmente ligada à nossa condição de criaturas. Servindo-nos da comparação acima, como o escravo feito amigo de seu príncipe, nós também nos tornamos amigos de Jesus, sem deixar de ser escravos.
A história do Brasil, mal contada em nossos dias, e os abusos de muitos senhores para com seus escravos desacreditaram a palavra escravidão. Por isso, ao propagar a ideia de nossa escravidão para com Deus, certamente rejeitamos a opressão de muitos senhores para com seus escravos e a falta de dignidade com que eram tratados. Entretanto, estas circunstâncias acidentais, de modo algum caracterizam a essência da condição de escravos. Se na antiguidade houve maus senhores, houve também os bons, do mesmo modo que atualmente há bons e maus patrões.
Nós que, por vezes, nos gloriamos de ser “escravos” do dever, da honra, de uma beleza passageira, não devemos nos envergonhar de ser escravos de Deus, de Jesus Cristo, e da beleza eterna da Santíssima Virgem. Pois, o Filho de Deus e a Virgem Maria estão infinitamente acima de todas as coisas passageiras deste mundo. Estas, muitas vezes nos atraem para o que é ilícito, imoral, pecaminoso, enquanto que a beleza de nossa Mãe santíssima nos atrai para seu divino Filho e para as coisas do alto (cf. Cl 3, 1). Dessa forma, a escravidão a Nossa Senhora é um meio excelente de nos colocar em verdadeira amizade com Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor.
A lógica evangélica da consagração: quem se humilhar será exaltado
Lembremo-nos que nosso Mestre e Senhor nos ensinou que, na lógica do Reino de Deus, o que nos eleva e transfigura é a humilhação: “qui se humiliaverit, exaltabitur” – “aquele que se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12b). Recordemo-nos também que a mesma lógica vale no sentido contrário: “Qui autem se exaltaverit, humiliabitur” – “Aquele que se exaltar será humilhado” (Mt 23, 12a). Nesta lógica, apresentada a nós por Jesus Cristo, quanto mais profundamente nos humilharmos, tanto mais seremos exaltados. Por isso, se desejamos crescer na intimidade com Deus, abaixemo-nos até o último grau, tornando-nos seus escravos. Foi isto que o Senhor ensinou aos discípulos: “o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos” (Mc 10, 44).
Vejamos como esta lógica do Evangelho de Jesus Cristo está presente no pensamento de São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande Apóstolo de Nossa Senhora, no seu clássico livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”:
Depois de ler quase todos os livros que tratam da devoção à Santíssima Virgem e de conversar com as pessoas mais santas e instruídas destes últimos tempos, declaro firmemente que não encontrei nem aprendi outra prática de devoção à Santíssima Virgem semelhante a esta que vou iniciar, que exija de uma alma mais sacrifícios a Deus, que a despoje mais completamente de seu amor-próprio, que a conserve com mais fidelidade na graça e a graça nela, que a una com mais perfeição e facilidade a Jesus Cristo, e, afinal, que seja mais gloriosa para Deus, santificante para a alma e útil ao próximo5.
Meditemos sobre a sublimidade desta escravidão de amor a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria e peçamos a Deus a compreensão dessa devoção, pois esta é um segredo, que não é revelado senão às almas humildes e generosas.
Oração de Santo Inácio de Loyola
Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, minha memória, minha inteligência e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo.
De vós recebi; a vós, Senhor o restituo. Tudo é vosso; disponde de tudo inteiramente, segundo a vossa vontade. Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta6.
(Fonte: Canção Nova - Blog Natalino Ueda)
Links relacionados:
PADRE PAULO RICARDO. Servos e amigos de Deus.
Referências:
1 Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 70.
3 Idem, p. 55.
4 Idem, ibidem.
5 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 118.
6 CATÓLICO ORANTE. Santo Inácio de Loyola.



Se eu fosse uma águia…


O nosso Batismo, que custou o sangue e a morte de Cristo, faz de cada cristão um “filho de Deus”, membro do Corpo de Cristo, irmão de Cristo, herdeiro do Céu. Creia nisto!
Dizia o poeta Fernão Capello Gaivota:
“If I were not a man, I would like to be a seagle to fly overmy dreams”. “Se eu não fosse um homem, eu queria ser uma águia, para voar acima dos meus sonhos”.
A águia é chamada a rainha das aves, pois é a que voa mais alto; faz inveja às outras.
A propósito, há uma fábula muito interessante sobre a águia. Diz ela que um caçador, nas montanhas, certa vez encontrou um ninho de águia, com alguns ovos. Tomou um deles e levou para sua casa e colocou-o sob uma galinha que chocava. E assim, nasceu um filhote de águia entre os pintinhos. A galinha, com o mesmo cuidado dedicado aos filhotes, criou a aguiazinha. Esta aprendeu a comer a comida dos pintinhos e a fazer tudo o que os “irmãozinhos” faziam, como se fosse um pintinho. Foi crescendo e vivendo naquele galinheiro, como se fosse uma galinha, sem suspeitar que tinha tudo para voar nas alturas e dominar os céus. Mas não aprendeu a voar…
Um belo dia, a nossa “águia de galinheiro” viu outra águia voando nas alturas, dona dos céus. Achou aquilo maravilhoso. Chegou à sua mãe e perguntou-lhe: “Que ave é aquela, que voa tão lindo nas alturas? Como deve ser feliz!” Ao que a sua mãe respondeu-lhe: “Minha filha, aquela é uma águia, a “rainha das aves”, só ela consegue voar tão alto. Isto não é para nós, nós somos apenas galinha!”
E, assim, conformada, a pobre águia de terreiro, acreditando que fosse apenas uma galinha, viveu toda a sua vida naquele galinheiro, e alí morreu, sem conhecer as alturas.
Talvez, fiquemos inconformados com a estória dessa pobre águia; no entanto, muitos homens; quiçá a maioria, vive nas mesmas condições. Arrastam-se pela vida, infelizes, sem conhecer o valor que têm. Somos filhos de Deus, pelo Batismo. Mas muitos vivem sem saber disso.
Será que pode haver dignidade maior para nós?
Somos “águias” de verdade, chamados a viver nas alturas do céu. No entanto, desconhecendo a riqueza que trazemos em nós, vivemos muitas vezes como mendigos infelizes.
Um dia li no pára-choque traseiro de um caminhão:
“Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono”.
E fiquei pensando; é a mesma coisa! Se eu sou “filho de Deus”, então eu sou dono do mundo, pois a herança do Pai pertence ao filho. A Palavra de Deus nos garante que “somos herdeiros de Deus” (Rom 8,16-17).
A Igreja nos ensina que o nosso Batismo, que custou o sangue e a morte de Cristo, faz de cada cristão um “filho de Deus”, membro do Corpo de Cristo, irmão de Cristo, herdeiro do Céu.
Cremos nisso? Vivemos de acordo com esta realidade? Ou será que nos arrastamos como uma “águia de galinheiro”?
“Somos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança”(Gen 1,27).
Só nós recebemos do Criador a inteligência, a memória, a vontade, a sensibilidade, essas mãos incríveis, capazes de construir coisas tão fascinantes. Temos uma alma imortal…
Mas toda essa potencialidade e beleza só poderá levá-lo “às alturas”, se você viver como quer o Criador, Aquele que quis tudo isso para nós. O Catecismo da Igreja nos ensina que:
“O aspecto mais sublime da dignidade humana está na vocação do homem à comunhão com Deus”(nº 27).
Fomos chamados para viver Nele. Ele é o céu de nossas vidas. Nosso destino é Deus, nosso limite é o Céu.
Aquele que não realizar essa “união íntima e vital com Deus”, e não entregar-se ao seu Criador, nunca viverá como um verdadeiro “filho de Deus”. São Paulo nos diz:
“Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).
Sem Deus, somos como um peixe fora da água: asfixiados, paralisados, sem vida, condenados à morte. Sem Deus somos “águias de galinheiro”!
“Nos fizestes para Vós, e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Vós”, é o brado de Santo Agostinho (Confissões 1,1,1).
Foi para isso que Jesus se fez homem, e morreu numa Cruz, para “participarmos da gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rom 8,21).
“O Espírito Santo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros” (Rom 8,16-17).
Prof. Felipe Aquino

A vontade de Maria Santíssima




 Pelo pecado original, todos os filhos de Adão morreram para a graça, e somente Maria Santíssima, isenta do pecado, herdou as graças de inocência e favores que caberiam aos filhos de Adão, se eles tivessem permanecido em estado de inocência. Deus tornou Maria Santíssima depositária das suas graças.
Maria Santíssima deseja tanto que sejamos felizes!
São Bernardo diz que converteu mais almas por
meio da Ave-Maria que por meio de todos os seus
sermões, a Ave-Maria é uma oração que jamais
cansa, meio mais seguro de conhecermos a
vontade de Deus é rezarmos à nossa boa Mãe, Maria.

A Santíssima Trindade


No ultimo final de semana celebramos a Santíssima Trindade.
A Santíssima Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, três pessoas e um só Deus verdadeiro, é a Solenidade litúrgica que a Igreja universal celebra hoje.
Em 2013, para explicar a algumas crianças as três pessoas da Santíssima Trindade, o Papa Francisco lhes disse que “o Pai cria o mundo, Jesus nos salva e o que o Espírito Santo faz? Ele nos ama, nos dá o amor”.
O mistério da Trindade não pode ser precisamente entendido porque é um mistério. Santa Joana de Arco afirmava que “Deus é tão grande que supera a nossa ciência”, portanto, supera o entendimento humano.
Em uma ocasião, Santo Agostinho caminhava pela praia, quando observou uma criança que fazia um buraco na areia. O santo perguntou ao menino o que pretendia fazer, e ele respondeu que queria colocar toda a água do mar naquele buraco.
Santo Agostinho, admirado, disse: “mas você não percebe que é impossível?”. O menino respondeu que “é mais possível colocar toda a água do mar neste buraco do que tentar colocar o mistério da Trindade em sua cabeça”.
O santo irlandês São Patrício, para explicar este mistério, comparava-o com um trevo. Dizia que cada folha é diferente, mas as três formam o trevo, e o mesmo acontece com Deus, onde cada pessoa é Deus e formam a Santíssima Trindade.

Nossa Senhora Auxiliadora



Hoje é celebrada Nossa Senhora Auxiliadora, que nos sustenta em tempos difíceis

“No céu, ficaremos gratamente surpreendidos ao conhecer tudo o que Maria Auxiliadora fez por nós na terra”, disse São João Bosco, grande propagador do amor a esta devoção mariana que se faz presente na Igreja e nas famílias cristãs nos momentos difíceis desde os tempos antigos.
Os cristãos dos primeiros séculos chamavam Virgem Maria com o nome de Auxiliadora. Tanto que os dois títulos que lidos nos monumentos antigos do oriente são: Mãe de Deus (Theotokos) e Auxiliadora (Boetéia).
Santos como São João Crisóstomo, São Sabas e São Sofrônio a nomeavam também com esta advocação, sendo São João Damasceno o primeiro a propagar a jaculatória: “Maria Auxiliadora, rogai por nós”.
“Ó Maria, és poderosa Auxiliadora dos pobres, valente Auxiliadora contra os inimigos da fé. Auxiliadora dos exércitos para que defendam a pátria. Auxiliadora dos governantes para que nos alcancem o bem-estar. Auxiliadora do povo humilde que necessita de tua ajuda”, proclamou tempos depois São Germano.
No século XVI, o Papa São Pio V, grande devoto da Mãe de Deus, após a vitória do exército cristão sobre os muçulmanos na batalha de Lepanto, ordenou que fosse invocada Maria Auxiliadora nas ladainhas.
Na época de Napoleão, o Papa Pio VII estava preso por este imperador e o Pontífice prometeu que, se ficasse livre, decretaria uma nova festa mariana na Igreja. Napoleão caiu, o Santo Padre retornou triunfalmente a sua sede pontifícia em 24 de maio de 1814 e decretou que todos os dias 24 desse mês seria realizada em Roma a Festa de Maria Auxiliadora.
No ano seguinte, nasceu São João Bosco, a quem a Virgem apareceu em sonhos pedindo que lhe construísse um templo com o título de Auxiliadora. Foi assim que o santo iniciou dois monumentos: o físico que é a Basílica de Maria Auxiliadora de Turin e o “vivo” formado pelas Filhas de Maria Auxiliadora.
São João Bosco assegurava a seis jovens que ele e muitos fiéis obtinham grandes favores do céu com a novena de Nossa Senhora Auxiliadora e a jaculatória dada por São João Damasceno.
“Confiai tudo a Jesus eucarístico e a Maria Auxiliadora e vereis o que são milagres”, afirmava São João Bosco.

Oração à Nossa Senhora Auxiliadora
Ó Maria, Virgem poderosa,
Tu, grande e ilustre defensora da Igreja,
Tu, auxílio maravilhoso dos cristãos,
Tu, terrível como exército ordenado em batalha,
Tu, que só destruíste toda heresia em todo o mundo:
nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições, defende-nos do inimigo;
e na hora da morte, acolhe a nossa alma no paraíso.
Amém.

Ano do Senhor 2016: Um Pentecostes de Misericórdia!


Não há duvida, e não poderia ser diferente. No Ano da Misericórdia, sob o Pontificado do “Papa da misericórdia”, esse Pentecostes não pode ser outro que um grande e poderoso Pentecostes de Misericórdia! Eu creio!
Misericórdia é Amor! Misericórdia é ação eterna de Deus a nosso favor! Misericórdia é o Nome de Deus! Misericórdia é e será Pentecostes!
Como tem ensinado insistentemente o Papa, nenhum pecado humano, por mais grave que seja, pode prevalecer sobre a misericórdia ou limitá-la. Deus sempre perdoa tudo, oferece uma nova possibilidade a todos, concede a Sua Misericórdia a todos que pedem. Somos nós que não sabemos acolher o perdão e perdoar.
Na Bula do Ano Santo da Misericórdia, quando o Santo Padre mencionava o Espírito Santo, o fez dizendo justamente que Ele “conduz os passos dos crentes de forma a cooperarem para a obra da salvação realizada por Cristo”, e pedia ainda que Ele fosse “guia e apoio do povo de Deus a fim de o ajudar a contemplar o rosto da misericórdia” (Cf. MV 4).
Sim! Sem a graça e o toque divino do Espírito Santo o homem e a mulher nunca poderão experimentar o amor de Deus! Sem o arrependimento, dom d’Ele ao coração pecador, nunca ninguém teria condições de receber misericórdia e justificação! Estar aberto ao Espírito é a primeira e mais necessária de todas as nossas atitudes em relação ao acolhimento da graça, da misericórdia, do fruto do perdão do Calvário! Nada de misericórdia sem o Espírito Santo! Não foi assim naquele Pentecostes de perdão no Domingo de Páscoa quando Jesus entrou no Cenáculo?
Vivemos numa humanidade doente, com uma humanidade ferida. Todos nós possuímos grandes feridas. Todos nós precisamos de cura e perdão. Por isso, este Ano da Misericórdia se apresenta a cada um de nós como uma grande chance de um remédio eficaz, gratuito e divino: a própria Misericórdia do Senhor para todos! E como Pentecostes é derramamento do Amor, não podemos esperar algo diferente na conclusão deste Tempo Pascal: que venha um Grande Pentecostes de Amor em forma de Misericórdia! O Mundo precisa! O Brasil precisa! Eu preciso! Precisamos todos!
Como se preparar para este Pentecostes de Misericórdia?
Deseje! Seja honesto com seu próprio coração e sua história. Não esconda nem camufle suas condições. É vital desejar!
Reserve tempo para a oração! Este Pentecostes é também uma promessa condicionada a um estado de vida orante. Ore! Ore como um sedento. Supere cálculos e agenda. Dê o melhor tempo para Deus! Reserve!
Esvazie-se de si mesmo! Eis uma grande decisão interior. Aqui é você e você! O Espírito não pode preencher o que já está cheio. Deixe o orgulho e o excesso de racionalismo, como também sentimentalismos e situações superficiais que ocupam tua vida e atuais decisões. Livre-se do homem velho: vazio de si, cheio de Deus!
Torne-se íntimo de Deus e agrade o Seu Espírito! Amor de intimidade! Eis o amor que os santos tinham a Deus! Eis o amor esponsal que precisamos almejar Nele e por Ele! Amá-Lo e guardar a Doce Presença do Seu Espírito em nós. Eis o melhor fruto de um Pentecostes interior de misericórdia! Seja íntimo de Deus, escutando, saboreando, guardando e se movendo no Espírito!
Fé significa abrir espaço para Deus Amor, cujo poder é tremendo, cujo amor é infinito. Dizer todos os Domingos “Creio no Espírito Santo” é acreditar neste Amor sempre, é receber esse Amor sempre! Celebrar Pentecostes no Ano da Misericórdia seja um marco de amor em nossa vida cristã católica. Marque-nos para sempre, ó Deus, com o Teu Santo Espírito! Derrama sobre nós, a Igreja e o mundo, um Novo Pentecostes de Misericórdia! 
Amém!

Virgem do Rosário, de Fátima e do mundo inteiro és Senhora


Em cada aparição de Nossa Senhora, Maria colocou-se como mensageira de Deus para manifestar a vontade do Dele para aquele determinado lugar, naquele específico contexto histórico e transmitir tudo que venha da parte de Deus para seu povo. Assim deu-se a aparição que transformou o passado século.
Era o dia 13 de maio de 1967, em que três crianças brincavam e pastoreavam em um povoado simples de Portugal, a pequenina Fátima. Esse foi o dia e local que o Senhor escolheu para dar ao seu povo a visita doce, maternal e imaculada da Virgem Maria.
 “Andando a brincar com Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.
 – É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode vir trovoada.
– Pois sim.
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direção à estrada. Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Paramos surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.
Então Nossa Senhora disse-nos:
– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.
– Sou do Céu.
 (...)
Parece-me que devia ter de 18 a 20 anos.
– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.
Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu”(Memórias da Irmã Lúcia I, 14ª Edição).

Conversão, oração, sacrifícios e arrependimento dos pecados são as palavras chaves de Nossa Senhora para que as pessoas novamente se encontrassem com o Senhor. E hoje, o que a Virgem Maria pede a nós?
Deus está e sempre esteve vigilante às necessidades do seu povo. Ele nos confia uma mãe. Porém, não como uma mãe desatenda e desacreditada nos seus filhos, mas uma Mãe que vem ao encontro dos seus no momento oportuno para comunicar a vontade de Deus e ajudar o seu povo a voltar-se inteiramente ao coração de Deus.
Da mesma forma, o apelo da Virgem Maria, mãe da Misericórdia é que nos voltemos ao Senhor, com o coração contrito e sincero. Ele abre-nos as portas da Misericórdia para que por ela passe todos os seus filhos e filhas. O Senhor não deseja perder nenhum.
A mensagem da Virgem de Fátima é mais atual que nunca. O convite à conversão permanece através dos fortes apelos do Santo Padre, da Santa Igreja e dos acontecimentos que mostram que é necessário converte-nos, mostram que o Senhor quer uma mudança de vida do seu povo. O Ano Jubilar da Misericórdia evidencia isso: “Que a palavra do perdão possa chegar a todos e a chamada para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. O meu convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida. Penso de modo particular nos homens e mulheres que pertencem a um grupo criminoso, seja ele qual for. Para vosso bem, peço-vos que mudeis de vida. Peço-vos em nome do Filho de Deus que, embora combatendo o pecado, nunca rejeitou qualquer pecador” (Papa Francisco, Misericordiae Vultus).
Este ano, nos preparamos para celebrar os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima e, poucos dias depois, os 50 anos de Renovação Carismática Católica no mundo, em 2017. Vamos olhar para os sinais e aproveitar o convite e a intercessão da Virgem Maria para que com a graça do Espírito Santo sejamos santos e irrepreensíveis diante do Senhor (cf. Ef 1,4).
Bendito seja Deus que nos deu Maria como mãe; bendita seja a santa Igreja Católica Apostólica Romana que a reconheceu por Nossa Senhora! Que sejamos filhos obedientes às ordens e a promessa da mãe:“Mas a graça de Deus será o vosso conforto”.

Ano A - Mateus 9,9-13

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