Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte:
`Muda-te daqui para ali',
e ele se mudará, e nada vos será impossível.
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Mt.
17,20
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Se a vossa justiça não exceder
a dos escribas e a dos fariseus,
não entrareis no Reino dos Céus.
Ouvistes o que foi dito aos antigos:
`Não matarás'.
Eu, porém, vos digo:
todo aquele que se encolerizar contra o seu irmão
será réu em juízo.
Ouvistes (também) o que foi dito:
`Não cometerás adultério'.
Eu, porém, vos digo:
todo aquele que olha
para uma mulher para cobiçá-la,
já cometeu adultério com ela
em seu coração.
Entrai pela porta estreita,
porque larga é a porta
e espaçoso o caminho
que conduz à perdição,
e muitos são os que entram por ele.
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1 Quem se aproxima das
lições das Sagradas Escrituras com o desejo de aprender, deve considerar
primeiro qual é o assunto de que tratam, pois assim poderá alcançar mais
facilmente a verdade e a profundidade de suas sentenças.
A matéria de todas as
Sagradas Escrituras é a obra da restauração humana.
2 O fim a que
deve aspirar cada cristão é, segundo o permitirem as próprias forças, observar
exatamente a lei divina e os conselhos evangélicos, cuidando, neste sentido, excluídos
os casos de extrema necessidade, em primeiro lugar de si próprios e em seguida
do próximo, naqueles ministérios de caridade que, de acordo com os tempos e
lugares, devem ser executados para buscar a maior glória de Deus e o próprio
adiantamento espiritual, as quais duas coisas não devem afastar-se jamais da
mente e do coração de cada um.
3 O maior
mandamento do Cristianismo é o da caridade para com Deus:
"Amarás
o Senhor teu Deus
com todo o teu coração,
com toda a tua alma,
com toda a tua mente,
e com todas as tuas forças".
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4 A Escritura
nos manifesta o quanto devemos amar o nosso bem que é Deus. Não preceituou
apenas que o amássemos, ou que amássemos apenas a Deus, mas que o amássemos o
quanto pudéssemos.
A tua possibilidade será a tua
medida; quanto mais o amares, mais o terás.
5 O mandamento
da caridade divina é a nova aliança que o Senhor fêz, escrevendo sua lei em
nossa mente e em nosso coração e fazendo de nós templos do Espírito Santo.
Cada cristão o explicará aos seus
filhos, meditará nele quando sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao
dormir e ao levantar, o ligará como um sinal às suas mãos, estará e se moverá
entre seus olhos, e o escreverá no limiar e nas portas de sua casa.
6 Quem desejar cumprir
verdadeiramente o mandamento da caridade divina deve, primeiramente,
renunciando a si próprio, decidir-se a abandonar toda obra e ocupação que tenha
caráter pessoal e dedicar-se exclusivamente àquelas ocupações que tenham razão
de caridade.
7 A primeira
e mais fundamental de todas as ocupações que têm razão de caridade é a oração.
A oração é uma elevação da mente a
Deus, para lhe pedir a fé e a graça do Espírito Santo.
Por meio da fé aprendemos a
desprezar as coisas visíveis enquanto visíveis. Sem fé é impossível crescer no
mandamento do amor.
Antes de tudo o mais, deve-se orar
incessantemente sem jamais desanimar, e dar graças a Deus por tudo aquilo que
em nossa vida ocorreu e por tudo aquilo que há de ocorrer.
Quando alguém se entrega a Deus
pela oração, Deus tem piedade dele e lhe concede o Espírito de conversão.
8 Depois da oração,
deve-se renunciar a todas as demais obras, grandes e pequenas, que não tenham
razão de caridade e, em todas as demais obras além da oração, deve-se pedir a
Deus para não as fazer apenas por um amor virtual, mas também por um amor atual
a Deus, de tal modo que, fazendo-as, isto contribua para elevar a memória até
Deus, conforme diz o salmista:
"Cantai
ao Senhor um cântico novo,
louvai o seu nome entre danças".
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9 Diz o Senhor:
"Deixemos
os mortos
sepultar os seus mortos".
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É preciso, pois, que
muito nos acautelemos da malícia e da sutilidade de Satanás, que não quer que o
homem eleve o seu espírito e coração para o Senhor seu Deus. Ele nos espreita
sem cessar, e gostaria, sob as aparências de uma recompensa ou vantagem, atrair
para o seu lado o coração do homem e sufocar-lhe na memória a palavra e os
preceitos do Senhor, e obcecar-lhe o coração por meio das solicitudes e
cuidados mundanos e nele habitar.
Na verdade, acontece
que habitamos na própria morada do ladrão.
Nela estamos presos
pelas cadeias da morte.
Importa, pois, se nós
compreendemos a nossa morte espiritual, que muito nos vigiemos a nós mesmos, a
fim de não perdermos ou desviarmos do Senhor a nossa mente e o nosso coração
sob a aparência de uma recompensa ou obra ou vantagem. Mas na santa caridade
que é Deus, que todos removam todos os obstáculos e posterguem todos os
cuidados para, com o melhor de suas forças, servir, amar, adorar e honrar de
coração reto e mente pura o Senhor nosso Deus, pois é isso o que Ele deseja sem
medida.
E que Deus abençoe a
todos os que isto ensinarem, aprenderem, guardarem, recordarem e praticarem.
10 A obra pela
qual o homem pode agradar a Deus é a lei e a obra da caridade.
Ela é a boa vontade, que
perfeitissimamente agrada a Deus.
Cumpre-a aquele que
incessantemente louva a Deus com pensamentos puros, que produzem a memória de
Deus e a memória dos bens que Ele nos prometeu, e que em nós cumpriu por obras,
e de sua grandeza. Da memória destas coisas se origina no homem aquele amor
perpétuo que nos foi prescrito: "Amarás o Senhor teu Deus de todo
o teu coração, de toda a tua alma, e com toda a tua força". Está
também escrito: "Como a corça que suspira pelas águas da torrente,
assim minha alma suspira por vós, ó Senhor".
Assim é necessário que cumpramos
para com o Senhor esta obra e esta lei, para que em nós se cumpra aquela
sentença do Apóstolo: "Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?
Certamente nem as tribulações, nem as tristezas, nem a fome, nem a nudez, nem
as angústias, nem a espada, nem o fogo".
11 Deve-se
considerar que, se se age assim, todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus.
12 Não se deve
preocupar com a própria vida, nem pelo que haverá para se comer, ou pelo que
haverá para se beber, e nem pelo corpo, pelo que haverá para se vestir. Deve-se
preocupar, ao contrário, em primeiro lugar, em buscar o Reino de Deus. Todas as
demais coisas serão acrescentadas, porque o trabalhador tem direito ao seu
sustento.
13 Se pudéssemos
ver os fios sutis com que a providência urde a tela de nossa vida,
apoderar-se-iam de nós sentimentos de gratidão e amor para com nosso bom pai
celestial e, deixando nas suas mãos todo o cuidado sobre o nosso futuro,
contentar-nos-íamos de ser a pequena lançadeira que doce e calmamente desliza
entre os fios da urdidura divina.
14 Se o grão de
trigo, lançado à terra, não morrer, fica só, como é; mas, se morrer, produz
abundante fruto.
15 Pela glória de
Deus, pela sua salvação, e pela dos próximos, deve- se estar verdadeiramente
dispostos a padecer muito, ser burlado, desprezado e sofrer voluntariamente
trabalhos e tribulações.
16 Deve-se,
finalmente, agir de tal maneira que a principal ocupação seja sempre a oração;
para que Deus habite permanentemente em nós pela caridade, devemos também
construir em nós uma casa para a fé, para que se realizem as palavras de São
Paulo:
"Já
que ressuscitastes com Cristo,
procurai as coisas do alto,
pensai nas coisas do alto,
não vos interesseis pelas terrenas,
já que vós morrestes,
e vossa vida está escondida
com Cristo em Deus";
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e também as de
Cristo: