terça-feira, 17 de setembro de 2013

As práticas interiores e exteriores - dos Consagrados a Maria

A verdadeira devoção a Virgem Maria, segundo São Luís Maria, tem práticas interiores e exteriores.
São Luís Maria ensina que a devoção a Maria é feita de práticas interiores e exterioresNo terceiro capítulo do “Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria”, São Luís Maria Grignion de Montfort fala, entre outras coisas, das práticas que fazem parte da consagração total a Nossa Senhora. Ele divide essas práticas em duas, que são as práticas interiores e as exteriores. Para compreendermos melhor essas práticas, trataremos delas separadamente, mas elas estão sempre intimamente ligadas.
O que são essas práticas interiores e exteriores da devoção a Virgem Maria?

Em primeiro lugar, falaremos da práticas interiores, que são as mais importantes. São Luís Maria as resume em oito práticas principais: 
1) Honrar e amar a Virgem Maria, Mãe de Deus, acima de todos os outros santos, como obra-prima da graça e a primeira depois de Jesus Cristo; 
2) Meditar as virtudes, privilégios e ações de Nossa Senhora; 
3) Contemplar as suas grandezas; 
4) Dirigir a ela, atos de amor, de louvor e de reconhecimento; 
5) Invocá-la com todo o coração; 
6) Oferecer-se e unir-se a ela; 
7) Fazer tudo com o fim de lhe agradar; 
8) “Começar, continuar e terminar todas as ações por Ela, n’Ela, com Ela e para Ela, a fim de as fazer por Jesus Cristo, em Jesus Cristo, com e para Jesus Cristo, nosso último fim” (TVD 115).
Quanto às práticas exteriores, São Luís nos apresenta as principais: 
1) Fazer parte das confrarias de Nossa Senhora e entrar nas suas congregações; 
2) Entrar nas ordens religiosas instituídas em sua honra; 
3) Publicar os louvores da Virgem Maria;
4) Dar esmolas, jejuar e fazer mortificações espirituais ou corporais em sua honra;
5) Trazer as suas insígnias como o Rosário, o Terço, o escapulário, a medalha milagrosa ou a cadeiazinha; 
6) Rezar com modéstia, atenção e devoção o Rosário completo, o Terço , ou outras oração em honra de Maria; 
7) Cantar e incentivar os cânticos espirituais em sua honra; 
8) Dirigir a ela genuflexões ou inclinações, dizendo-lhe, por exemplo, sessenta ou cem vezes cada manhã: 
“Ave, Maria, Virgem Fiel!”, a fim de obter de Deus por meio d’Ela a fidelidade às graças de Deus durante o dia. Da mesma forma, pode-se dizer à noite: 
“Ave, Maria, Mãe de misericórdia!”, para pedir por Ela, perdão a Deus pelos pecados cometidos durante o dia; 
9) Cuidar das suas confrarias, enfeitar os seus altares, coroar e embelezar as suas imagens; 
10) Levar e incentivar as procissões com suas imagens, e trazer uma consigo, como arma poderosa contra o espírito maligno; 
11) Mandar fazer e colocar imagens suas, ou o seu nome, nas igrejas, nas casas, nas portas e entradas das cidades, igrejas e residências; 
Estas práticas exteriores, que não são obrigatórias, devem ser feitas com a boa e reta intenção de só agradar a Deus, de se unir a Jesus Cristo como a seu fim último, e de edificar o próximo. Além disso, São Luís Maria recomenda que essas práticas sejam feitas: “com atenção, sem distrações voluntárias; com devoção, sem precipitação nem negligência; com modéstia e compostura respeitosa e edificante do corpo” (TVD 117).
São Luís Maria nos ensina que a verdadeira devoção a Santíssima Virgem exige da alma mais sacrifícios por Deus e a esvazia de si mesma e do seu amor próprio. Esta conserva a alma ainda mais fiel na graça e a graça nela. Ela também a une mais perfeitamente a Jesus Cristo, é mais gloriosa para Deus, mais santificante para a alma e mais útil ao próximo (cf. TVD 118).

Como renovar a consagração?

Saiba como renovar a sua consagração total a Jesus Cristo pelas mãos maternas da Santíssima Virgem Maria.
Como renovar a consagração a Jesus por MariaSão Luís Maria Grignion de Montfort recomenda, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, que renovemos a consagração todos os anos pelo menos uma vez, no mesmo dia que nos consagramos. Porém, como facilmente esquecemos nossos compromissos, o Santo nos diz que podemos renovar a consagração todos os meses (cf. TVD 233). São Luís Maria diz ainda mais, que podemos renovar nossa consagração todos os dias (cf. TVD 233), com estas breves palavras: “Todo Vosso sou, ó querida Mãe, e tudo o que tenho é Vosso!” (TVD 266), que em latim se diz: Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt!


São Luís Maria nos ensina que para renovar a consagração devemos fazer as mesmas práticas da preparação para a consagração, durante três semanas (cf. TVD 233). Não é necessário fazer novamente os doze dias preliminares para esvaziar-nos do espírito do mundo (cf. TVD 227). Devemos começar a preparação para a renovação da consagração a partir da primeira semana, aplicando todas as nossas orações e atos de piedade para pedir o conhecimento de nós mesmos e a contrição pelos nossos pecados. Devemos fazer tudo em espírito de humildade (cf. TVD 228).
Nesta primeira semana, na busca do conhecimento de nosso fundo mau, Montfort recomenda que leiamos o números 78 e 79 do Tratado. O Santo diz ainda para: “Considerar-se durante os dias dessa semana como caracóis, lesmas, sapos, porcos, serpentes, bodes. Ou meditem estas três palavras de São Bernardo: ‘Pensa no que foste, um pouco de lama; no que és, um vaso de estrume; no que serás, alimento de vermes!’ Pedirão a Nosso Senhor, e ao divino Espírito Santo que os esclareça, repetindo as palavras: ‘Senhor, que eu veja!’ (Lc 18, 41). Ou: ‘Que eu me conheça!’ Ou: ‘Vinde, Espírito Santo!’ (cf. TVD 228). Como na preparação para a consagração, devemos rezar todos os dias a ladainha do Espírito Santo e a oração que se segue (cf. TVD 228). Recorreremos à Santíssima Virgem, pedindo-lhe a grande graça do conhecimento de nós mesmos, que deve ser o fundamento de todas as outras. Para isso, rezaremos todos os dias o hino mariano “Ave Maris Stella” (tradução do latim: Ave, estrela do mar) e a ladainha de Nossa Senhora (cf. TVD 228).
Na segunda semana, como na preparação para a consagração, São Luís pede que nos apliquemos, “em todas as orações e obras de cada dia, a conhecer a Santíssima Virgem” (TVD 229). O Santo recomenda que peçamos este conhecimento de Nossa Senhora ao Espírito Santo e, para isso, podemos ler e meditar o que ele escreveu sobre a Mãe do Senhor. Durante esta semana, devemos rezar, “como na primeira semana, a ladainha do Espírito Santo e o ‘Ave Maris Stella’, ajuntando um Rosário cada dia, ou pelo menos um Terço, por esta intenção” (TVD 229).
Na terceira semana, devemos nos empenhar em conhecer Jesus Cristo. Para adquirir este conhecimento do Senhor, São Luís Maria nos diz que poderemos ler e meditar o que escreveu a respeito de Jesus e ler a oração de Santo Agostinho, que está no número 67 do Tratado. Poderemos dizer e repetir, com Agostinho, mil e mil vezes ao dia: “’Senhor, que eu Vos conheça!’ Ou então: ‘Senhor, fazei que eu veja quem sois Vós!’” (TVD 230). Como nas semanas anteriores, devemos rezar a a ladainha do Espírito Santo e o “Ave Maris Stella”, acrescentando todos os dias a ladainha do Santíssimo Nome de Jesus (cf. TVD 230).
Por fim, ao final dessas três semanas, como na preparação para a consagração, devemos nos confessar. No dia da renovação deve-se comungar com a intenção de nos entregar a “Jesus Cristo na qualidade de escravos de amor, pelas mãos de Maria” (TVD 231). Depois da comunhão, renova-se a consagração dizendo novamente a fórmula da consagração. São Luís não diz, mas recomenda-se que, como na consagração, façamos uma oferta a Jesus Cristo e a Virgem Maria, “quer como penitência da sua passada infidelidade às promessas do Batismo, quer para protestar a sua dependência do domínio de Jesus e Maria. Esse tributo será segundo a devoção e a capacidade de cada um. Poderá ser um jejum, uma mortificação, uma esmola, uma vela. Ainda mesmo que não dessem mais que a homenagem de um alfinete, mas de todo o coração, isso bastaria, pois Jesus só olha a boa vontade” TVD 232).

A consagração e a oração do Terço

A consagração a Virgem Maria e a oração do Terço e do Rosário
A consagração a Virgem Maria e a 
oração do Terço e do Rosário.

Como consagrado a Maria, 
posso colocar intenções nas minhas orações?
Podemos pedir, interceder, sempre. Você reza o terço pedindo por fulano. Esse Terço, além da intercessão por alguém ou alguma intenção, tem um valor espiritual, como se fosse uma moeda, um tesouro espiritual. Na comunhão dos santos está todo esse tesouro espiritual. Os méritos pelos sofrimentos do Padre Pio, por exemplo, podem ser usados para fazer o bem no ano de 2013. O sofrimento de uma pessoa numa prisão na China, pode ser usado na conversão de um menino de rua em São Paulo. Quando fazemos jejuns, orações, penitências, todo o tesouro espiritual não nos pertence mais. Podemos interceder, pedir a Nossa Senhora por alguma pessoa ou intenção, mas não posso oferecer, pois Maria quem vai usar dos nossos méritos, do nosso tesouro espiritual.
Quando nos consagramos, até aquilo que eu ofereci há muito tempo, nosso capital de graças inteiro está nas mãos de Maria. Temos que entender que nós podemos usar mal das nossas orações. Mas, Nossa Senhora sabe como usar bem as nossas orações, nosso tesouro espiritual. As campanhas de consagração que estão acontecendo por todo o Brasil e pelo mundo estão ligadas ao triunfo do Imaculado Coração da Virgem Maria, porque nós colocamos nas suas mãos uma riqueza espiritual, nós estamos dando a ela todos os nossos bens espirituais, para que ela utilize na batalha espiritual do jeito que ela quiser. Quanto mais consagrados tivermos, mais riquezas colocamos nas mãos dela, para que venha o triunfo do coração de Maria. Quando encontramos uma pessoa que tem grandes virtudes, que é matéria-prima para fazer um bom santo, esse precisa ser dela, para que ela tenha mais riquezas espirituais.
O terço rezado durante outra atividade é valido?
Esta é a famosa pergunta dos franciscanos e dos jesuítas no Rio Grande do Sul (piada): “Os gaúchos gostam de tomar chimarrão. Por isso, os franciscanos foram à Santa Sé e perguntaram: podemos tomar chimarrão enquanto rezamos o Terço? A resposta foi: “na hora de rezar, temos que rezar, não tomar chimarrão”. Os jesuítas, mais espertos disseram que eles não tinham perguntado direito. Eles foram lá e perguntaram: podemos rezar o Terço enquanto tomamos chimarrão? A resposta foi: rezar você pode fazer sempre”. Assim, se é valido ou não depende da ocasião. Qual é a minha atividade principal? Se estou lavando pratos, é melhor rezar o Terço do que ficar pensando bobagens e isso é válido. Outra coisa é quando estamos rezando o Terço. Nesse caso, devemos parar tudo para rezar bem.
Nos agradecimentos do Terço ou do Rosário, o que significa a palavra “obrigar”?
Para mais vos “obrigar” vos saudamos soberana Rainha. Nessa frase dos agradecimentos do Terço ou Rosário, a palavra “obrigar” é do português arcaico, que não está mais em uso. O significado de “obrigar” nessa frase é agradecer. Não estamos obrigando Nossa Senhora a fazer nada, estamos apenas agradecendo a ela. Por isso, não podemos dizer tranquilamente para mais vos “obrigar”.

Como entregar meus bens espirituais a Maria?

Padre Paulo Ricardo nos fala da pobreza espiritual própria dos consagrados a Virgem Maria.
Devemos entregar nossos bens espirituais a Jesus, mas, como fazer isso?Os protestantes ficam muito escandalizados de chamarmos Maria de Nossa Senhora, porque o título de Senhor se deve dar somente a Deus. Só que a gente deve lembrar que Jesus nasceu da Virgem Maria e no início da sua vida espiritual nesta terra, os trinta anos de sua vida em Nazaré, Ele foi submisso a Maria e a José (Lc 2, 51). Se ela era aquela à qual o Senhor do universo chamava de Senhora, eu acho que posso chamá-la de Senhora. Não tem problema nenhum ser submisso a ela e a escravidão quer dizer isso. Então, todos os meu bens não são meus, é dela e isso vai fazendo com que a gente modele a nossa vida. Entenderam a docilidade, o método? Com aquele jeitinho de Mãe ela vai pedindo conversões e você vai dando passos. Essa é a questão espiritual, interna, que precisa ser vivida na consagração.
Como vivemos na prática essa entrega total, a pobreza espiritual da consagração?
Quando você tem uma amizade, como é este amigo de Maria? A amizade não é mais sua. O amigo ou amiga que você tem é de Nossa Senhora. Se você tem seu esposo, seus filhos, eles não são mais seus, são de Maria. Você não sabe o alívio que é isso. As pessoas dizem: Padre Paulo, o senhor formou muitos padres, olha, são seus filhos. Isso dá um medo por causa da responsabilidade. Então, já não é mais meu, é da Virgem Maria. Eu tenho minha parte na responsabilidade, mas devo perguntar: como é que ela quer que eu cuide dos filhos dela? Da mesma forma, tudo que nós fazemos, inclusive a nossa vida espiritual, devemos perguntar a Maria.
Por mais que sejamos pecadores, temos nossos méritos espirituais: o jejum que eu faço, a indulgência que eu recebo, o sacrifício que eu faço, a oração que eu faço. Eu vou rezar Missa, mas esta não é mais minha, é da Virgem Maria. Então, como é que ela se dirige a seu Filho? A oração é dela. O que ela pediria? Vou rezar ao Santo Padre Pio de Pietrelcina, mas a oração não é mais minha. Por isso, devo perguntar: que é que eu vou pedir? O que Maria pediria? Você precisa ter a consciência de que a sua vida de oração já não é mais sua, é da Virgem Maria. Na oração, devemos perguntar: o que Maria pediria? Pois a oração é dela. Maria pediria para livrar de tal cruz, de tal sofrimento? Ou pediria a graça para poder carregá-la?
Dessa forma, você vai fazendo seu exame de consciência, pois a vida de oração não é mais sua, é da Virgem Maria e os méritos que você acumular já não estão à sua disposição. Porém, a consagração não altera em nada os deveres no seu estado de vida. Eu, como Padre, preciso oferecer a Missa pelas intenções que vocês pedirem. Esse é o meu dever e isso não altera. Só que quando eu celebro a Missa, tenho intenções minhas. Então, eu ofereço a Missa a Virgem Maria. Ela vai oferecer a Missa para aquilo que ela quiser. Nós tivemos, no fim do jubileu do centenário da diocese, a benção papal, que foi concedida pelo nosso Arcebispo, por um decreto da penitenciaria apostólica e nós recebemos a indulgência plenária. Eu não posso recebê-la e dizer que ofereço a tal pessoa, porque é tudo dela. Ela sabe o que fazer.
Você pode rezar pelas pessoas. O que você não pode é oferecer. Você pode dar uma sugestão: lembra do fulano. Porém, quem vai decidir é ela. Devemos colocar tudo nas mãos dela, ter essa pobreza espiritual, pois, ela sabe onde melhor usar isso tudo, ela é a nossa estrategista, ela é o general. O soldado faz o que o general manda e fica quieto. Você quer ser um estrategista, você quer mandar, mas você faz parte de um exército. Por isso, você tem que por tudo nas mãos dela, e ela quem vai fazer. Ela é quem sabe o que é melhor. Nós devemos assinar a folha em branco e colocar na mão de Deus, mas a gente fica com o pé atrás, por causa do pecado original. Então, coloca na mão da Mãe, ela sabe o que vai fazer. Ela sabe o que é melhor pra você. Siga os conselhos dela e a coisa vai funcionar.
Este é o terceiro artigo da série “Como fazer a consagração?”, retirado de palestras do Padre Paulo Ricardo no I Consagra-te de Cuiabá, em 2011. Leia também o primeiro artigo, intitulado “Qual é o segredo para a felicidade?“, e o segundo, “Como entregamos os bens materiais a Virgem Maria?

Como entregamos os bens materiais a Virgem Maria?

Padre Paulo Ricardo nos fala como entregar tudo nas mãos de Nossa Senhora.
Como entregamos os bens materiais a Virgem Maria?Durante a preparação para a consagração, segundo o método do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort, podem surgir algumas dúvidas. Quais as coisas que vamos entregar? Como entregaremos tudo nas mãos da Virgem Maria? Essas são questões essenciais, pois na consagração entregamos tudo nas mãos de Nossa Senhora.
Como isso se dá na prática? Como vamos entregar nossos bens materiais a Nossa Senhora?
Na consagração, além dos bens espirituais, precisamos entregar também os bens materiais. Porém, isso não quer dizer que vou dar tudo para a Igreja. O que temos que fazer é entregar tudo para a Virgem Maria. A sua casa não é mais sua, é a casa de Nossa Senhora. Os seus bens, sua conta bancária, sua roupa, seus livros, tudo é da Virgem Maria. Isso muda a nossa vida porque temos que fazer constantemente um exame de consciência. Você vai a uma loja comprar uma roupa, você sabe que ela não é sua, ela é de Maria. Você é o escravo e vai comprar uma coisa para Nossa Senhora, para a sua Mãe.
E como era a Virgem Maria? Se você forem a Loreto, na Itália, lá está a casa de Nossa Senhora. Os cruzados levaram as três paredes de pedra da sua para a Itália. A quarta parede era uma gruta. Maria morava num casebre. Aquela pequena gruta era o quarto da Virgem Maria. Lá está escrito: hic Verbumcaro factum est (aqui o Verbo se fez carne), naquela gruta simples. Você está entendendo o que é morar numa caverna? Você vai começara perguntar assim: como eu vou decorar a casa de Nossa Senhora? Você não vai mais comprar as coisas para a sua casa, é a casa de Maria. Você vai olhar para um quadro e perguntar: será que Nossa Senhora vai gostar desse quadro?
Claro que você poderia fazer isso perguntando: será que Jesus gostaria desse quadro? Ou perguntar: será que Deus quer que eu compre isso? Você poderia fazer isso direto com Deus. Mas, fazendo com Maria você acrescenta um toque materno, um toque de delicadeza, um toque de ternura. Isso ajuda você que tem o pecado original e tem uma tendência de radicalizar as coisas de Deus, como se Ele fosse sanguinário, a ver que Maria tinha sua casa, simples mas era uma dona de casa. Ela sabia cuidar da sua casa e tornar um lugar aconchegante.
Se a gente tivesse como modelo João Batista, todos nós teremos que comer gafanhoto usar pele de camelo. Mas, como temos Maria como modelo, fica mais simples você decorar a casa de Nossa Senhora. Como é que ela gosta? Eu vou comprar um carro. Como é o carro que Nossa Senhora gosta de andar? Qual é a roupa que Nossa Senhora que para seu escravo? Este é o novo estilo de vida que a consagração nos oferece para sermos todos de Maria e, dessa forma, sermos todos de Jesus.
Este é o segundo artigo da série “Como fazer a consagração?”, retirado de palestras do Padre Paulo Ricardo no I Consagra-te de Cuiabá, em 2011. Leia também o primeiro artigo, intitulado “Qual é o segredo para a felicidade?“.

Como é que eu fico se entrego tudo a Maria?

Quem faz a consagração total a Virgem Maria entrega tudo a Jesus Cristo, por suas mãos. Porém, como ficam essas pessoas? Elas não ficam desamparadas?
Como é que eu fico se entrego tudo a Nossa Senhora?Algumas pessoas, quando conhecem melhor a consagração total a Virgem Maria, segundo o método do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort, ficam com medo de se consagrar. Parte delas teme que, entregando a Jesus, pelas mãos de Nossa Senhora, o valor de todas as nossas boas obras, orações, mortificações e esmolas, não poderão socorrer aos amigos, parentes e outras pessoas que queiram ajudar. Outras pensam que, entregando tudo nas mãos de Jesus por meio de sua Mãe, ficarão desamparadas no purgatório, sem ter como pagar pelos seus pecados.

São Luís responde à primeira questão dizendo que não acredita que nossos amigos, parentes ou benfeitores sejam prejudicados, depois “nos termos dedicado e consagrado sem reservas ao serviço de Nosso Senhor e da sua Santa Mãe” (TVD 132). O Santo chega a dizer que pensar isso é uma injúria ao poder e à bondade de Jesus e de Maria. Estes vão “socorrer os nossos parentes, amigos e benfeitores com o nosso pequeno tesouro espiritual, ou por outros meios” (TVD 132).
Além disso, a consagração total a Jesus por Maria não impede que se reze pelos outros, pelos vivos ou mortos, porém, a aplicação do valor das nossas boas obras depende da vontade de Nossa Senhora. Ao contrário, a devoção a Maria nos levará a orar com mais confiança, como uma pessoa rica que entregou toda a sua “fortuna a um grande príncipe, para o honrar melhor, suplicaria com mais confiança a este príncipe que desse esmola a algum dos seus amigos que lha pedisse” (TVD 132). Nosso Senhor e a Santíssima Virgem nunca se deixarão vencer em gratidão para com quem entrega tudo com o fim de Lhes honrar.
Certas pessoas podem temer sofrer muito tempo no purgatório por entregar o valor de suas boas obras a Virgem Maria. Porém, São Luís diz que “esta objeção, que nasce do amor próprio e da ignorância acerca da liberalidade de Deus e da Virgem destrói-se por si mesma” (TVD 133). Segundo ele, uma alma fervorosa e generosa, que valoriza mais os interesses de Deus que os seus, que entrega tudo a Ele sem reservas, sem poder dar mais, que só anseia e se sacrifica inteiramente pela glória e pelo Reino de Jesus por Maria, é para com essa alma generosa e liberal que “Nosso Senhor e sua Santa Mãe são mais liberais neste mundo e no outro na ordem da natureza, da graça e da glória” (TVD 133).
Assim, a consagração total a Virgem Maria não impede de modo nenhum que coloquemos intenções a favor de nós mesmos ou de outras pessoas. O que muda é que o valor satisfatório e meritório de nossas boas obras nós entregamos a Nossa Senhora, para que ela os administre e use conforme a vontade de Deus. Não devemos temer, pois entregando tudo nas mãos de nossa Mãe Maria Santíssima estamos nos confiando a quem o próprio Filho de Deus se confiou. Confiemo-nos totalmente, nos consagremos a Nossa Senhora, pois ela nos leva a Jesus Cristo e à salvação, ao Reino dos Céus.

A consagração dos filhos pelos pais é válida?

Os filhos que são consagradas pelos pais já são consagrados a Maria?
Existem vários tipos de consagração. A consagração pelo método de São Luís só existe se a pessoa se consagrar. A pessoa tem que se consagrar porque essa consagração a Maria é uma forma de viver melhor as promessas batismais. Já que é difícil viver essas promessas, amar Deus sobre todas as coisas, São Luís Maria ensina este atalho, que os santos viveram, que é fazer tudo através de Maria. Quando fiz minha consagração, entreguei tudo para Nossa Senhora, meu presente, meu passado e meu futuro. Entreguei meu pai e minha mãe, quer eles queiram, quer não, eles são de Maria. Tudo que eu posso dizer meu agora é dela. Se você se consagrou, seu filho é dela. Nesse sentido, ele está consagrado. A consagração feita no batismo, que precisa de um Sacerdote ou Diácono para selar a consagração é outra coisa.
Na consagração a Nossa Senhora, a presença de um Padre é boa, mas não é essencial. Se o seu Pároco não aceita a consagração, acha um exagero, não tem problema. Você faz sua preparação, conforme São Luís explica no Tratado, escolhe uma data, de preferência um dia mariano, vai na frente do sacrário, de preferência onde tenha uma imagem de Nossa Senhora e faça a sua consagração a Jesus por Maria. Se houver um sacerdote para testemunhar e assinar seu ato de consagração é melhor ainda, mas o que sela a consagração é a sua vontade, a sua entrega.
A palavra consagração tem vários significados. Quando eu faço a minha consagração, pelo método do Tratado, tudo que é meu eu entreguei. Uma pessoa que é consagrada segundo o método de São Luís também consagra seu filho, mas não é a mesma coisa a própria pessoa se consagrar. Se ele quiser, vai ter que se consagrar, pois uma coisa é consagrar o filho sem que ele saiba e outra é ele mesmo se consagrar com consciência da consagração que está fazendo. O valor espiritual da consagração pessoal é outro. (Pe Paulo Ricardo).

Esta é a oração que o Papa Francisco faz à Virgem Maria

  Cada um de nós poderia passar por momentos muito difíceis, as vezes perdemos de vista o horizonte e até caímos em desespero. Diante disso,...